4 boas francesinhas para descobrir em Lisboa

Alentejaninha do restaurante Intimista (Fotografia: Pedro Rocha/GI)
Na capital também há francesinhas com pronúncia do Norte e ainda algumas adaptações, com pão de fermentação lenta, por exemplo. Ou até uma nova versão inspirada nos produtos mais nobres do Alentejo.

1 | Marco Cervejaria
Sucesso começou a Norte

Esta é uma história de sucesso que começou há duas décadas a norte, com a primeira casa a abrir em Vila Nova de Famalicão, e que se alargou depois à Grande Lisboa, com uma segunda casa em Odivelas, há dez anos, e em Santos, há cinco. É também do norte que chegam as salsichas e linguiças frescas que se usam para os quatro tipos de francesinhas que a Marco Cervejaria serve, para assegurar a qualidade do produto. A mais tradicional, descrita na carta como a «berdadeira», propositadamente com «b», leva ainda bife, queijo, fiambre, mortadela, ovo e batata frita, descasada à mão. Vem servida numa travessa de barro e o molho vem numa taça à parte, para que cada um use e abuse o quanto queira.

A esta versão, que é a mais pedida, juntam-se outras como a Especial, que junta ainda linguíça fumada, a Lady, com tomate, alface e bacon como extras, ou a Red Dragon, com molho muito picante. O restaurante em Santos, de dois pisos, é amplo e pode acolher grupos ou famílias, e por isso mesmo também aqui se prova a versão mini da sua francesinha, reduzida em tamanho e preço, a piscar o olho aos mais novos. Se o São Pedro cooperar, vale a pena provar qualquer uma delas na esplanada do Marco, junto ao Jardim Nuno Álvares.

Os rissóis da casa
Os rissóis de carne, bem recheados, que se servem como entrada são um bom começo para uma refeição. Estão sempre a sair.

 

2 | Meat Me
Uma francesinha no Chiado

Tomás Pires ainda se lembra com que idade terá provado a sua primeira francesinha: aos 10 anos. A viver nas Antas, bem no coração do Porto, não tinha como não cruzar-se com a sanduíche mais famosa da cidade, por incentivo do pai, que o levava ao histórico Café Velasquez. “Sempre foi o sítio onde ia comer francesinhas”, conta o chef do Meat Me, momentos antes de preparar mais uma série delas para servir à hora de almoço.

O prato entrou como opção diária, apenas às terças-feiras, mas tem colhido tão boa aceitação que está em cima da mesa prolongar-lhe a vida para o mês de novembro.

Não se trata, porém, de uma réplica das tradicionais francesinhas, apesar de ter a mesma base. “O nosso pão é de fermentação lenta, o ovo que pomos é feito a baixa temperatura, a carne que cozemos é mais parecida com o que se faz no Porto. Leva bife do pojadouro. Depois leva o queijo, o fiambre e a linguiça”, explica o chef.

“O molho é feito com a base dos molhos da francesinha mas também é a minha interpretação”, continua – e é intenso, com um sabor a marisco mais presente. Mais uma vez, feito segundo o gosto do jovem chef que está à frente do Meat Me, aberto este verão no Chiado.

Nova esplanada
O Meat Me abriu recentemente uma esplanada, mesmo em frente, em que há uma carta própria para comer e beber à vontade.

 

3 | Dom Tacho
À conquista da capital

Quando António e Joaquim chegaram a Lisboa para estudar, já lá vão umas décadas, não havia por lá francesinhas. Já no Porto tinham contacto com espaços pioneiros que serviam aquela que era ainda uma recente iguaria da cidade.

Lembram-se do Mucaba, uma das casas que popularizou a francesinha, da Regaleira, onde foi criada, e, perto da zona onde cresceram a Gambamar (hoje Marisqueira do Porto) ou o Capa Negra. E tantos anos a viver em Lisboa, não lhes tirou o hábito de comer francesinha. Aliás, António, antes de, há 15 anos, abrir o Dom Tacho com o irmão, já fazia francesinhas em casa. E Joaquim tem até receita para quatro molhos diferentes.

Dom Tacho (Fotografia: Carlos Costa/GI)

Quando abriram o espaço, o sucesso não se fez esperar. Os lisboetas gostaram e mesmo pessoas do norte começaram a ir lá testar a fama da francesinha. “O que é mais difícil e também o que nos dá mais gozo é quando vêm cá pessoas que sabem o que é uma francesinha a sério. Há pessoas que vêm do Porto de propósito experimentar”, conta. O sucesso é tanto que a casa está muitas vezes lotada.

O segredo é mesmo servirem uma francesinha como se serve no Porto, sem invenções. No recheio não falta o bife, a salsicha fresca, a linguiça e uma fatia de mortadela. O molho – igual ao que era quando abriram as portas da casa – tem os seus segredos e aqui é servido mais ou menos picante, conforme o gosto do freguês. A cerveja também está em destaque, com oferta de várias referências portuguesas e internacionais.

Três espaços
Começou por ser um pequeno snack bar com esplanada, mas com a cada vez maior afluência de clientes, o Dom Tacho expandiu para o espaço ao lado, um antigo bar. Ideal para jantares de grupo.

 

4 | Intimista
Nome de código: Alentejaninha

Esta é, porventura, a francesinha mais alentejana do país e a menos portuense das francesinhas que se comem em Lisboa. Confuso? Miguel Marçalo, chef do restaurante Intimista, explica. “Foi uma ideia minha. Sou grande apreciador de francesinhas e vou muitas vezes ao Porto, conheço muitas casas de francesinhas. Em Lisboa, tinha dificuldades em comer uma francesinha como deve ser”.

Vai daí, decidiu criar a sua, mas com os «produtos mais nobres» do Alentejo. Daí o nome. Em vez de levar bife de vaca, leva secretos de porco preto. No lugar do fiambre, presunto e paiola de cachaço. Em troca do chouriço, paio. Salsicha caseira ao invés da habitual. Queijo de ovelha curado e um topping com rodela de farinheira, morcela e linguiça também entram na receita.

Até o pão, neste caso, é alentejano, em substituição do habitual pão de forma. Entre a ideia e o resultado que chega à mesa decorreram os necessários ajustes. «Tive de reduzir o tamanho, ficava melhor mas era mais enfarta-brutos», admite o chef. Já no molho picante (esse sim, feito de acordo com a receita original), o chef decidiu usar malagueta biológica.

O prato estreou-se no Intimista no final de março e desde então mantém-se na carta colecionando elogios, conta Miguel Marçalo. O dono do restaurante, Joaquim Loureiro, apoiou a empreitada desde o primeiro momento e, juntos, contam que as opiniões têm sido positivas. «Já me disseram que foi a melhor que comeram», atesta o chef, notando que muitos dos clientes que lá vão até são do norte.

Vinhos e petiscos
A carta tem petiscos alentejanos e pratos de porções individuais. Para beber, pode escolher-se de entre mais de 100 referências de vinhos alentejanos.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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