Mateus Rosé: O vinho pioneiro que abriu o mercado

Drink pink, a moda que se renova a si própria, dando origem a novos ciclos, está assente em campanhas de grande eficácia e em marcas que gostamos de classificar como óbvias. O vinho rosé é popular por definição e universal por vocação. Já se converteu?

Quando em 2005 a agência de publicidade Euro RSCG de Londres ganhou o concurso da melhor campanha para a revitalização e reativação da marca Mateus Rosé, ninguém podia prever o efeito telúrico que teria no universo mundial dos vinhos rosé. De mercado a meio gás, rapidamente todas as marcas ganharam uma energia inédita, de que ainda hoje, volvidos quase quinze anos, a onda positiva continua a fazer-se sentir. É, além disso, um caso de estudo internacional, pela incrível alavancagem de negócio que permitiu a muitas empresas vinícolas.

A epopeia iniciada em 1942 pelo fundador da Sogrape, Fernando Van Zeller Guedes, com o propósito firme de propor ao mundo um vinho inteiramente novo, criou uma das mais notáveis sendas criativas da história.

A forma escolhida foi a do cantil semelhante ao dos soldados que tinham acabado de combater na segunda Grande Guerra, o vinho em si foi literalmente a pedrada no charco, pela diferença, frescura e consenso entretanto gerado em torno do vinho verde nas praças internacionais.

Seguiu-se o lançamento genial pela via diplomática, com o célebre envio de duas garrafas para cada embaixada de Portugal no mundo. Uma para provar, a outra para entregar no melhor negociante local, caso tivesse agradado. Não só agradou como pegou que nem rastilho.

Quando Fernando Guedes voltou a Portugal, após um périplo longo pelo mundo, o Mateus Rosé era já líder. Ainda hoje, com cerca de 20 milhões de garrafas por ano, é um dos grandes negócios globais do vinho, que muitos entretanto adotaram, mas jamais com a aura do que nasceu em Vila Real, com a imagem do Palácio de Mateus e o acordo de então firmado pelo fundador da Sogrape e o conde de Mangualde, proprietário do palácio.

A enologia está actualmente entregue a Miguel Pessanha, da Sogrape, o vinho tem 11% de graduação alcoólica, 15 gramas de açúcar por litro e é composto pelas castas baga, rufete, tinta barroca e touriga franca. A Sogrape começou, entretanto, a produzir um outro rosé, sob a marca Gazela, 9,5% álcool, 16 gramas de açúcar por litro, feito de borraçal, espadeiro, amaral e vinhão. Açúcar residual razoável, álcool moderado e um pouco de gás são os parâmetros comuns aos vinhos festivos com que nos deliciamos na época estival.

A Borges iniciou a seguir à Sogrape a produção do célebre Gatão rosé, com cobertura também dos cinco continentes mas cerca de metade dos países. É feito a partir de castas típicas do Minho e tem 10,5% de álcool e 17 gramas de açúcar por litro. Quase colado ao Mateus e por desafio colocado à José Maria da Fonseca por um empresário norte-americano, nasceu em 1944 o Lancers rosé, que prossegue impante na marcha do lado de lá do Atlântico. Feito de aragonês, syrah, touriga nacional, castelão e trincadeira, tem 10% de álcool e 15 gramas de açúcar por litro.

O Casal Mendes rosé, feito pela Bacalhôa, mão experiente de Francisco Antunes, é um caso único: 100% baga, 10,5% álcool e 14 g/L de açúcar. Popular, bem popular é o Lagosta, da Enoport, feito a partir de espadeiro, borraçal e padeiro, 10,5% álcool e forte implantação no mercado. Finalmente, haja alegria, haja Casal Garcia, o rosé que mais tardou a surgir, por parte da Aveleda, resultante da divisão da família Guedes de há décadas. A marca é líder em brancos, o rosé é recente e é bem bom, 9,5% de álcool, 10 g/L de açúcar. As castas são vinhão, azal tinta e borraçal.

No fundo, o vinho rosé pode considerar-se um vinho multiusos, que tanto vai bem com peixe grelhado, como com carnes na brasa ou doçaria.

Claro que, ao fim de algum tempo, acabamos por escolher os do nosso contentamento. Há, contudo, uma razão subjacente, transversal à maioria dos vinhos rosé massificados: são nossos amigos. Além disso, estão na linha da frente, a antecipar a evolução do mercado e as exigências dos consumidores. De certa forma, são os vinhos que o mundo quer beber. Se puder, prove-os todos e escolha os seus, para ter sempre à mão. É que, mesmo quando não se sabe porquê, apetece um bom rosé!

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