O conceito do Tão Longe Tão Perto, bar de vinhos aberto em junho em Gaia, nasceu no Brasil por pessoas apaixonadas por vinhos e sustentabilidade. Ariel Kogan, argentino de Mendoza, cidade de vinho, mudou-se para o país vizinho e percebeu que os brasileiros viam aquela bebida de forma “elitizada”, conta à Evasões. Isso incomodou-o e decidiu, a par do trabalho como engenheiro industrial, dedicar-se à importação de vinhos. Começou a ter sucesso e criou a food truck Los Mendozitos. “Em São Paulo, o movimento de food truck chegou com força. Começámos a vender vinho de pequenos produtores em copos de acrílico. Há 12 anos, isso era disruptivo”.
O projeto tremeu com a pandemia. Duas semanas antes do confinamento, Ariel tinha ido a Mendoza com três sommeliers – Gabriela Monteleone, Daniela Bravin e Cássia Campos – visitar produtores. Quando tudo fechou, não sabia o que fazer. “A Gabriela sugeriu começarmos encontros online com os produtores que tínhamos visitado”, conta. As garrafas eram enviadas para os participantes e na sessão provava-se e comentava-se. Os encontros Tão Longe Tão Perto foram um sucesso e acabaram transformados no livro “Conversas acerca do vinho”.
Durante os confinamentos aumentaram os pedidos de entrega: “Comprávamos barris e enchíamos garrafas para enviar”. Já com o comércio a regressar ao normal, pensou abrir casa própria. O bar Tão Longe Tão Perto nasceu, então, há pouco mais de um ano, numa esquina do bairro cultural Barra Funda, em São Paulo. O salto para Portugal não demorou e à frente do espaço estão Carolina e Carlos Chaves. “O Carlos é irmão da minha esposa e no Porto trabalhava na área financeira. Queria mudar de vida e eu introduzi-o no mundo dos vinhos.” Decidiram abrir na Rua General Torres, local sobranceiro ao rio e com vistas para o mesmo. Aqui, uma parede de granito, mesas altas, um sofá e as torneiras fazem do minimalismo o apelo.
Das torneiras saem seis vinhos de quatro pequenos produtores: Textura (Dão), APRT3 (Lisboa), Javali (Douro) e Pormenor (Douro). Todos eles têm em comum serem vinhos de pouca intervenção e lotes que os produtores não têm em garrafa, por isso, só se podem beber aqui. Há dois brancos, dois tintos, um rosé e um laranja.
Quem quiser pode comprar um growler (em vidro, reutilizável), de meio litro ou de um litro, e encher para levar para casa. “Quando os barris terminarem, vamos apresentar outros.” Para acompanhar, há queijos e enchidos também de pequenos produtores. Os primeiros são da Ponte dos Cavalheiros (serra da Estrela), os segundos alentejanos, do projeto Absoluto.
Longitude : -8.2245