8 sopas para aquecer o estômago neste outono

Caldo verde da Casa Guedes. (Fotografia: Artur Machado/GI)
Se o tempo pede consolos de canjas, açordas, caldos e sopas, vamos a eles. Um outono chuvoso pode tornar-se uma estação de boas memórias, daquelas que nos chegam a fumegar em tigelas, pratos e até jarros, como vai poder conferir nas páginas que se seguem. São sopas que emanam aromas e aconchegos saídos da tradição portuguesa ou internacional ou ainda da pura criatividade dos cozinheiros. Há sabores bem familiares, outros exóticos e outros ainda inesperados. Quem uma boa sopa melhora o ânimo, não temos dúvidas. Vá saber como nos pratos que se seguem.

1 | Creme de tomate no Pizza Piazza, Porto

(Fotografia: Artur Machado)

Um veludo de aromas

Aveludado e aromático. Assim é o delicioso creme de tomate do Pizza Piazza, um dos ex-líbris desse restaurante familiar, que nasceu nas Antas mas tem também morada no Pinheiro Manso. Tanto numa como noutra casa é certo encontrar a especialidade, de sabor apurado e consistente. A receita, que chega à mesa coroada com uma folha de manjericão e um fio de natas, é assinada pelo chef Luís Américo, que criou a carta original do Pizza Piazza, em 2014. Mas à frente do projeto está Francisco Amorim, defensor de que o segredo do sucesso está em «não inventar muito, mas apostar na qualidade dos ingredientes», sempre frescos. Além do creme, ideal para começar a refeição, o restaurante é ainda afamado pelas pizzas, de massa fina e estaladiça, as massas frescas e os risotos.

PARA TODA A FAMÍLIA Ambos os restaurantes estão instalados em zonas residenciais, com com espaço exterior para as crianças brincarem.

2 | Canja de Santola no São Gião, Guimarães

(Fotografia: Paulo Jorge Magalhães/GI)

O mar na carapaça

A sopa de peixe é um dos clássicos da ementa do São Gião, instituição de referência em Moreira de Cónegos, liderada há 35 anos pelo chef Pedro Nunes. Mas, ocasionalmente, é substituída por uma apetitosa canja de santola, que não lhe fica aquém. Rica e reconfortante, servida na carapaça do crustáceo, com pedaços do dito e algas, acompanhada por um disco de massa folhada. O mar no prato. De resto, como acontece com outras das especialidades que o chef prepara – caso do colarinho de pescada – numa ementa que vai mudando quase diariamente. Nas sugestões também há lugar para os produtos da terra, como o peito de pato com molho de frutos vermelhos, o cabrito e os rojões de porco ibérico. «É um restaurante de comida de panela, comida que eu gosto. Tentamos é que tudo seja bem feito, e que tenha sabor», define o chef.

PEIXE FRESCO DA LOTA O peixe e marisco fresco é peça forte naquela cozinha – o chef vive em Leça da Palmeira e todas as manhãs vai à lota de Matosinhos escolher o melhor pescado do dia.

3 | Canja à moda antiga no Scala Palace, Porto

(Fotografia: Rui Oliveira/GI)

Tradição irresistível

No Scala Palace há sempre canja, independentemente da estação do ano, e chega a ser confecionada duas e três vezes num dia, para responder à procura. Leva frango de campo certificado, massa em forma de pevide e ovo, e é feita da forma “mais tradicional possível”, sublinha o responsável pela casa, Adriano Cardoso. O prato é pedido por gente de todas as idades – nem algumas figuras públicas lhe resistem. Este misto de restaurante, snack-bar e marisqueira, com perto de 200 lugares à mesa, tem um aspeto acolhedor e requintado, que inclui candeeiros em folha de ouro, alabastro e latão; mas não dispensa os ecrãs, para se ir acompanhando os jogos de futebol. Esse desporto, como a canja, já tem lugar cativo.

RISSÓIS No Scala Palace têm fama também os rissóis, com quatro recheios diferentes: carne arouquesa, camarão, marisco e leitão.

4 | Sopa de caril no Boa-Bao, no Porto e em Lisboa

Marisco e aromas asiáticos

A sopa de caril da Malásia com marisco e noodles de ovo é um dos pratos mais pedidos no pan-asiático Boa-Bao. Está no menu desde o primeiro dia e lá deverá continuar. A também chamada laksa, ou katong, feita com caril e leite de coco, contém uma seleção de marisco fresco que pode incluir camarão-tigre, mexilhão, amêijoas ou lingueirão. Na sua origem estiveram chineses que se fixaram na Malásia e foram acrescentando à base das sopas clássicas da China técnicas e produtos locais, como especiarias ou noodles de trigo. Esta proposta integra a secção de “sopas grandes” da casa, pelo que deve ser encarada como refeição principal – pronta, também, para ser partilhada. É servida nos restaurantes de Lisboa, Porto e Barcelona. CF

PET-FRIENDLY Os animais de companhia são bem-vindos e até têm direito a taças de água, a pedido. Basta cumprir algumas regras, como estarem com trela curta.

5 | Sopa de peixe no Meia-Nau, Matosinhos

Aconchego marinho

Cremosa, rica e saborosa. A sopa de peixe do restaurante Meia-Nau é conforto numa tigela, com o sabor a mar conseguido graças aos três peixes que leva. Normalmente, são salmão – esse não falha -, robalo e dourada. Quando não há fresco um dos dois últimos, substitui-se por garoupa. A eles, junta-se pimento verde, pimento vermelho, tomate e cenoura. Passa-se com a varinha mágica até ficar um creme, e depois por um coador chinês, tendo o cuidado para manter intactos alguns pedacinhos de peixe. Ao fim de uma hora, o creme está pronto para encher as tigelas dos clientes. Quando vai a empratar, polvilha-se a sopa com ovo cozido raspado, coentros, uma tosta e mexilhão. Alguns clientes, após a especialidade, prosseguem a refeição com peixe-galo frito com açorda de ovas, arroz de marisco ou peixe fresco grelhado mas há quem peça esta sopa elaborada pela chef Helena Rodrigues como prato principal.

FONDANT DE CARAMELO A doçura do pequeno bolo, servido ainda morno, fofo por fora e muito cremoso por dentro, casa na perfeição com o sabor cítrico da bola de sorvete de tangerina que o acompanha.

6 | Pho Hanói de carne de vaca no VietView, Porto

(Fotografia: Igor Martins/GI)

O caldo da saudade

A sopa é tudo para os vietnamitas, que a comem logo de manhã, ou a qualquer hora do dia, quando estão cansados ou a precisar de conforto. E assim era para a vietnamita Ha Nguyen, que procurava sempre um lugar onde comer um pho – a sopa tradicional do Vietname – nos países onde viveu com o marido brasileiro, Fábio Campos, e as duas filhas, desde a Ásia até à América Latina. O casal acabou por se apaixonar pelo Porto e ali se instalar para abrir, em abril passado, o VietView. Este que foi o primeiro restaurante vietnamita da cidade inspira-se na comida de rua de Hanói, tanto na carta – com Ha a criar pratos populares do seu país com alguns ingredientes portugueses – como na decoração. Uma das estrelas do cardápio é o pho (diz-se “fô”), um caldo delicado com carne, massa de arroz, especiarias e ervas. É profundamente aromático, com um travo picante, simultaneamente fresco e quente, com um sabor exótico e ao mesmo tempo familiar para o gosto português – o que deriva da sua base, uma vez que o pho começa com um osso de vaca levado a cozer durante cinco horas. É servido em duas versões (dose normal e dose maior) e, tanto pelo volume como pelo sabor, chega como reconfortante refeição.

Almoço por 12 euros Ao almoço, há um menu por 12 euros, que inclui um prato (entre três à escolha) e uma bebida.

7 | Papas de sarrabulho n’O Buraquinho, Porto

Abundância à moda antiga

Não se sabe quantos anos terá esta receita de papas de sarrabulho que todos os dias, principalmente agora no tempo frio, chega abundante às mesas de O Buraquinho, acompanhada por uma fatia de broa. A receita vem dos tempos do senhor Artur e da sua mulher Ana. Quando passou a casa para Sérgio Costa e Marta Quitério, em 2015, esteve dois meses a “deixar o legado” à nova geração. E não há segredos, “utiliza-se a água da cozedura das carnes, orelheira e bucho, farinha, vinho tinto, carne de porco picada e sangue do mesmo”, diz Sérgio. Na hora de servir, acrescenta-se pedacinhos crocantes de torresmo e polvilha-se com uma boa dose de cominhos. Uma sopa forte para dias de outono e inverno, que agrada principalmente a uma geração mais velha, que desperta a curiosidade dos turistas e estimula o gosto “jovens que gostam de arriscar” em sabores hoje em dia menos habituais.

ESPADAL Para acompanhar as papas de sarrabulho, a casa sugere uma caneca de vinho da Mêda, um espadal rosé, fresco, que ajuda a equilibrar o sabor intenso da sopa.

8 | Caldo verde na Casa Guedes, Porto

(Fotografia: Artur Machado/GI)

Couve galega e um segredo

No novo espaço da Casa Guedes, a uns metros do original, não há mãos a medir para atender a clientela que não para de entrar para comer os clássicos da casa. Entre eles, está o caldo verde – uma das três sopas do cardápio, a par das papas de sarrabulho e da sopa de legumes. A receita, como das restantes, é a mesma da casa-mãe, garante César Correia, que no novo espaço continua a tratar do pernil para as famosas sandes. Couve galega, batata, a chouriça e o azeite são os ingredientes principais. E há um elemento secreto que César não revela. “Está lá mas não se vê”, garante. A sopa é servida em tigela e, uma novidade, também em copo. Quando os clientes se sentam, um funcionário vai à mesa, com uma bandeja, onde estão vários copos e um jarro. Nos copos encontra-se a couve já cozida. Do jarro sai o creme de batata, que se serve à mesa, em frente do cliente.

NOVA CASA No novo espaço da Casa Guedes há uma nova sandes – de pernil com abacaxi – e vários pratos quentes, como picanha à brasileira, peito de frango com molho de mostarda e arroz de frutos secos ou coxa de pato confitada com mel, laranja e hortelã.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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