O vinho sempre esteve presente na vida de Ricardo Mota. E o sonho de abrir um wine bar também. “Eu nasci numa terra onde sempre se fizeram vinhos. Venho do Dão. A minha avó fazia vinho, e eu e o meu primo, com 14 ou 15 anos, é que íamos fazer a troca das pipas para os garrafões, ajudávamos na vindima, na pisa a pé…”, conta o proprietário do Ricardo’s Wine Bar, um novo refúgio para enófilos e apreciadores de boa mesa, em Aveiro.
A ideia inicial de Ricardo era criar um espaço “onde a malta pudesse vir apreciar vinhos e ter umas tábuas de acompanhamento”. As tábuas de queijos e enchidos continuam a ter lugar cativo na carta, mas os clientes começaram a pedir algo mais, e o bar de vinhos depressa passou a restaurante, não fosse também Ricardo um hábil cozinheiro.
Ricardo’s Wine Bar (Fotografia de Maria João Gala)
Ricardo’s Wine Bar (Fotografia de Maria João Gala)
O picado de vaca – 200 gramas de lombo flambeado com vinho Madeira e servido no próprio molho – é o prato mais pedido da casa. E combinado com uma tábua de legumes grelhados, escolhidos diariamente consoante o que há de mais fresco no mercado, faz uma refeição completa.
Comida de conforto, de base mediterrânica, e focada nos produtos da época é o que Ricardo se propõe a servir, como comprovam os pratos que integram o menu sazonal: o creme de abóbora, o caldo de castanha ou a feijoada de cogumelos. Tudo feito na hora, o que manda ir com tempo. Em honra às suas raízes e à cozinha tradicional, também trouxe para a ementa fixa a chanfana. “É feita em minha casa em Santa Comba Dão, em forno a lenha, e é a minha mãe que a tempera”, realça.
Ricardo’s Wine Bar (Fotografia de Maria João Gala)
Ricardo’s Wine Bar (Fotografia de Maria João Gala)
Ainda que os pratos tenham conquistado lugar à mesa deste wine bar, o copo continua a ter privilégio, e a ele chegam todas as 190 referências que preenchem as prateleiras, e que representam todas as regiões vitivinícolas do país. “Eu como consumidor sentia essa falta, de ir a um sítio qualquer e poder provar um vinho sem ter que comprar a garrafa”, reconhece Ricardo.
A seleção é feita de acordo com o seu gosto pessoal e sob a máxima de dar espaço aos pequenos produtores. “Tento sempre ter alguma coisa nova, diferente. Não vendo vinhos comerciais, tenho os vinhos de que eu próprio seria consumidor.” E para melhor os dar a conhecer aos seus clientes, faz questão de visitar cada um dos produtores com quem trabalha.
Ricardo’s Wine Bar (Fotografia de Maria João Gala)
Ricardo’s Wine Bar (Fotografia de Maria João Gala)
A quem pede, que é a maioria, aconselha o vinho a provar e as harmonizações a fazer na mesa, tirando partido da sua formação de sommelier. E em querendo aprofundar a experiência, Ricardo também organiza workshops de iniciação à prova e todos os sábados recebe produtores convidados, para provas exclusivas. “Das 16h30 às 19h entrego o espaço aos produtores e nesse período não servimos vinhos de mais ninguém”, informa. Para os mais entusiastas, o espaço acolhe ainda um Clube dos De(s)engaços – aberto a novos membros – que todas as quartas-feiras à noite se junta para fazer provas cegas. Outra iniciativa recorrente no Ricardo’s Wine Bar são as noites de fado, que acontecem pelo menos duas vezes por mês, conjugando um jantar intimista com pratos apurados, vinhos especiais e boa música.
Longitude : -8.2245
