Quinta de Lemos e Mesa de Lemos. Tecidos, vinhos e uma estrela Michelin

Quinta de Lemos e restaurante Mesa de Lemos, em Silgueiros, Viseu. (Fotografia de Maria João Gala/GI)
A partir de um negócio bem-sucedido de tapetes e atoalhados, a família de Lemos expandiu horizontes e hoje tem uma quinta onde faz vinho e funciona o Mesa de Lemos, restaurante com estrela Michelin, dirigido pelo chef Diogo Rocha.

O que hoje é a marca de luxo Abyss & Habidecor começou como um pequeno projeto numa garagem em Viseu. Celso de Lemos, vindo de uma família modesta e um de sete irmãos, foi estudar para a Bélgica por sugestão da mãe Georgina. “A minha bisavó fazia tecidos em casa para poder vender no mercado”, conta Manuel de Lemos, neto de Celso, agora envolvido no projeto da Quinta de Lemos, onde se produz o vinho que se serve no restaurante estrela Michelin do grupo.

Foi Georgina que lhe disse: “Vai lá para fora, traz ideias e experiências e volta”. Foi o que fez. O filho apanhou o comboio sem saber quando voltava. “O destino foi a Bélgica, onde eu nasci”, conta Manuel. Lá, Celso estudou Engenharia Têxtil e tornou-se um dos melhores alunos. “Acabou por se casar com a colega Paulete, uma das duas mulheres que frequentavam o curso.”

Seguiram-se estágios em empresas na Bélgica e na França. Voltou para Portugal e começou a Habidecor, em 1978, com quatro funcionários, na garagem da mãe Georgina. “Cresceu muito rapidamente. Hoje a empresa faz toalhas, tapetes, lençóis e roupões”, diz o neto.

A identidade dos produtos é “a delicadeza”. A costura é feita “ao pormenor, tudo devagar para ter mais qualidade. Preferimos durabilidade à quantidade”. Tendo entrado diretamente no mercado de luxo, hoje a empresa tem como clientes Justin Bieber, Cristiano Ronaldo, Barack Obama.

A história do primeiro grande negócio da família é contada num passeio pela Quinta de Lemos, em Silgueiros, adquirida em 1997. “O meu avô comprou esta quinta, no início com apenas dez hectares. Hoje, são 25 em propriedade e 25 em vinhas.” Estas foram todas replantadas. Apostaram na Touriga Nacional, que ocupa 60% do terreno. Segue-se a Tinta Roriz (20%), o Jaen (10%) e o Alfrocheiro (10%). Para os brancos, usam Encruzado e Malvasia.

Na adega, as uvas são transformadas em várias referências pelo trabalho do enólogo Hugo Chaves. Há quatro monocastas e três blends batizados com o nome das mulheres da família: Dona Georgina, Dona Santana e Dona Louise. Além disso, há o Dona Paulete, 100% Encruzado. Também daqui saem os espumantes branco e rosé Geraldine.

Estes e outros vinhos aqui produzidos acompanham a refeição no Mesa de Lemos, restaurante estrela Michelin, também sonhado por Celso de Lemos. Aberto em 2014, teve sempre à frente da cozinha o chef Diogo Rocha, seu conterrâneo do Dão. Em 2019, a qualidade foi reconhecida pelo Guia Michelin que o distinguiu com uma estrela, que mantém até hoje.

A proposta é trabalhar o produto local, a sazonalidade e homenagear várias regiões do país. É dada prioridade aos produtos que saem da quinta – como os vinhos, únicas referências da carta – e vegetais. Normalmente, é um deles que brilha nas boas vindas do chef, iniciando o menu de degustação de seis momentos. Atualmente, é a couve-flor a protagonista deste autêntico festival de finger food. Em pickle, em croquete, em mousse ou souflé, são nove surpresas que preparam o estômago para o que se segue no Menu Lemos.

O peixe destaca-se em quase todos os pratos. Opção justificada pelo chef: “Costumo dizer que isto é um falso interior, pois estamos a apenas 80 quilómetros do mar, à mesma distância do ponto mais alto da Serra da Estrela. Recebo peixe fresco todos os dias, tal como a pessoa que está em frente ao mar”.

Destes, saliente-se o prato de peixe-galo, com açorda de míscaros e um guloso molho de vinho. “Eu não sou um bom garfo, sou uma boa colher”, brinca Diogo Rocha, admitindo que gosta de comida gulosa, com sabor, como este molho confecionado com vermute, vinho branco, espumante, Porto branco seco e caldo de frango e de peixe. “Às vezes são as misturas improváveis que melhor funcionam”, admite. O bacalhau é também incontornável aqui, bem como o regional cabrito, da Serra do Caramulo. Para fechar, há requeijão da Serra da Estrela e banana da Madeira em versão gelado. A carta de inverno estará disponível ainda durante o mês de março.

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