Dez vinhos para acompanhar caldos, açordas e migas

(Orlando Almeida / Global Imagens)
Em rigor, uma sopa é sinónimo de caldo de pão ensopado, e o povo advoga em adágio a deliciosa afirmação que é no fim da sopa molha-se a boca.

A história da mesa portuguesa mais requintada defende de certa forma que nada se deve beber até que a etapa inaugural da refeição esteja completa e a gosto. Mas que dizer ao génio que foi o Abade de Priscos ao propor um Madeira seco a acompanhar um consomé fino de aves justamente nessa primeira etapa? E como integrar a maravilhosa e rica oferta de caldos de origem popular sem a devida assessoria vínica? Momento sem dúvida propício à exploração livre, e na ausência eventual de ideias, aqui ficam as nossas propostas. Boas provas!

Ravasqueira Vinha das Romãs Blanc de Noirs Alentejo branco 2019 (12,5%)
Soc. Agr. D. Diniz

Touriga Franca e Syrah. Vinificação em branco, extração directa da polpa, branca em ambos os casos apesar de se tratar de castas tintas. Estágio de 20 meses em carvalho francês. Ideia interessante, a mesma composição para um tinto e um branco a dar a ideia de vinho de tese. A riqueza de polifenóis assenta com majestade neste prato caldoso.
Preço: 18 euros

Vinha de Saturno Alentejo tinto 2017 (14%)
Monte da Cal

Touriga Nacional e Syrah. Osvaldo Amado tem-se mostrado um grande criador de vinhos brancos e espumantes, e agora surpreende com este incrível tinto de grande guarda, do terroir que traz sempre no seu coração e que prima pelo fino equilíbrio entre acidez e taninos. Genial para fazer frente à copiosa e amada sopa da pedra à maneira de Almeirim.
Preço: 25 euros

Maçanita Folgasão Douro branco 2020 (12,5%)
Maçanita Vinhos

100% Folgasão. VInha a 480 metros de altitude. A casta Folgasão é a mesma que na Madeira dá pelo nome de Terrantez, os estudos que os indefectíveis irmãos Joana e António Maçanita demonstram-no vastamente. A nós mortais cabe-nos a tarefa de perceber a validade deste vinho único à mesa, e um caldo gordo e copioso como é a canja de galinha é a ligação ideal.
Preço: 19 euros

O Enólogo Encruzado Dão branco 2020 (13%)
Casa da Passarella

100% Encruzado. Nada é evidente no mapa mental do genial enólogo Paulo Nunes e tudo fica ainda mais complicado quando se trata de um estreme da porventura casta-rainha portuguesa Encruzado. Está aqui um vinho que é uma proposta para futuro, já que tanto o seu estilo quanto o perfil da casta apontam para o futuro. Para já, o vigor do vinho acompanha bem a sopa do cozido.
Preço: 13 euros

Preguiça Reserva tinto 2019 (13%)
Casa António Fraga

Touriga Franca (50%), Touriga Nacional (30%) e Tinta Roriz (20%). Um dos redutos inefáveis do Douro é a capacidade de assessorar sem se impor os pratos mais complexos. Essa grande virtude é uma mais-valia no encontro com a sopa de cação, em que a força da proteína e a luta de temperos entre si precisa de berço suave e caloroso. Com este vinho a plenitude está garantida.
Preço: 8 euros

Soalheiro Granit Alvarinho Verdes (13%)
Vinusoalleirus

Este vinho continua a assentar na exemplaridade dos granitos de encosta que este produtor vai mostrando nos vinhos matizados que produz. Este é um grande aliado dos caldos monoproteína do mar, e uma açorda de pescada à alentejana, com a inefável base de piso de coentros e alho, demonstra-o na plenitude. Também vai bem com bacalhau cozido.
Preço: 12 euros

Quinta de Monforte Loureiro branco 2020 (12,5%)
Quinta Paradela de Monforte

100% Loureiro. Mão enológica segura e sábia de Francisco Gonçalves que se fixou neste novo produtor como num projecto próprio de vanguarda e que por amizade assumiu como seu. Deste primeiro Loureiro, produzido numa vinha fresca de encosta, saiu um vinho orientado para a mesa, pelo que uma boa caldeirada ou sopa de peixe irá brilhar.
Preço: 9 euros

Quinta do Peto Grande Reserva Douro branco 2019 (13,5%)
Epordouro

Viosinho (30%), Rabigato (25%), Gouveio (25%) e Arinto (20%). Estágio prolongado, 12 meses em barrica, quatro meses em garrafa. Tomate e vinho nutrem entre si uma relação de paixão a que ser humano algum se deve atravessar. O vigor e a incrível acidez fixa do vinho engancham na perfeição com um boa e rica sopa de tomate.
Preço: 27 euros

Palmela Botelharia Setúbal branco 2009 (13,5%)
SIVIPA

Fernão Pires e Arinto, um branco velho muito especial de celebração, mão enológica brilhante e inconfundível de Filipe Cardoso. Ligação muito feliz das notas de evolução – não confundir com oxidação, que não existe aqui – do vinho com a forte substância que uma boa sopa de marisco de base tradicional sempre apresenta. Apetece puxar ainda mais por este vinho brilhante.
Preço: 45 euros

Ameal Loureiro Verdes branco 2020 (11,5%)
Quinta do Ameal

100% Loureiro. A acidez penetrante desta nova edição do Loureiro do Ameal é uma total surpresa, pela personalidade que revela e pela franqueza à casta. Seja com fundo de batata ou apenas expressão de legumes cozidos e o tradicional chouriço, está aqui uma parceria de luxo para o nosso caldo verde. Se quiser e gostar, pode adicionar pétalas finas de toucinho.
Preço: 9 euros




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