A gastronomia equilibrada do chef Tiago Santos no novo Courage, em Aveiro

Chef Tiago Santos e o prato de bochecha de porco com puré. (Fotografia de Maria João Gala/GI)
O Courage leva a restauração de Aveiro para um novo patamar. A afinada comida que sai das mãos do chef Tiago Santos é um caleidoscópio de (boas) influências. E isso nota-se no aprumo dos sabores e no risco contido da ementa à disposição do comensal.

O aforismo “saber o que é correto e não o fazer é falta de coragem”, atribuído a Confúcio, assenta como uma luva no percurso de Tiago Santos. Aos 38 anos, o chef regressou ao ponto de partida para, com coragem, erguer o seu primeiro projeto em Aveiro. Foi aqui que, há duas décadas, deu os primeiros passos na restauração. É aqui que, hoje, lidera o Courage (ler em francês), um restaurante que, segundo Tiago, pretende “oferecer comida de conforto” aos clientes num “bistrô em que tudo é feito com pés e cabeça”.

O percurso de Tiago é rico: depois de concluir o curso na Escola de Hotelaria e Turismo do Fundão, trabalhou em Londres e em Itália. Regressado a Portugal, aprimorou os dotes ao lado dos “estrelados” Ricardo Costa (Casa da Calçada, em Amarante, e Yeatman, em Gaia) e Rui Paula (Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira). Oficiou no Sublime Comporta, antes de se juntar ao irmão Bruno, empresário da construção, e a Maria Soares, dona de espaços de restauração em Aveiro.

O Courage é o resultado feliz de uma fusão de conhecimentos: o espaço, acolhedor e com patine, quadra na perfeição com a cozinha transversal e apurada de Tiago Santos: “A comida que oferecemos tem várias raízes. Mas é equilibrada. Tal como um músico não pode tocar apenas aquilo que lhe apetece, também um cozinheiro tem que saber ler a clientela”.

As hostes abrem com uns estaladiços croquete de alheira (referência a Trás-os-Montes, região de origem do pai) e rissol de carne em pão panko. Segue-se cabeça de xara (o Alentejo no seu melhor) em pão japonês com maionese e germinado de coentros. É, contudo, o afinadíssimo Brás de bacalhau que eleva a experiência. O jus que acompanha a bochecha de porco com puré de nabo e berbigão de Aveiro obriga a nele mergulhar o pão, para sorver tudo o que nos é oferecido. O repasto fecha em grande com uma a tarte de citrinos com merengue italiano.

Único senão: a garrafeira é escassa para tanto sabor. O que não atrapalha a certeza de que Tiago está a fazer o que é correto. E com coragem.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend