Novos bares no Porto e em Lisboa

MEL - Museu Erótico de Lisboa, novo bar e restaurante no Cais de Sodré (Fotografia de Gerardo Santos/GI)
É tempo de brindar aos novos tempos que se anunciam. Ainda tímidos mas com passos seguros. Vamos aos bares celebrar de copo na mão e dar razões para acreditar a um dos setores mais penalizados pela pandemia.

Cinco novos bares para conhecer no Porto e em Gaia

São bares para todos os gostos: uns mais escuros, outros mais luminosos; com aposta nos cocktails de autor ou nos vinhos naturais. Em comum, todos têm a missão de proporcionar bom ambiente para um brinde. Conheça as novidades no Porto e em Gaia. ALS e LM

Champ’s da Baixa
Sangria e petiscos em ambiente exótico

PORTO O Champ’s da Baixa mudou-se da Picaria para a Rua do General Silveira, e ganhou novos cocktails e uma carta de petiscos maior. A sangria, essa, é a mesma de sempre. Ana Luísa Santos

 

Num cenário tropical pontuado por palmeiras e fetos, onde, ao longe, se recorta a silhueta de uma cordilheira, um leopardo de pelagem dourada parece caminhar vagarosamente sob uma garça em pleno voo. É esta paisagem que recebe quem entra na nova morada do Champ’s da Baixa, que após ter deixado o pequeno espaço na Rua da Picaria se instalou na Rua do General Silveira, em novembro do ano passado, num lugar maior, igualmente cheio de personalidade.

Partindo de “uma garagem”, com paredes de cimento, Rui Botelho e Bruno Gomes tentaram “criar um ambiente de conforto, com algumas referências pessoais, que transportasse para lugares exóticos”. E conseguiram. A sala a meia-luz embalada pela música easy listening, as paredes terracota, os espelhos em arco, os sofás em veludo rosa, o belíssimo candelabro de cristais do século XIX, a pintura executada por Bruno, e até os resgatados aquecedores antigos conferem ao novo Champ’s um ar boémio e acolhedor, onde apetece ficar a bebericar a sangria de morango que deu fama à casa, já lá vão dez anos, ou um dos novos cocktails como o Champ’s, com infusão de hibisco, maracujá, morangos e rum. Há ainda uma extensa lista de vinhos, espumantes e champanhes.

Mas nem só de bebidas se faz esta casa, que também serve quem queira matar a fome com um petisco, ou mesmo jantar, sem grandes formalismos, no interior ou na pequena esplanada. A carta, também obra de Bruno, faz-se “de uma recolha de várias experiências tanto em Portugal como no estrangeiro”, e têm tido boa aceitação sobretudo os tacos, de pato confitado e romã, de camarão e de galinha. Que podem ser precedidos pelo crostini de mozzarella, pela burrata com chutney de figos, pelo tártaro de salmão e ponzu, ou, optando-se por algo doce, pela panacota de citrinos e crumble de pistácio.


Dona Mira
Um cantinho carioca no Bonfim

PORTO O casal de músicos cariocas Carlos Fuchs e Valéria Lobão instalou-se no Porto em 2018 e o ano passado abriu o café-bar Dona Mira, no Bonfim, onde música, artes visuais e literatura convivem com uma carta feita de vinhos de pequenos produtores, cocktails, cerveja artesanal, tostas, saladas e pão de queijo artesanal. Luísa Marinho

 

Valéria e Carlos começaram a pensar em sair do Brasil no dia do impeachement da antiga presidente Dilma Rousseff. “Foi um dia muito emblemático, muito desanimador”, lembra a cantora Valéria Lobão. Carlos Fuchs, o seu companheiro, tinha um estúdio de gravação de referência no Rio de Janeiro, o Tenda da Raposa, por onde, durante duas décadas, passaram muitos músicos, lembranças que encaixilharam e penduraram nas paredes do Dona Mira, café-bar que abriram no verão passado.

Foi em 2018 que chegaram a Portugal, deixando para trás a sua casa onde funcionava o estúdio, em Santa Teresa, bairro de artistas, “a Montmartre carioca”, refere Carlos. “Foi muito doloroso desistir do projeto do estúdio, mas o desejo de sair foi maior”, conta Carlos, que além de produtor é compositor e pianista. Quando chegou ao Porto, associou-se ao estúdio portuense Arda Records. Mas com os altos e baixos da pandemia, cresceram as saudades do convívio diário com artistas e músicos.

“Sentíamos falta de abraçar as pessoas. No Rio, a nossa casa vivia habitada por músicos, em festa permanente. Era uma grande celebração. E foi um pouco o que tentamos fazer com o Dona Mira”, conta. Quando descobriram o espaço no Bonfim, este era um café de especialidade que estava para trespasse. Gostaram do café e do seu jardim e ficaram com ele no início do ano passado. Mas decidiram mudar quase tudo. À parte de cafetaria, que continua a servir os cafés da 7G de Gaia, acrescentaram vinhos de pequenos produtores, cervejas artesanais, whiskys, cocktails clássicos e de criação própria, como o recente Cadê Deidei?, com whisky, triple sec, Kahlua, angostura, espresso e twist de laranja. As comidas – tostas, sanduíches e saladas – têm nomes de personalidades da arte e da cultura. Além de recordarem os tempos da Toca da Raposa, há sempre e apresenta-se aquela que dá nome ao espaço – Mira Bank Fuchs, a avó violinista de Carlos que fugiu da Lituânia para o Brasil e ajudou a fundar no Rio de Janeiro a Orquestra Sinfónica Brasileira. Talento de excelência corre na família.


Tribuna
Muito mais do que um sports bar

VILA NOVA DE GAIA Ver futebol, beber cervejas internacionais e usufruir de uma carta feita de boas carnes e outros petiscos de influência americana e ibérica é o que se pode fazer neste espaço singular. Luísa Marinho

 

Gaia não tinha ainda um sports bar que também fosse referência de boa comida, por isso Albano Pereira decidiu abrir um. Depois de ter passado pelo grupo Esquina do Avesso, onde trabalhou como chef de bar nos seus vários espaços, incluindo a steakhouse Terminal 4450, decidiu lançar-se por conta própria. Juntamente com dois amigos – André Simões, futebolista do AEK, de Atenas, e Tiago Assis – criou um sports bar tendo em conta a excelência gastronómica. Foi buscar o chef João Santos, que também já tinha passado pelo Terminal. “Estivemos três meses em obras e abrimos em janeiro de 2020, dois meses antes da pandemia”, conta Albano. Os apoios, o take away e as entregas ao domicílio conseguiram manter o restaurante em funcionamento. “Quando acabou o confinamento e pudemos reabrir, muita gente veio cá precisamente porque encomendava a nossa comida”, diz.

A carta foi desenhada tendo em conta a partilha. Principalmente em cortes de carne como o tomahawk ou costeletão. Também várias propostas de hambúrguers, destacando-se a de carne maturada. Nachos gratinados com cheddar, tártaro de carne picada acompanhada com folha de arroz e rabanete são outros dos petiscos disponíveis, uma mistura de cozinha mexicana, americana e ibérica, como define Albano. Para beber há muitas cervejas internacionais, cocktails clássicos e também vinhos.

Com 16 grandes ecrãs, o Tribuna é mesmo um bar para se ir ver futebol e não só. A decoração remete inequivocamente para o desporto: há bolas de futebol e andebol autografadas, t-shirts de jogadores, um cantinho dedicado ao boxe – com cordas de ringue, um pequeno banco e o cartaz de um dos clássicos confrontos entre Joe Frazier e Muhammad Ali. Não é por acaso que foi o desporto o tema escolhido. Albano é formado em Educação Física e jogou andebol durante vários anos. Aliando isto ao seu gosto pela restauração, está aqui como peixe na água.


A Cave do Bon Vivant
Vinhos naturais ao som do rock

PORTO O francês Stan Wallut é um apaixonado por rock e por vinhos naturais. Na Cave do Bon Vivant, wine bar que abriu no verão passado, junta as duas paixões e a alegria de viver. Luísa Marinho

 

Quando se entra na Cave do Bon Vivant, o alegre Stan Wallut, proprietário e mestre de cerimónias da Cave do Bon Vivant, wine bar em Santa Catarina, entrega um copo que será preenchido com um dos muitos vinhos naturais que se encontram dispostos nas paredes. Stan é francês e depois do sucesso das suas duas garrafeiras em Paris, dedicadas ao universo dos vinhos pouco intervencionados, decidiu instalar um wine bar no Porto.

Guitarrista e amante de rock, foram mesmo as relações musicais que o trouxeram a Portugal. “Tenho uma banda punk e o baterista que é o meu melhor amigo abriu aqui a Oficina dos Rissóis. Também se casou cá e eu vim ao casamento. Foi aí que me apaixonei pela cidade”, conta. Está cá há dois anos e em agosto abriu a Cave do Bon Vivant, reflexo dos seus gostos, tanto pela música ambiente – sempre rock nas suas diversas vertentes – e a que se vai tocando em jam sessions, na sala de baixo, onde está a bateria.

Para beber, além das muitas garrafas de vinhos portugueses, italianos ou franceses expostas na parede e com o preço indicado, há sempre algumas garrafas abertas para quem quiser apenas um copo ou provar várias referências.

E é normal que a mesma referência não fique disponível por muito tempo. “Não quero concorrer com a grande distribuição. Os vinhos que temos aqui são pequenas produções, por isso a seleção muda todos os meses”. E é sempre uma luta, refere, encontrar novos produtores, visto que a produção de vinhos pouco intervencionados em Portugal ainda ser pequena.

Para acompanhar o vinho, há uma carta de comidas, tanto de petiscos como de pratos, criados pelo chef Pedro Morais, que têm sempre em conta o produto fresco e sazonal e a confluência entre as cozinhas de França, Portugal, Espanha ou Itália. Caldo verde, pimentos de Padrón, ostras, mexilhões ou carpaccio de magret de pato são algumas das propostas, que, tal como o vinho, vão alterando. Uma das mais-valias do espaço é o terraço, que vai agora entrar em obras para estar pronto quando o tempo começar a aquecer.


Torto
Um bar que não se quer direito

PORTO A Baixa da cidade tem um novo inquilino. O Torto é um bar de cocktails que assume a informalidade como forma de estar, a urbanidade como estética e as “imperfeições” como lema. Luísa Marinho

 

Mal se entra no Torto, aberto desde outubro passado, percebe-se que se está num bar sem formalidades. Aqui é para se estar à vontade, para se ser mimado e beber cocktails “fora da caixa”, entre duas paredes grafitadas. Já há 25 anos no mundo da noite – tendo passado pelo Lux, Plano B, Gare ou Indústria – Pedro Segurado abraça agora este projeto com outros sócios, parceiros do Selina.

O bar Torto, no Porto, aposta nos cocktails. (Fotografia de Pedro Correia/GI)

O ano passado, Vando Montenegro convidou-o para explorarem este espaço, no Edifício Árabe, na Rua José Falcão, onde antes tinham funcionado outros bares. “O desenvolvimento foi orgânico. O espaço já tinha sido pensado para ser um mini-clube, pelo Selina, projeto que foi gorado pela pandemia. Eu tinha ideias sobre o que fazia sentido no contexto atual da cidade”, conta. A ideia era ter “uma oferta de elevada qualidade em termos dos produtos” – os cocktails – aliando isso à informalidade. “Há sítios incríveis para beber cocktails, mas são mais clássicos, nós queríamos algo relaxado, nunca descurando a questão do serviço e dar sempre atenção ao cliente”, diz.

Quanto aos cocktails, explica do chef de bar José Mendes, foi pensado um menu que “não fosse básico”, até porque a equipa é feita de “excelentes bartenders, bastante ambiciosos”, acredita. “Queríamos ter ingredientes fora da caixa, como cenoura preta ou beterraba amarela, e transformá-los em bebidas agradáveis para toda a gente, tendo como base cocktails que as pessoas conhecem”, diz. Um dos exemplos é o JJ Make My Day, com beterraba amarela, curcuma, gengibre e whisky, “que vai buscar os sabores do moskow mule, super refrescante”, refere. Uma novidade na cidade são os cocktails à pressão. “Não são nada de novo em termos mundiais mas cá, que eu soubesse, não havia”, diz. Das três torneiras saem “highballs” à base de whisky, no caso Johnnie Walker Black label. Um com limonada de rooibos, outro com cáscara e framboesa e mais um com lima, menta e citronela. Na criativa lista de petiscos há finger food à portuguesa, como croquetes de cozido com pickle de nabo ou jardineira em brioche de batata.

Na música que aqui se ouve, a qualidade e a diversidade são também as premissas. Ana Pacheco, que já trabalhava na programação do Selina e de outros espaços foi convidada para fazer a curadoria das noites de quintas, sextas e sábados, onde há sempre djs convidados e até “algumas coisas ao vivo, que ainda são a excepção mas que pode vir a ser regra”, diz Pedro.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 


Há cinco novos bares para sair à noite em Lisboa e Cascais

Boa música, decorações arrojadas, vinis, cocktails e cortinas festivas ou de veludo: nestes cinco novo bares em Lisboa multiplicam-se os ambientes propícios a noites bem vividas. Conheça-os aqui, em detalhe. AR e NC

A Viagem das Horas
Vinhos, petiscos e “boa vibração”

LISBOA Junto ao Mercado de Arroios, A Viagem das Horas chegou para juntar vinhos de pouca intervenção e petiscos, ao som de discos em vinyl e ambiente descontraído. Nuno Cardoso

 

Expostos pelas paredes estão discos em vinyl de gigantes como Nina Simone, Aretha Franklin e Cesária Évora, mas um em específico tem um carinho especial para Ricardo Maneira: “A Viagem das Horas”, do brasileiro José Mauro, uma raridade que foi reeditada na mesma altura da abertura do seu espaço, e que acabou por batizar o recente bar de Arroios, a dois passos do mercado.

A música tem um papel fundamental aqui, não só pela coleção de vinyl do dono, que vai tocando em gira-discos e dando ritmo às tardes e noites do bar, mas também pelo próprio passado de Ricardo, um DJ que viu na pandemia a oportunidade de acelerar um desejo antigo, o de abrir uma morada com “com boa vibração, boa onda”, conta o angolano, a viver em Portugal desde a adolescência.

N’A Viagem das Horas, os vinhos são um dos pilares da casa, com mais de trinta referências de pequenos produtores e foco especial nos de pouca intervenção e naturais, com preços para todos. “Escolho os vinhos como escolho a música, os que têm que ver com a minha identidade e deste bar”, diz Ricardo. Para acompanhar, há petiscos variados, fazendo-se valer das mais-valias locais e não só – pão artesanal da vizinha Terrapão, peixe comprado no Mercado 31 de Janeiro, queijos veganos à base de amêndoa e caju de Aljezur e azeite alentejano da Mainova. Para picar, há ainda camarões com molho de manteiga e wasabi, gaspacho, saladas e tibornas. Já o húmus e babaganoush chegam do Mezze, restaurante do Médio Oriente situado ali ao lado.

Dentro de paredes, cria-se um ambiente intimista, até pela redução do espaço, mas a esplanada traz alternativas ao ar livre. Os eventos pontuais fazem parte da rotina do bar, com pop-ups de comida palestiniana, provas de vinhos e DJ a animar o serão de quinta a sábado – basta ir estando atento às redes sociais. Os concertos de jazz ao vivo são um dos desejos para o futuro.


O Bar Mais Triste da Cidade
Whisky, piano e introspeção

LISBOA Chama-se O Bar Mais Triste da Cidade e é a recente morada intimista onde não há pressões para se estar feliz. Ao piano e ao jazz, junta-se whisky e uma banda sonora introspetiva. Nuno Cardoso

 

O nome suscita curiosidade, mas o hiperbolismo na autodefinição não deve distrair os mais céticos do que é O Bar Mais Triste da Cidade: um espaço recente em Santos com forte aposta na garrafeira de whisky, uma seleção musical cuidada que abrange de Björk a jazz e à banda sonora de Twin Peaks – e tudo o que cabe no meio -, e uma morada onde se pode dar largas à introspeção e a uma certa melancolia, a um serão mais calmo, a sós ou na companhia de alguém.

O Bar Mais Triste da Cidade fica na zona de Santos. (Fotografia de Rita Chantre/GI)

A ideia de Camila Prado Fonseca, proprietária, já vem dos tempos d’O Bom, O Mau e O Vilão (clássico do Cais do Sodré), e agora concretiza-se em Santos, a paredes-meias com os seus restantes projetos, o Flat e o Lulu, Um Pub Bonito. “Este é um bar onde podemos estar como somos, sem pressão para estarmos felizes. Se estivermos tristes, podemos abraçar essa tristeza, mas não é algo forçado”, conta Raquel Azedo, gerente. Com lugar para 40 a 50 pessoas, o bar intimista divide-se em duas zonas: uma primeira onde dominam dourados, espelhados, um piano, cortinas de veludo e uma bola de espelhos; e uma segunda, para beber à mesa ou ao balcão, mais garrida, com fitas coloridas a encher as paredes. Até porque depois da tristeza, “vêm os picos de euforia”, explica Raquel.

Na carta de bar, encabeçado pelo bartender Rúben Guerreiro, domina a dezena e meia de referências de whisky – o rei e senhor desta morada, com origens variadas, japonesas, irlandesas, escocesas, portuguesa, etc -, mas também há outros destilados, cocktails clássicos, vinho a copo, champanhe e cerveja artesanal.

A programação cultural e eventos fazem parte da génese d’O Bar Mais Triste da Cidade, com concertos de piano e jazz – alguns improvisados por quem ali se senta só para beber um copo -, espetáculos de stand up “para pensar na vida”, poesia erótica ou speed dating com slow dancing, além das habituais matinés ao domingo. Basta ir espreitando as redes sociais para ficar a par.


Vícios à Mesa by Maus Hábitos
Um clássico da Invicta na capital

LISBOA Vinte anos depois de nascer no coração portuense, o Maus Hábitos abre asas e chega à capital, com as pizas e cocktails de autor mais vendidos, sem esquecer a sua curadoria cultural. Nuno Cardoso

 

Duas décadas depois de nascer e de se tornar num clássico portuense, o Maus Hábitos abre asas e expande-se em moradas e território, com duas novas casas, em Lisboa e Vila Real. O desejo já era antigo, mas o timing certo só chegou agora. “A pandemia trouxe essa pressão. Os momentos desafiantes fazem-nos olhar para outras hipóteses, estar abertos a oportunidades”, conta Daniel Pires, fundador da casa, que na capital se instala dentro do Selina Secret Garden, alojamento entre o Bairro Alto e Santos.

No Vícios à Mesa by Maus Hábitos, junta-se zona exterior com duas salas, um pátio interior com esplanada e um terraço com bar e vista panorâmica sobre o antigo casario alfacinha em redor. Ainda que algumas vertentes da casa-mãe não estejam presentes, para já, como exposições e residências artísticas, muita da identidade portuense está aqui espelhada, a começar pelos concertos ao vivo, performances artísticas, cabaret, noites de open mic e poesia. Mas também com a carta, com os best sellers da morada da Invicta.

À mesa, cabem dinâmicas diferentes – pequeno-almoço, almoço, jantar e petiscos entre refeições, já que a cozinha não fecha -, optando-se entre saladas, burrata, húmus, propostas vegetarianas e mais de uma dezena de pizas de massa fina caseira. Para acompanhar, há destilados, vinhos, cerveja, sumos naturais, licores e os reis da casa – leia-se, os cocktails clássicos e de autor. Neste campeonato, vale a pena provar o Mandarine (gin, licor de flor de sabugueiro, puré de maracujá, lima, clara de ovo) e o Gin Basilicum (gin, limão, tabasco, manjericão, gengibre).

No interior, a comida, a bebida e a arte casam-se em ambiente descontraído, chamariz da marca, junto a plantas diversas, bolas de espelhos, luzes coloridas em néon, livros e jogos de tabuleiro. Ao todo, pelos vários espaços do Vícios à Mesa, cabem cerca de 140 lugares. Os amigos de quatro patas estão incluídos, ou não fosse este uma assumida morada pet-friendly.


MEL – Museu Erótico de Lisboa
O novo erotismo do Cais do Sodré

LISBOA O Museu Erótico de Lisboa estimula os cinco sentidos à luz do universo do erotismo com provocantes esculturas em gesso, cocktails de autor, petiscos de comer à mão e espetáculos, no Cais do Sodré. André Rosa

 

A antecâmara do MEL – Museu Erótico de Lisboa parece um museu, com dezenas de pequenas esculturas em gesso expostas dentro de armário. Qual preliminar de uma relação, convida os visitantes a escolher primeiro uma peça correspondente a uma das “sete fases da paixão”: busca inconsciente (coração), motivação (maçã trincada), desejo (coelho), impulso (pénis), excitação (malagueta), orgasmo (arma) e resolução (flor).

“As mulheres escolhem mais o pénis, mas a peça mais pedida é a malagueta, talvez pela cor vermelha”, comenta Penélope Alves, a gestora deste novo espaço de diversão noturna do grupo Mainside, responsável pela Pensão Amor, que assinala 10 anos. Escolhida a peça de gesso – todas desenhadas pelo artista João Cruz Malheiro -, os clientes podem levá-la para casa ou quebrá-la numa prensa para ler o oráculo escondido no interior.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

No MEL, tudo remete para o ambiente noturno associado ao erotismo da sedução. Atrás das cortinas de veludo vermelho abre-se uma ampla sala com arcos de pedra e decorada com elementos asiáticos e ocidentais. A parte superior das paredes surge preenchida com pinturas oníricas do artista plástico Diogo Muñoz, feitas a partir de uma coleção de pinturas e esculturas em que Cicciolina e o artista Jeff Koons posaram em cenas de sexo.

Ativista política, ex-atriz pornográfica, cantora e escritora húngara naturalizada italiana, Ilona Anna Staller – mais conhecida como Cicciolina – chegou mesmo a casar-se com Jeff Koons em 1991 e a ter um filho da relação. Agora, a composição “Made in Heaven” que ambos eternizaram é mote de contemplação enquanto os clientes usufruem do MEL. O espaço quer também surpreender com espetáculos de variedades e outras performances, tirando partido de duas cadeiras suspensas.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

No balcão do bar, as provocações leem-se discretamente nas bases dos copos (“sweet tongue”, “bad boy” e “you can stay”, entre outras) e bebem-se em nove cocktails da autoria do barman Evy Silva. O Life’s a Beach, por exemplo, leva
whiskey, licor de cereja maraschino, vermute branco, sumo de laranja e xarope de açúcar; mas também os há sem álcool, como o Mimosa-less à base de sumo de laranja, xarope de gengibre com alecrim, vinagre de sidra e água com gás.

Para acompanhar as bebidas, o chef David Joudar criou uma carta de “finger food” que nunca inclui talheres no serviço, nem quando a sobremesa é o leite creme com foie gras e yuzo – o desafio é comer com a língua e com os dedos até descobrir o que se esconde no interior da taça. Mais fáceis de comer são os croquetes de rabo
de boi com mostarda e mel, o torricado de bacalhau com pil pil e pimentos e as costeletas de borrego marinadas em especiarias e salmorejo.


The Sinnerman Speakeasy
Cocktails para agitar a noite cascalense

CASCAIS Em São João do Estoril, onde funcionou a discoteca Rasputine, nasce o The Sinnerman Speakeasy, que reúne mixologia de autor, garrafeira com 400 referências, ambiente vintage e o desejo de “reanimar” a noite local. Nuno Cardoso

 

Na década de 1970, esta morada nasceu como um bar de cocktails, depois ganhou outras vidas, com a chegada da discoteca Rasputine, que teve a sua fase áurea nos anos 1980, e agora regressa às origens. A coquetelaria volta a ser a protagonista desta casa, pelas mãos do casal Bruno Oliveira e Isabel Machado Leite, que depois de anos como empresários em várias áreas, apostaram numa paixão antiga, a da mixologia. Chegaram a ter um bar primeiro e “o bichinho ficou cá”, diz Isabel. O objetivo é “reanimar a noite de Cascais”, assumem.

No The Sinnerman Speakeasy, em São João do Estoril, salta à vista a garrafeira com mais de 400 referências, algumas destas “únicas em Portugal e na Europa”, explica Bruno. São estas que servem de base às três dezenas de cocktails de assinatura. “A qualidade dos ingredientes é a minha maior preocupação”, acrescenta o dono do espaço amplo, onde cabem mais de 300 lugares pelos sofás, cadeiras e ao balcão em madeira, para ver se perto as criações. Casos do Fiesters (tequila, licor de banana, lima, pó de wasabi); Pink Panther (gin, vermute, xarope de líchias); e do Gabriela (rum, xarope de canela, cerveja dry stout, cravinho), entre outros. O proprietário adianta que os portugueses têm um “gosto equilibrado, gostam de cocktails mais adocicados, mas também adoram gin, algo mais seco”, e diz que aqui há um cocktail certo para qualquer pessoa.

Os vermelhos e as cores quentes dão o tom ao espaço, com um claro ambiente vintage, e que foi construído de raíz pelo casal. Às bebidas e aos petiscos (queijos, presunto, húmus, caviar, etc) juntam-se atuações de música ao vivo, magia, baile burlesco e fins de semana temáticos – do fado ao jazz e ao blues. Ao fim de semana, aconselha-se reserva. À chegada, à boa forma de um tradicional speakeasy, é necessário tocar à campainha para se abrir a gaiola vermelha que serve de entrada e descer a escadaria até ao bar. “Aqui, estamos da mesma forma como ao receber amigos em nossa casa”, remata Bruno.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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