Cervejeira ucraniana Pravda chega a Marvila com estilos para todos os gostos

A Pravda tem várias cervejas à pressão, a copo e em garrafa. (Fotografia de Rita Chantre)
Yuri Zastavny mostra a verdade (“pravda”) de que são feitas as cervejas artesanais ucranianas na nova cervejaria descontraída e pet-friendly de Marvila. À pressão, em lata ou em garrafa, há estilos tanto para iniciantes como para habitués mergulharem neste universo.

Os mais de três mil quilómetros que separam Lviv de Lisboa não impedem o ucraniano de 53 anos Yuri Zastavny de mostrar que “a Ucrânia, o maior país da Europa, é rica em botânicos, competências e criatividade” mais do que valiosas para produzir “cervejas de topo”. E elas aí estão, desde que no final de setembro o produtor expandiu a Pravda para a capital portuguesa, num pequeno espaço de estética urbana e industrial – como a de Marvila -, que se agiganta em sabores e patriotismo contra a guerra. O conflito limita-lhe os movimentos, mas não o derruba.

Formado em economia e gestão, Yuri trabalhou para multinacionais ligadas à agricultura antes de fundar a Pravda, em 2014. “Sempre adorei cerveja, e para entender a produção, tive várias formações na Brasserie de la Senne e na De Ranke, na Bélgica”, com o intuito de introduzir no país várias cervejas do mundo moderno, conta, por email. Volvida uma década, cujo arranque foi no Pravda Beer Theater, sala de espetáculos no centro histórico de Lviv, onde já se produz cerveja desde a época medieval, abriu dez espaços, fez 500 cervejas e continua a exportar.

“A Putin Huylo [que em tradução livre pode ser entendido como “Putin Estupor”] foi a cerveja que deu exposição internacional à Pravda e é das mais vendidas”, diz por sua vez Cláudio Cruz, uma das quatro pessoas que ajudaram a montar a loja em Marvila. O rótulo, desenhado por um artista, chegou mesmo a ser usado em garrafas convertidas em cocktails molotov, logo após o início do conflito, como forma de os civis ajudarem as tropas contra os tanques russos. Já antes, durante a pandemia, Yuri revelara a sua resiliência ao vender cerveja em take-away.

Do balcão – dotado de um sistema, comum na Ucrânia, capaz de gaseificar garrafas de um litro para que a bebida, guardada no frio, mantenha a qualidade até 48 horas – saem por norma oito cervejas à pressão, produzidas em Lviv e entregues em barris ultraleves. Um quadro na parede ajuda a consultar o estilo (Blanche, IPA, Spiced Ale, Lager, Blond Ale, Golden Ale e Stout), IBU (nível de amargor conferido pelo lúpulo) e teor alcoólico de cada cerveja. Cláudio desmistifica a inevitabilidade de as criações artesanais serem sempre mais pesadas, intensas e encorpadas.

Na Pravda, os clientes encontram ainda 15 referências em lata e outras nove em garrafa, como as Wild Ale, estagiadas em barricas de vinho e lacradas com cera. Bons pretextos para picar batatas fritas, frutos secos e tiras de chouriço com amigos, enquanto se joga analogicamente. A sala, a que não falta uma bandeira do país, surge decorada com as vibrantes cores da arte urbana e pode vir a receber sessões de cerâmica e poesia ligadas à cerveja, e novos rótulos. É um novo ponto no circuito cervejeiro, que os vizinhos Fermentage e Dois Corvos encorajam.

 

Pravda Lisboa
Rua Afonso Annes Penedo, 18 (Marvila)
De terça a quinta e ao domingo, das 15h às 23h.
Sexta e sábado, das 15h às 01h.
Web: www.pravda.beer/en/
Cervejas a partir de 4 euros/à pressão e em lata; 5 euros/garrafa; e 8,99 euros/1l.



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