Odemire-se com tanta tradição e cultura

Aventurar-se pelo concelho de Odemira é partir à descoberta de uma vasta tradição e cultura. Explorar um moinho de vento, conhecer quatro portinhos de pesca ou visitar aldeias brancas e floridas, são convites irrecusáveis para momentos muito bem passados.

Sem itinerário, hoje a viagem começa à boleia da diversidade natural e riqueza cultural de Odemira. Num território tão único como este, seguimos em direção ao ponto mais ocidental da Costa Alentejana. Aqui, o mundo abranda até quase parar. A brisa diurna faz esquecer preocupações, correrias e más disposições. A beleza esmagadora e a paz inebriante obrigam-nos a uma introspeção pessoal. Esqueça o tempo. Faça tudo ao ritmo do voo planado de uma ave, do ar ameno, do andar mole e relaxado dos habitantes. No Alentejo, seja alentejano.

Para atingir o Cabo Sardão passamos pelo Cavaleiro, aldeia pouco badalada, mas onde a pesca à linha do Sargo tem uma presença constante e os percebes têm mais sabor do que em qualquer outro sítio da Costa Sudoeste. Chegámos. Caminhe até ao imponente farol, construído em 1915, até ver a falésia. É impossível ficar indiferente perante as imponentes escarpas cavadas a pique em direção a um mar possante e ao mesmo tempo sereno, ou confrontado com um horizonte de planícies infindáveis, cobertas por uma vegetação rasteira e verdejante.

Aproveite e fotografe os ninhos de cegonha nos penhascos, dignos de uma capa de revista, que apenas nesta costa escolheram o seu local de nidificação. Não é de estranhar. Este é um lugar de reconciliação absoluta com a paisagem terrestre e marítima onde todos são bem-vindos. A calma apodera-se da alma mas andemos que se faz tarde. Odemira não só é o maior concelho do país como o que mais cresceu a nível populacional na última década. Seguir pela serra, rios ou junto à orla marítima é uma escolha sua. O destino será sempre seguro e singular.

Próxima paragem? Os quatro portos de pesca que merecem uma visita demorada: Portinho do Canal (Vila Nova de Milfontes), Lapa das Pontes (Almograve), Entrada da Barca (Zambujeira do Mar) e a Azenha do Mar. São portos de pesca pequenos, encaixados entre as falésias, onde se pratica a pesca artesanal do sargo, do robalo, do pargo ou da dourada. As espécies aqui capturadas são de grande valor comercial e elevado grau de frescura. Os crustáceos são igualmente apetecíveis, destacando-se as famosas navalheiras e os percebes.

No total, contam-se cerca de cento e cinquenta pescadores, para uma frota de setenta e cinco embarcações, que se dedica à pesca artesanal e mantém as caraterísticas das embarcações mais antigas – de pequenas dimensões, boca aberta e casco de madeira. A tradição mantém-se viva, com métodos e técnicas de pesca próprias, adaptadas às condições naturais das falésias. Está explicado porque muitos turistas elegem como destino de férias esta parcela do território nacional, que alia a boa gastronomia a uma paisagem rica e diversificada.

Outra paragem obrigatória é a aldeia de S. Luís, antiga povoação que dedica a sua interessante igreja à Ordem de Santiago. Um passeio pelas ruas encantadoras permite descobrir um mercado feito em taipa (técnica ancestral de construção com terra) e a tradição num pequeno restaurante que junta a destilaria e arte do ferrador. Nas ementas de almoço constam os melhores sabores do mar. Do interior, os sabores da carne, da feijoada e do cozido de grão mas também enchidos, queijos, pão, mel, vinho e a icónica aguardente de medronho. Bom apetite!

De volta às estradas do concelho de Odemira vai encontrar um tranquilo interior onde as pessoas simpáticas das vilas o vão saudar simpaticamente. Cumprimente as aldeias genuínas, de cal vestidas, com interessante património religioso e civil. Na aldeia secular S. Martinho das Amoreiras, rodeada de verde e frescura, a imponente Igreja Paroquial marca o tempo e a paisagem. Mesmo ali ao lado, na única padaria da aldeia e da zona, é feito o “melhor pão do mundo” — segundo as gentes da região. Depois de dois dedos de conversa, seguimos viagem.

Pelas ruelas apertadas, já se ouve a viola campaniça. Única no toque, no som e na afinação, é uma pura tradição cultural enaltecida no Centro de Valorização da Viola Campaniça e Cante de Improviso, com aulas para miúdos e graúdos de cante ao baldão, improviso e poesia popular. Outro local de descoberta da viola campaniça é a Oficina do Mestre Daniel Luz, na vila de S. Teotónio, onde o artesão e artista ensina a construir esta viola e partilha a sua sabedoria. Na app “Descubra Portugal”, também pode consultar a agenda de atuações desta viola ao vivo.

Rumo ao interior, os nossos sentidos conduzem-nos para a vila de Colos, antiga sede de concelho. Nesta freguesia pode (e deve) visitar o Miradouro da Senhora das Neves. Que vista soberba! Em qualquer das direções, lá está a serra e planície, o mar e as praias. De mãos dadas com a tradição, o moinho de vento de Odemira é a nossa última paragem. No alto do Cerro dos Moinhos Juntos, está em pleno funcionamento de acordo com a tecnologia mais tradicional e merece uma demorada visita para recuar no tempo e descobrir recantos da cultura odemirense.

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