Francisco Madeira é de Coimbra, mas viveu alguns anos na Alemanha, país de origem da namorada, Mareike. Tencionava encontrar emprego na área de formação, o desporto, mas antes era preciso dominar a língua, pelo que começou por trabalhar em cafés. Entretanto, descobriu o café de especialidade – “com mais qualidade e muito mais ético e justo do que um café comercial” -, e foi uma viagem sem retorno: quando o casal rumou a Portugal, ele decidiu abrir o próprio negócio. Fica no Terreiro da Erva, na Baixa, e chama-se Nau Coffee, em referência às naus que fazem parte da história nacional, permitindo, ao mesmo tempo, um trocadilho com a palavra inglesa “now” (agora).
“Coimbra é pequena, mas, devido à Universidade, há sempre muitos estudantes Erasmus e trabalhadores internacionais que estão habituados a uma cultura de café completamente diferente daquela que a cidade estava preparada para oferecer”, defende Francisco, cuja aposta parece ter-se revelado certeira. Às primeiras horas da manhã, já a esplanada se enche de clientes de diversas nacionalidades. O inglês é uma língua muito falada, naquele espaço com decoração assente em tons náuticos e imagens ligadas ao mar, acusando o toque de Mareike.
A ligação à Alemanha e às pessoas com quem Francisco aprendeu sobre café de especialidade mantém-se, tanto que, enquanto não monta a sua empresa de torrefação, continua a trabalhar com elas, sob o nome Cycle Roasters, explica. No Nau Coffee, vende-se sacos com diferentes variedades de café, sendo as receitas desenvolvidas em conjunto, ao abrigo daquela parceria; e dispensa-se julgamentos quanto à maneira “certa” de o beber – aliás, sobre a mesa repousa um açucareiro, para usar a gosto.
“Café de especialidade para todos é o conceito do Nau”, sublinha o mentor do projeto, que tanto disponibiliza o clássico espresso como latte de caramelo ou baunilha, cappuccino e outras propostas (a cada mês surge uma nova, adequada à época – em agosto, é o “iced cracked latte”). As bebidas quentes levam desenhos feitos com espuma, do coração ao mais elaborado cavalo-marinho. Na Alemanha, “havia umas competições, toda a gente queria fazerlatte art”, lembra o responsável pela casa, aberta a animais de companhia – para os cães foi criado até um “puppyccino”, servido em copo de cartão.
A oferta engloba ainda cocktails, vinhos, sumos e um pequeno menu de brunch à base de comidas frias, com destaque para as torradas (inclusive, vegetarianas, como as de abacate ou burrata e nozes). Em setembro, chegam as baguetes frescas, prontas a levar, em resposta aos pedidos dos clientes.
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