«A força da paisagem vai ajudar à afirmação dos vinhos do Douro»

Abílio Tavares da Silva, produtor e proprietário da Quinta de Foz Torto, no Douro
Abílio Tavares da Silva tinha um sonho. E está a cumpri-lo desde o ano 2000, altura em que se desligou da informática e vendeu as suas empresas em Lisboa para, juntamente com a família, rumar ao Douro. Na Quinta de Foz Porto, perto do Pinhão, colheita após colheita, tem vindo a aprimorar, com a cumplicidade da enóloga Sandra Tavares da Silva (não são parentes), vinhos maduros, mas elegantes e finos, que só enriquecem o património vínico desta região demarcada.

Uma cozinha para todos os dias?

A que é feita com esmero, rigor e amor e que respeita os produtos locais e de estação. O que a torna também num ritual de sabores que não prescindo, na época própria: os cornelhos, em março e abril, o tomate coração de boi no verão, os grelos e as couves tronchas no inverno.

Na hora de comer fora, o que pesa mais: o fator novidade, a comida, o nome do chef ou o boca a boca?

A comida obviamente e que os pratos tenham no máximo três palavras.

Uma dica infalível para não errar na escolha do vinho?

Uma dica infalível não conheço. Mas o prazer da descoberta recompensa o erro.

Um vinho que não lhe sai da cabeça?

Provei-o num evento da Essência do Vinho, no Porto. Foi um Quinta do Noval Vintage Nacional de 1863, o ano do casamento de Dona António. Uma grande homenagem ao Douro e a demonstração da longevidade dos vinhos da região. Mantinha-se em plena forma.

Qual o maior trunfo dos vinhos portugueses?

O apreciador internacional de vinho gosta de ser surpreendido e nesse aspeto Portugal tem muito para oferecer. Fugindo das castas internacionais, temos para propor uma enorme diversidade. Quem nos visita, em geral, vem com expetativas baixas e é agradavelmente surpreendido com a nossa gastronomia e os nossos vinhos.

O que nunca pode faltar na sua despensa/frigorífico/adega?

Um bom vinho do Porto Tawny 10 anos, espumante e água.

Qual a região, ou as regiões portuguesas, que ainda nos vão dar muitas alegrias?

O Douro obviamente, que ainda está a dar os primeiros passos nos DOC Douro em termos de afirmação internacional. A força da paisagem vai ajudar neste caminho. O Dão tem também muito para dar.

O paladar, educa-se?

Educa-se, treina-se e refina-se.

Um vinho que ainda está na sua bucket list?

O Noval Vintage Nacional de 1931.

Um prato com sabor a infância?

Um cozido à portuguesa, poucos dias depois da matança. Feito em Sever de Vouga, em dezembro, com as couves tronchas no ponto ótimo, as batatas que sabiam a batata, os enchidos acabados de fazer e os maravilhosos ossos da suã.

 

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