Cinco novos bares para conhecer no Porto e em Gaia

O bar Torto, no Porto, aposta nos cocktails. (Fotografia de Pedro Correia/GI)
São bares para todos os gostos: uns mais escuros, outros mais luminosos; com aposta nos cocktails de autor ou nos vinhos naturais. Em comum, todos têm a missão de proporcionar bom ambiente para um brinde. Conheça as novidades no Porto e em Gaia.

Champ’s da Baixa
Sangria e petiscos em ambiente exótico

PORTO O Champ’s da Baixa mudou-se da Picaria para a Rua do General Silveira, e ganhou novos cocktails e uma carta de petiscos maior. A sangria, essa, é a mesma de sempre. Ana Luísa Santos

 

Num cenário tropical pontuado por palmeiras e fetos, onde, ao longe, se recorta a silhueta de uma cordilheira, um leopardo de pelagem dourada parece caminhar vagarosamente sob uma garça em pleno voo. É esta paisagem que recebe quem entra na nova morada do Champ’s da Baixa, que após ter deixado o pequeno espaço na Rua da Picaria se instalou na Rua do General Silveira, em novembro do ano passado, num lugar maior, igualmente cheio de personalidade.

Partindo de “uma garagem”, com paredes de cimento, Rui Botelho e Bruno Gomes tentaram “criar um ambiente de conforto, com algumas referências pessoais, que transportasse para lugares exóticos”. E conseguiram. A sala a meia-luz embalada pela música easy listening, as paredes terracota, os espelhos em arco, os sofás em veludo rosa, o belíssimo candelabro de cristais do século XIX, a pintura executada por Bruno, e até os resgatados aquecedores antigos conferem ao novo Champ’s um ar boémio e acolhedor, onde apetece ficar a bebericar a sangria de morango que deu fama à casa, já lá vão dez anos, ou um dos novos cocktails como o Champ’s, com infusão de hibisco, maracujá, morangos e rum. Há ainda uma extensa lista de vinhos, espumantes e champanhes.

Mas nem só de bebidas se faz esta casa, que também serve quem queira matar a fome com um petisco, ou mesmo jantar, sem grandes formalismos, no interior ou na pequena esplanada. A carta, também obra de Bruno, faz-se “de uma recolha de várias experiências tanto em Portugal como no estrangeiro”, e têm tido boa aceitação sobretudo os tacos, de pato confitado e romã, de camarão e de galinha. Que podem ser precedidos pelo crostini de mozzarella, pela burrata com chutney de figos, pelo tártaro de salmão e ponzu, ou, optando-se por algo doce, pela panacota de citrinos e crumble de pistácio.


Dona Mira
Um cantinho carioca no Bonfim

PORTO O casal de músicos cariocas Carlos Fuchs e Valéria Lobão instalou-se no Porto em 2018 e o ano passado abriu o café-bar Dona Mira, no Bonfim, onde música, artes visuais e literatura convivem com uma carta feita de vinhos de pequenos produtores, cocktails, cerveja artesanal, tostas, saladas e pão de queijo artesanal. Luísa Marinho

 

Valéria e Carlos começaram a pensar em sair do Brasil no dia do impeachement da antiga presidente Dilma Rousseff. “Foi um dia muito emblemático, muito desanimador”, lembra a cantora Valéria Lobão. Carlos Fuchs, o seu companheiro, tinha um estúdio de gravação de referência no Rio de Janeiro, o Tenda da Raposa, por onde, durante duas décadas, passaram muitos músicos, lembranças que encaixilharam e penduraram nas paredes do Dona Mira, café-bar que abriram no verão passado.

Foi em 2018 que chegaram a Portugal, deixando para trás a sua casa onde funcionava o estúdio, em Santa Teresa, bairro de artistas, “a Montmartre carioca”, refere Carlos. “Foi muito doloroso desistir do projeto do estúdio, mas o desejo de sair foi maior”, conta Carlos, que além de produtor é compositor e pianista. Quando chegou ao Porto, associou-se ao estúdio portuense Arda Records. Mas com os altos e baixos da pandemia, cresceram as saudades do convívio diário com artistas e músicos.

“Sentíamos falta de abraçar as pessoas. No Rio, a nossa casa vivia habitada por músicos, em festa permanente. Era uma grande celebração. E foi um pouco o que tentamos fazer com o Dona Mira”, conta. Quando descobriram o espaço no Bonfim, este era um café de especialidade que estava para trespasse. Gostaram do café e do seu jardim e ficaram com ele no início do ano passado. Mas decidiram mudar quase tudo. À parte de cafetaria, que continua a servir os cafés da 7G de Gaia, acrescentaram vinhos de pequenos produtores, cervejas artesanais, whiskys, cocktails clássicos e de criação própria, como o recente Cadê Deidei?, com whisky, triple sec, Kahlua, angostura, espresso e twist de laranja. As comidas – tostas, sanduíches e saladas – têm nomes de personalidades da arte e da cultura. Além de recordarem os tempos da Toca da Raposa, há sempre e apresenta-se aquela que dá nome ao espaço – Mira Bank Fuchs, a avó violinista de Carlos que fugiu da Lituânia para o Brasil e ajudou a fundar no Rio de Janeiro a Orquestra Sinfónica Brasileira. Talento de excelência corre na família.


Tribuna
Muito mais do que um sports bar

VILA NOVA DE GAIA Ver futebol, beber cervejas internacionais e usufruir de uma carta feita de boas carnes e outros petiscos de influência americana e ibérica é o que se pode fazer neste espaço singular. Luísa Marinho

 

Gaia não tinha ainda um sports bar que também fosse referência de boa comida, por isso Albano Pereira decidiu abrir um. Depois de ter passado pelo grupo Esquina do Avesso, onde trabalhou como chef de bar nos seus vários espaços, incluindo a steakhouse Terminal 4450, decidiu lançar-se por conta própria. Juntamente com dois amigos – André Simões, futebolista do AEK, de Atenas, e Tiago Assis – criou um sports bar tendo em conta a excelência gastronómica. Foi buscar o chef João Santos, que também já tinha passado pelo Terminal. “Estivemos três meses em obras e abrimos em janeiro de 2020, dois meses antes da pandemia”, conta Albano. Os apoios, o take away e as entregas ao domicílio conseguiram manter o restaurante em funcionamento. “Quando acabou o confinamento e pudemos reabrir, muita gente veio cá precisamente porque encomendava a nossa comida”, diz.

A carta foi desenhada tendo em conta a partilha. Principalmente em cortes de carne como o tomahawk ou costeletão. Também várias propostas de hambúrguers, destacando-se a de carne maturada. Nachos gratinados com cheddar, tártaro de carne picada acompanhada com folha de arroz e rabanete são outros dos petiscos disponíveis, uma mistura de cozinha mexicana, americana e ibérica, como define Albano. Para beber há muitas cervejas internacionais, cocktails clássicos e também vinhos.

Com 16 grandes ecrãs, o Tribuna é mesmo um bar para se ir ver futebol e não só. A decoração remete inequivocamente para o desporto: há bolas de futebol e andebol autografadas, t-shirts de jogadores, um cantinho dedicado ao boxe – com cordas de ringue, um pequeno banco e o cartaz de um dos clássicos confrontos entre Joe Frazier e Muhammad Ali. Não é por acaso que foi o desporto o tema escolhido. Albano é formado em Educação Física e jogou andebol durante vários anos. Aliando isto ao seu gosto pela restauração, está aqui como peixe na água.


A Cave do Bon Vivant
Vinhos naturais ao som do rock

PORTO O francês Stan Wallut é um apaixonado por rock e por vinhos naturais. Na Cave do Bon Vivant, wine bar que abriu no verão passado, junta as duas paixões e a alegria de viver. Luísa Marinho

 

Quando se entra na Cave do Bon Vivant, o alegre Stan Wallut, proprietário e mestre de cerimónias da Cave do Bon Vivant, wine bar em Santa Catarina, entrega um copo que será preenchido com um dos muitos vinhos naturais que se encontram dispostos nas paredes. Stan é francês e depois do sucesso das suas duas garrafeiras em Paris, dedicadas ao universo dos vinhos pouco intervencionados, decidiu instalar um wine bar no Porto.

Guitarrista e amante de rock, foram mesmo as relações musicais que o trouxeram a Portugal. “Tenho uma banda punk e o baterista que é o meu melhor amigo abriu aqui a Oficina dos Rissóis. Também se casou cá e eu vim ao casamento. Foi aí que me apaixonei pela cidade”, conta. Está cá há dois anos e em agosto abriu a Cave do Bon Vivant, reflexo dos seus gostos, tanto pela música ambiente – sempre rock nas suas diversas vertentes – e a que se vai tocando em jam sessions, na sala de baixo, onde está a bateria.

Para beber, além das muitas garrafas de vinhos portugueses, italianos ou franceses expostas na parede e com o preço indicado, há sempre algumas garrafas abertas para quem quiser apenas um copo ou provar várias referências.

E é normal que a mesma referência não fique disponível por muito tempo. “Não quero concorrer com a grande distribuição. Os vinhos que temos aqui são pequenas produções, por isso a seleção muda todos os meses”. E é sempre uma luta, refere, encontrar novos produtores, visto que a produção de vinhos pouco intervencionados em Portugal ainda ser pequena.

Para acompanhar o vinho, há uma carta de comidas, tanto de petiscos como de pratos, criados pelo chef Pedro Morais, que têm sempre em conta o produto fresco e sazonal e a confluência entre as cozinhas de França, Portugal, Espanha ou Itália. Caldo verde, pimentos de Padrón, ostras, mexilhões ou carpaccio de magret de pato são algumas das propostas, que, tal como o vinho, vão alterando. Uma das mais-valias do espaço é o terraço, que vai agora entrar em obras para estar pronto quando o tempo começar a aquecer.


Torto
Um bar que não se quer direito

PORTO A Baixa da cidade tem um novo inquilino. O Torto é um bar de cocktails que assume a informalidade como forma de estar, a urbanidade como estética e as “imperfeições” como lema. Luísa Marinho

 

Mal se entra no Torto, aberto desde outubro passado, percebe-se que se está num bar sem formalidades. Aqui é para se estar à vontade, para se ser mimado e beber cocktails “fora da caixa”, entre duas paredes grafitadas. Já há 25 anos no mundo da noite – tendo passado pelo Lux, Plano B, Gare ou Indústria – Pedro Segurado abraça agora este projeto com outros sócios, parceiros do Selina.

O ano passado, Vando Montenegro convidou-o para explorarem este espaço, no Edifício Árabe, na Rua José Falcão, onde antes tinham funcionado outros bares. “O desenvolvimento foi orgânico. O espaço já tinha sido pensado para ser um mini-clube, pelo Selina, projeto que foi gorado pela pandemia. Eu tinha ideias sobre o que fazia sentido no contexto atual da cidade”, conta. A ideia era ter “uma oferta de elevada qualidade em termos dos produtos” – os cocktails – aliando isso à informalidade. “Há sítios incríveis para beber cocktails, mas são mais clássicos, nós queríamos algo relaxado, nunca descurando a questão do serviço e dar sempre atenção ao cliente”, diz.

Quanto aos cocktails, explica do chef de bar José Mendes, foi pensado um menu que “não fosse básico”, até porque a equipa é feita de “excelentes bartenders, bastante ambiciosos”, acredita. “Queríamos ter ingredientes fora da caixa, como cenoura preta ou beterraba amarela, e transformá-los em bebidas agradáveis para toda a gente, tendo como base cocktails que as pessoas conhecem”, diz. Um dos exemplos é o JJ Make My Day, com beterraba amarela, curcuma, gengibre e whisky, “que vai buscar os sabores do moskow mule, super refrescante”, refere. Uma novidade na cidade são os cocktails à pressão. “Não são nada de novo em termos mundiais mas cá, que eu soubesse, não havia”, diz. Das três torneiras saem “highballs” à base de whisky, no caso Johnnie Walker Black label. Um com limonada de rooibos, outro com cáscara e framboesa e mais um com lima, menta e citronela. Na criativa lista de petiscos há finger food à portuguesa, como croquetes de cozido com pickle de nabo ou jardineira em brioche de batata.

Na música que aqui se ouve, a qualidade e a diversidade são também as premissas. Ana Pacheco, que já trabalhava na programação do Selina e de outros espaços foi convidada para fazer a curadoria das noites de quintas, sextas e sábados, onde há sempre djs convidados e até “algumas coisas ao vivo, que ainda são a excepção mas que pode vir a ser regra”, diz Pedro.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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