Letra: uma década a dar o litro pela cerveja artesanal portuguesa

Filipe Macieira e Francisco Pereira, da Letra. (Fotografia: DR)
No ano em que a Letra sopra 10 velas, Filipe Macieira e Francisco Pereira celebram um caminho que ainda tem muitas ideias ambiciosas para pôr em prática. A cervejeira soma moradas em Braga, Ponte de Lima, Vila Verde e Porto, mas quer expandir no futuro.

As origens da Letra remontam aos tempos universitários de Filipe Macieira e Francisco Pereira, em 2011. Segundo Filipe, “começámos na universidade, transferimo-nos para a garagem dos meus pais e só depois é que começámos a construir um projeto mais consolidado”. Quando terminaram o curso de Engenharia Biológica, na Universidade do Minho, em Braga, estavam longe de imaginar que um dia teriam em mãos uma marca desta dimensão.

Embora carreguem uma década de trabalho às costas, Filipe e Francisco confessam que “ainda não existe um conhecimento desta cultura cervejeira no nosso país”. É por isso também um objetivo da marca “estar presente em momentos de consumo”. A Evasões foi convidada a estar presente num desses momentos, num almoço pautado pela harmonização. Para os fundadores do projeto, “é um desafio para percebermos o potencial que a cerveja tem com uma harmonização com comida, neste caso de autor”.

O vegetariano Fava Tonka, em Leça da Palmeira, foi o sítio eleito para o almoço, não sendo a primeira vez que é o palco escolhido para receber os projetos da Letra. O intuito da refeição era “elevar o produto cerveja a um patamar diferente, como já acontece com o vinho”, explica Francisco Pereira. Para o efeito, Nuno Castro, chef do Fava Tonka, confecionou um menu em que adaptou a bebida aos pratos. Por exemplo, a cerveja preta com notas de caramelo e café foi uma das protagonistas que mais brilhou na sobremesa.

A Letra nasceu em Braga e está a celebrar uma década. (Fotografias: DR)

Quando a marca foi concebida, existiam apenas dois outros nomes no mercado português das cervejas artesanais, mas na década de 80, Vila Verde era considerado o maior centro de processamento de lúpulo, pelo que ambos pensaram: “Temos de reavivar esta cultura”. Para os dois responsáveis, a necessidade deste projeto foi precisamente “a falta de empregabilidade na área da engenharia de fermentações e engenharia industrial mais ligada à produção de cerveja”.

A Letra evoluiu em sintonia com o crescimento dos seus autores. Os estudantes universitários deram lugar a gestores, mas a paixão cervejeira permaneceu intacta. De A a G, as Letra são o ponto de partida. Cada uma corresponde a um estilo diferente de cerveja, para momentos de consumo distintos. O lado experimental da marca leva-os a lançar edições especiais, em lata, cujas produções não ultrapassam as 1500 unidades. Destaca-se ainda a gama On Oak, em que as cervejas são envelhecidas em barrica.

A cervejeira soma quatro tap rooms: Braga, Vila Verde, Ponte de Lima e Porto.

Durante este ano, a Letra conta com novidades sobre a sua associação a restaurantes e chefs, apostando no conceito de harmonização das suas cervejas, com menus e pratos de vários espaços de restauração. Tendo começado a exportar em 2018, e registado um bom crescimento em 2019 (cerca de 10%), acabaram por sofrer com os efeitos causados pela pandemia, como aconteceu com a maioria dos negócios. Contudo, em 2022, voltaram a crescer, 6% na exportação, e esperam que em 2023 consigam alcançar a percentagem de há quatro anos.

Com Letraria em Braga, Ponte de Lima, Vila Verde e Porto, Filipe Macieira confessa que têm “como interesse explorar a área de Lisboa”. Alargando os horizontes para lá da zona Norte, a Letra quer ser cada vez mais uma marca “do Minho, para o mundo”.




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