Crítica: Encruzados para acompanhar com um queijo da Serra

Para o crítico Fernando Melo, Portugal está a acordar e a reconhecer a excelência e flexibilidade das suas castas brancas. Mais que altura de olhar para a encruzado nos granitos velhos do Dão, companheira indefectível do queijo Serra da Estrela e recordista nacional do envelhecimento.

Exprime-se de forma muito discreta nos primeiros anos, dá-se bem com os rigores gélidos e húmidos do inverno e atinge o seu pleno a partir dos cinco anos em garrafa. Conversa de vinho tinto, dir-se-ia, mas não. O Centro de Estudos de Nelas produziu em tempos uma bateria notável de vinhos brancos estremes da casta encruzado, alguns dos quais hoje com mais de 40 anos de idade. A experiência da prova é inacreditável, a amostra mais antiga era a que tinha as notas frutadas mais presentes, o que contradiz só por si o conhecimento estabelecido sobre envelhecimento de vinhos.

Na verdade, o que sustenta todo o edifício durável da encruzado é a combinação única entre estrutura e acidez. E só no Dão é possível, pelos maciços de granito e quartzo que compõem os solos onde as vinhas estão desde há décadas plantadas. Tanto que é frequente a encruzado dar vinhos com toques salinos na boca, denunciando a presença de granitos velhos. E a forte acidez que consegue atingir em equilíbrio torna-a a mais apta para o corte de gorduras à mesa. Chegue-lhe um queijo Serra da Estrela de meia cura e vai ver como funciona.

Desta vez, vamos longe de mais no que lhe pedimos, porque queremos que compre estes vinhos de encruzado todos (na fotogaleria acima) e que os prove criticamente na sua tertúlia habitual. E tome nota das suas preferências, porque desse exercício vai sair a sub-região do Dão que para si produz os melhores. Por isso, não publicamos a nossa classificação. Tenha em mente que não é a casta que faz o vinho, é a vinha que mostra a casta. Boas provas!

 

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