João Sancheira, eleito Bartender do Ano: “Cada cocktail é uma viagem”

João Sancheira, eleito Bartender do Ano: "Cada cocktail é uma viagem"
João Sancheira.
Sempre sonhou ser dono de uma destilaria, mas a mixologia virou as atenções deste caldense de 33 anos para os cocktails. A trabalhar há meia década em dose dupla, nos bares lisboetas A Tabacaria e Vila Bica, João Sancheira foi agora eleito o Bartender do Ano a nível nacional na World Class Competition 2021. Em julho, representa Portugal na final mundial, que diz ser “a mais complexa competição de mixologia”.

Foi eleito World Class Bartender of the Year Portugal 2021 e vai representar o nosso país na final mundial, que decorre de forma virtual de 5 a 8 de julho. Como é que recebeu esta distinção?

Fiquei surpreso, a competição é feroz. Há ali pessoas com muita qualidade. Mas muito orgulhoso, porque trabalhei para isso. Já acompanhava a prova há quatro anos e estudei bem o que costuma ser valorizado. Trabalhei para isso. Este ano, senti-me confiante para participar.

Na final nacional, estiveram seis bartenders portugueses. Como foram as provas que ditaram a vitória?

Fomos avaliados em três etapas. Uma prova cega onde provámos cocktails e espirituosos e tinhamos que dizer os ingredientes que os compunham; uma speed round em que elaborámos seis cocktails em seis minutos; e uma terceira de criatividade, na qual escolhemos um ingrediente local como base para cinco cocktails. Usei a ameixa amarela, por estarmos na sua época, e trabalhei-a em 13 técnicas diferentes.

Quão importante é representar Portugal na World Class Competition 2021?

Muito importante. Não vou dizer que é a maior, mas para mim é, sem dúvida, a mais complexa competição de mixologia, por medir várias métricas de como se ser um bom bartender, do sabor à eficácia, rapidez, criatividade, presença no bar, hospitalidade, etc.

João Sancheira vai representar Portugal na World Class Competition 2021.

Ainda antes da final, de 22 de junho a 4 de julho, a capital vai acolher a World Class Cocktail Festival Lisboa, que vai dar a conhecer as criações de bartenders em 30 bares e restaurantes da cidade, à semelhança do que vai acontecer em locais como São Paulo, Roma e Sydney.

Sim. Eu farei parte dela também, com os dois espaços onde trabalho. Teremos cocktails n’A Tabacaria e um menu de harmonização de cocktails e petiscos no Vila Bica.

Estas e outras iniciativas são uma ajuda vital para os bares, um dos mais afetados pela pandemia?

São bastante importantes. Não só pelas dificuldades que vivemos nos últimos tempos, mas também para podermos mostrar a seriedade do nosso trabalho. Muitas vezes, o bartending é menosprezado. Os bartenders devem ser levados a sério, como são os chefs de cozinha. Não estamos só a servir copos. Criamos experiências.

Como e quando é que acordou esta paixão pela mixologia?

Há uns seis anos. Na altura, não sabia o que era a mixologia. A minha paixão vinha dos espirituosos, do whisky, da tequila, do rum. Sempre tive o sonho de ter uma destilaria. Para me aproximar desse mercado, enverguei pelo bar. Só que descobri a coquetelaria a sério e o bartending. Apaixonei-me. Hoje sinto-me um privilegiado. Ser bom bartender é como ser bom anfitrião em casa. É todos os dias fazeres amigos com a tua hospitalidade, do teu trabalho.

O bartender trabalha em dois bares lisboetas, Tabacaria e Vila Bica.

Tem outros projetos em mente para breve…

Estou a criar uma horta comunitária para bartenders, em Vialonga, onde podemos cultivar frutas e vegetais para usar os nossos cocktails. Vamos reunir lixo orgânico dos nossos espaços para fazer compostagem. Além disso, quero organizar eventos com convidados onde servimos cocktails, e vou atribuir 50% dessas vendas a bartenders desempregados.

Para si, o que faz um cocktail perfeito?

Isso é relativo. É como a beleza de alguém, depende do gosto de cada um. O que funciona para mim pode não funcionar para outro. Pessoalmente, gosto de coisas mais ácidas. Mas um cocktail perfeito tem que ser equilibrado, tem que ter princípio, meio e fim.

Como uma história…

Sim. A experiência começa logo visualmente, quando o cocktail chega à mesa. Depois, prova-se e sentem-se alguns sabores. Pelo meio, já se sentem outros, com a transformação do sabor na boca. E no fim, ter um final de boca alocado a outros sabores. O que eu pretendo é dar emoções às pessoas, transportá-las para memórias de infância ou outras marcantes. Cada cocktail é uma viagem.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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