Novo museu de Gaia tem mais de 500 vinhos (e não só)

O 17.56 – Museu & Enoteca é uma viagem no tempo pela Real Companhia Velha e pela produção dos vinhos do Douro. Fica no cais de Gaia, inclui museu, loja de vinhos e enoteca com prova de vinhos e petiscos, e tem inauguração prometida para o próximo dia 30 de agosto.

Percorrer os dois séculos de história da Real Companhia Velha é também recapitular a história dos vinhos do porto e do Douro. A empresa, fundada em 1756, foi oficializada com alvará régio de D. José I, e este é um dos documentos históricos que podem ser vistos no 17.56 – Museu & Enoteca, o novo centro de visitas da casa produtora de vinhos, no cais de Gaia. «Pretende-se materializar a missão da empresa, tendo como foco a primeira demarcação», afirma Pedro Silva Reis, presidente da Real Companhia Velha.

É a data da demarcação da primeira região vinícola do país que dá nome ao espaço. O núcleo museológico divide-se por capítulos e arranca com a criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, impulsionada pelo Marquês de Pombal para fazer frente à crise de 1670.

Segundo Pedro Silva Reis, esta «surgiu depois do sucesso do vinho do porto em Inglaterra», que levou à produção adulterada e consequente descrédito. «Havia necessidade de regulamentação e de demarcação», que viria a concretizar-se através dos marcos pombalinos – e ali se encontra-se um exemplar dessas estruturas de granito em exibição, a par de outros objetos que contam a história da empresa, do vinho e do país, entre eles um retrato de D. José I cedido pelo Museu Hermitage de São Petersburgo, stencils utilizados para marcar caixas e pipas de vinho, e uma montra que mostra a evolução gráfica dos rótulos da casa.

Esta viagem no tempo é feita através do vasto acervo da empresa, mas ganha dinâmica pela interatividade que vai marcando o decurso da exposição, por exemplo, na possibilidade de folhear a versão digital do alvará régio, o mapa com botões que permitem distinguir as vinhas em socalco e um mapa-mundi interativo com gavetas que, ao abrir, mostram a presença internacional da RCV. Há ainda um pequeno auditório onde o público pode assistir ao filme Vinhos de Portugal no mundo (1955), de António Leitão.

A saída do museu dá para a loja do piso 0, que apresenta uma vasta seleção de vinhos da Real Companhia Velha bem como outros vinhos portugueses e de outras regiões do Velho Mundo. Há, também, uma sala de provas integrada na loja, um espaço pequeno que se destina a «grupos turísticos que venham em tours com tempo limitado», diz Pedro Silva Reis. Os restantes poderão seguir para o piso 1, galgando o lanço de escadas rolantes que ocupa o centro do moderno edifício, já que «todos têm direito a uma prova quando adquirem o bilhete para o museu». O salão de visitas foi, segundo o presidente da RCV, inspirado por visitas a wine bars e enotecas em diversas capitais mundiais do vinho.

A decoração é sóbria e elegante, sem abdicar do conforto. Na sala principal, há sofás, mesas e cadeiras que preenchem o lounge amplo e luminoso que se vai abrindo até ao terraço. Lá fora, vislumbra-se o outro lado do rio, o amontoado de casas coloridas da Ribeira e marcos da cidade como a Torre dos Clérigos. Ao mesmo tempo que se aproveita a brisa do cais, está disponível a carta de petiscos e vinhos daquele que é «não um restaurante, mas um espaço de degustação», sublinha Pedro Silva Reis.

«Vinho é gastronomia, mas a gastronomia não é apenas vinho», pelo que o piso superior da enoteca tem uma vasta oferta, a começar pela queijaria com uma seleção de 50 variedades, dez das quais portuguesas.

O wine bar fica logo ao lado e tem balcão aberto com lugares a toda a volta, encimado por uma estrutura de madeira que faz lembrar as vigas de um rabelo e que serve de expositor de garrafas. O raw bar foca-se nos peixes e mariscos frescos e adiciona mais lugares em redor do segundo balcão. A enoteca inclui ainda uma steakhouse com carnes maturadas, sanduíches gourmet e charcutaria.

Entre os petiscos disponíveis estão a sopa rica de peixe, cremosa e adocicada, o arroz de lavagante, feito num caldo saboroso, e a seleção de carnes maturadas, com vários cortes de carne macia e suculenta. Para acompanhar, uma carta de vinhos com 515 referências, trezentas das quais com o carimbo da casa.

Há ainda duas salas privadas para provas de longa duração e um cigar club, para quem aprecie a harmonia entre o charuto e o cálice de porto. «Queremos que este seja um lugar obrigatório para qualquer amante do vinho do porto», reitera Pedro Silva Reis. E, embora o espaço seja grande, está cheio de recantos aconchegantes onde, com ou sem vista para o rio, apetece demorar.

 

Artigo atualizado às 11h30 de dia 21 de agosto com a data prevista de abertura, dia 30 de agosto.

 

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