Há uma ‘nova’ cave de vinhos do Porto para visitar

O centro de visitas da Poças Júnior, na parte alta do centro histórico de Vila Nova de Gaia, é novinho em folha. Mas, lá dentro, as rotinas mantiveram-se como sempre e as mangueiras, as máquinas e o engarrafamento estão à vista de todos. Já era tempo de a casa centenária, fundada em 1918, abrir as suas portas ao mundo.

De trabalho todas as caves são, mas na da Poças Júnior, a alguns me­tros da Avenida da República, está tudo à mostra. No armazém da centenária casa de vinhos do Porto e do Douro, aberto ao eno­turismo desde junho, é possível ver trabalhos que normalmente decorrem nos bastidores, caso das filtragens do vinho ou do engarra­famento.

«A intervenção que aqui fizemos foi minimal, procurámos manter a essência da cave. A principal preocupação foi que as pessoas não dessem pela intervenção», ex­plica Pedro Poças Pintão, diretor comercial da empresa. O que não quer dizer, vá, que a cave não tenha levado um jeitinho para tor­nar a experiência mais agradável: a ilumina­ção é nova, «compromisso entre as necessi­dades de trabalho» e um efeito mais cénico, e o chão foi pintado com tinta antiderrapan­te. A intervenção arquitetónica ficou a cargo de António Mota.

Normalmente, o visitante entra logo para o armazém, mas tratando-se de um grupo este é convidado a subir à sala de provas, término natural da visita. Mal passam as portas que dão acesso à cave, os narizes são invadidos pelo ca­raterístico cheiro a vinho. Há mangueiras pelo chão e rotinas de trabalho em curso.

«Os visitantes ouvem falar da história desta empresa familiar, e de como hoje há seis membros da família ativos na gestão, da região do Douro, do clima e do ter­roir durienses e dos diferentes ti­pos de porto. E explicamos-lhes por que motivo os vinhos têm di­ferentes teores de açúcar», conta Maria do Céu Gonçalves.

Segun­do a diretora do centro de visitas, o momento alto do tour é a passa­gem pela tanoaria, onde o senhor Barbosa trabalha à vista de todos. Sempre assim foi, não mudou por haver visi­tas, sublinha.

Tudo isto enquanto os olhos se maravilham com as 790 pipas onde envelhecem os tawnies e os colheita antigos que fazem a reputação da casa.

Ao todo, estão ali armazenados dois mi­lhões de litros de porto – o stock total da em­presa ronda os quatro milhões. «O 1964 é o colheita mais antigo que aqui temos. O vinho mais antigo é um blend sem data mas que te­rá, seguramente, à volta de 80 anos», detalha Pedro Poças Pintão.

Na sala de provas, esperam os visitantes dois portos reserva, normalmente um bran­co e um tawny, sendo possível, sob consulta provar outros vinhos do portfólio da Poças e fazer provas específicas, com queijos ou cho­colates, por exemplo. Neste espaço novo, salta à vista a enorme mesa de madeira vinda de ca­sa do fundador, Manoel Domingues Poças Jú­nior, bisavô de Pedro. Também era dele a má­quina de escrever Underwood Standard que se vê à entrada do centro de visitas.

Na decoração desta zona, foram aproveita­dos outros móveis antigos da em­presa e na escadaria brilha uma pu­blicidade antiga ao Lacrima Christi. As esculturas que se veem espa­lhadas pela sala de provas e pe­la receção são da autoria do de­signer Luís Mendonça. «Metáfo­ras em torno do vinho. Uma série que já vai em seis e que começou com um desafio para decorarmos montras de lojas tradicionais em Lisboa, antes de abrirmos a cave ao público», explica Pedro.

Porquê abrir agora as portas ao público? Havia cada vez mais gente a pedir para fazer uma visita e estava na hora. «Estávamos a pas­sar ao lado de uma boa oportunidade», parti­lha o diretor comercial daquela que hoje é uma das poucas casas de vinho do porto cem por cento portuguesas.

 

Centro de visitas da Poças Júnior (Vila Nova de Gaia)
Rua Visconde das Devesas, 186. Tel.: 223203257
Web: pocas.pt. Das 10h00 às 17h30; entre maio e setembro, até às 20h00. Não encerra. Preço: 3,50 euros por pessoa (inclui prova).




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