Monte da Bica: gin e vinhos cheios de amor pelo Alentejo

Monte da Bica: gin e vinhos cheios de amor pelo Alentejo
Os vinhos Monte da Bica. (Fotografia: DR)
O gin artesanal e os vinhos Monte da Bica, produzidos numa pequena destilaria e adega em Lavre, Montemor-o-Novo, estão a ganhar novo fôlego pelas mãos de dois empreendedores apaixonados pelo território.

A marca Monte da Bica acabou de lançar uma nova aguardente bagaceira, prova de como os seus fazedores João Oliveira, autor do projeto, e Paulo Martins, cozinheiro de profissão, estão empenhados em acrescentar valor ao projeto iniciado em 2016. Mas é do gin artesanal e dos vinhos que mais reza esta história, ambientada na ruralidade inspiradora da freguesia de Lavre, em Montemor-o-Novo.

Foi na Herdade dos Arneiros de Cima, mais conhecida pela Herdade do Vale da Bica ou por Monte da Bica – pertencente há quase cem anos à mesma família – que tudo começou. Inicialmente dedicada à produção de cortiça, milho, trigo e arroz, a propriedade passou a dispor, nos anos 90, de uma área de regadio que permitiu plantar vinhas e uma cultura de figo da Índia.

O alambique onde fazem as bebidas destiladas. (Fotografia: DR)

Herdando seis hectares de vinhas e uma pequena adega dos anos 1940 com 70 metros quadrados e cinco lagares, João Oliveira decidiu arrancar com a ideia de ali instalar uma adega e uma destilaria. «Eu tinha um bar, conhecia o Paulo desde infância e então convidei-o a ir ao bar. Tínhamos um alambique de 50 litros em casa e começámos a destilar coisas. Ele é que teve a ideia de destilarmos um gin», recorda o mentor do projeto.

Paulo Oliveira trabalhava na área da cozinha quando, entretanto, decidiu despedir-se, começando a trabalhar numa destilaria em Londres. Fez estágios, passou por várias destilarias e ganhou toda a experiência necessária para, já no Alentejo, elaborarem a receita e produzirem o Monte da Bica Gin. «Até aí todas as experiências que tínhamos feito eram absolutamente intragáveis», confirma João, entre risos.

A destilaria pode ser visitada mediante contacto prévio com os responsáveis. (Fotografia: DR)

A receita do gin, lançado no mercado em março de 2017, «demorou um ano e tal a ser apurada». Leva zimbro da Macedónia, coentros da Ucrânia, canela do Sri-Lanka, raiz de lírio, cardo mariano e mel. A camomila, lúcia lima, rosmaninho e flor de laranjeira são destilados à parte. Para tal utilizam um alambique encomendado à medida, com capacidade de 500 litros a banho-maria e aquecido a lenha numa fornalha em tijolo de burro.

A água tem um papel fundamental nesse processo, não só porque é com ela que desdobram o gin até aos 42% de álcool, mas também porque foi a bica de onde provém que deu o nome ao destilado. A bica, com mais de 70 anos, foi remodelada em 1944 pelo avô dos atuais proprietários do monte e fornece uma água «filtrada pela terra, pura e límpida, mas com um ligeiro e suave toque de terra», sendo isso que a diferencia.

 

Vinhos direitos por vinhas tortas

«Ao mesmo tempo que desenvolvíamos o gin estávamos a fazer os vinhos», continua João Oliveira. Foi então que entrou em cena o enólogo André Herrera, em 2016, para ajudar a fazer quatro vinhos cheios de história e com a casta castelão como característica comum. A vinificação, no entanto, foi tudo menos regular.

Em agosto de 2016 a vinha não estava a amadurecer, por isso começaram a tirar uvas para remover o castelão. Ao colocarem as uvas no chão viram uma segunda floração, as chamadas uvas netas, que vingaram e tiveram boa maturação. Aproveitaram-nas e essas acabaram por ser as primeiras a entrar na adega.

A bica, de onde provém a água, tem mais de 70 anos. (Fotografia: DR)

Em outubro foi colhido o castelão e as vinhas acabaram por não ser arrancadas. Assim nasceram os nomes dos três vinhos As Netas chegaram Primeiro (tinto), Monte da Bica Regional Alentejano (tinto) – «de todos o mais consensual e colado ao Alentejo tradicional» e o Monte da Bica Rosé Regional Alentejano 2017 – «um rosé para a mesa, com um carácter evolutivo e gastronómico».

Estes «vinhos de conceito», como João os classifica, têm neste momento a produção e distribuição adequadas para chegarem «aos clientes certos», sendo mais facilmente encontráveis na loja online do Monte da Bica, em garrafeiras e no canal Horeca (restauração e hotelaria).

 

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