Onda, o bar de cocktails de um irlandês apaixonado por Lisboa

Peter O'Connor, no Onda Cocktail Room. (Fotografia de Gerardo Santos/GI)
Nunca tinha vindo a Portugal, mas ao terceiro dia de férias, Peter O’Connor comprou o espaço que é agora o Onda, o recente bar de cocktails na Graça onde o bartender irlandês mostra a sua visão criativa da mixologia.

Nos primeiros dias em Portugal, gostava tanto de pastéis de nata que chegava a comer três por dia. Felizmente, as subidas e descidas das íngremes colinas de Lisboa equilibraram a balança. “Perdi peso cá, sinto-me mais saudável”, explica Peter O’Connor, bartender irlandês de 41 anos que abriu um bar de cocktails de autor na Graça, bairro que agora chama de casa. Veio à capital, pela primeira vez, em 2019, numas férias de cinco dias para visitar um amigo, mas a cidade trocou-lhe as voltas. Ao terceiro dia, estava a comprar o espaço onde funciona hoje o Onda.

O mais novo de cinco irmãos, nasceu e cresceu em Tallaght, nos arredores de Dublin. “Havia muitas casas mas nada para fazer, tínhamos que criar a nossa própria diversão”, recorda. Entre as memórias mais vivas estão as caminhadas até à zona montanhosa, onde não faltava rio e “árvores para trepar”. Desde criança que sonhava fazer carreira no exército irlandês, mas o primeiro part-time que teve, a servir à mesa e a recolher copos no restaurante que o irmão mais velho geria, aos 15 anos, foi a primeira de muitas experiências na restauração e mixologia.

A carta soma dezena e meia de cocktails de autor, com base em destilados premium. (Fotografias de Gerardo Santos/GI)

Peter O’Connor é o responsável pelo recente bar de cocktails da Graça.

Formou-se em Business Studies na área de bar e fez carreira em alguns dos mais conceituados espaços de cocktails de então na capital irlandesa, como o Nancy Hands, que chegou a ter “a maior garrafeira de destilados da Europa”, e o The Morgan Hotel Bar, onde servia uma média de mil cocktails por semana. Ainda assim, foram as temporadas que passou pela Ásia e Austrália que alavancaram a sua criatividade. “A comida, as especiarias, os ingredientes, a variedade de destilados, tudo aquilo me abriu a mente”, conta O’Connor, que foi ainda embaixador da Diageo e parte do programa de TV “Bar Rescue”, que ajudava a revitalizar bares em declínio.

No seu Onda, em ambiente “cool sem ser pretensioso”, serve 16 cocktails (a partir dos oito euros) com base em destilados premium, numa carta criada a meias com o bartender Daniel Zamith (ex-Sem Maneiras), com algumas das criações a levarem três dias de preparações. “Não são apenas cocktails sour, sweet ou bitter, quero que seja uma descoberta de sabores”, conta. Entre os destaques da casa estão o Nikkei Milk Punch (cachaça, folha de pandan, leite de arroz, côco), a fumegante Smokey Margarita ou o Into The West (whisky, pêra-rocha, cardamomo e eucalipto, numa homenagem aos produtos da zona Oeste).

O espaço intimista fica situado na Rua Damasceno Monteiro.

Peter O’Connor trabalhou nos bares de cocktails mais concorridos em Dublin.

Em Lisboa, que apelida de “cidade fantástica”, nota várias semelhanças com o país de origem. “A vibração e o facto de as pessoas sorrirem para ti na rua”, conta o bartender, que vive com a namorada, Joana, que conheceu cá, o gato Guinness e o cão Murphy, num piscar de olho às cervejas da terra-natal e às origens. Mas já não vive sem o porco-preto, “uma das carnes mais saborosas”, o peixe da nossa costa, e “a bifana, claro”.

Há esplanada e petiscos para acompanhar as tardes e noites no Onda Cocktail Room.

 

Três locais preferidos de Peter O’Connor em Portugal:

Óbidos. “Passei um dia fantástico na cidade-castelo, a muralha é linda. Quero voltar no próximo Festival de Chocolate”.

Praia da Ursa [Sintra]. “É algo remota, a descida até ao areal é de cortar a respiração. As encostas fazem-me lembrar um pouco da Irlanda”.

D’As Beatas [Lisboa]. “Restaurante muito bom e cool na Graça, com foco local, pratos tradicionais mas carregados de sabor e intensidade”.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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