Bubble tea: a origem do chá de bolhas, cada vez mais popular

One Two Tea, Porto. (Fotografia de Igor Martins/GI)
A origem é incerta, algures a Oriente. O conteúdo, para lá do chá, uma surpresa. O êxito, país a país, incontestável. Conheça as histórias do chá de bolhas, o bubble tea.

Generosos copos de plástico, cheios de bebidas coloridas e bolas pretas, prontas para serem sorvidas por uma palhinha grossa, nas mãos de jovens e (cada vez mais) adultos são uma visão recorrente nas cidades de Lisboa e do Porto. Fotografias e vídeos de bubble tea circulam com frequência em aplicações como o Instagram e o Tik Tok – sobretudo partilhados por públicos mais jovens – e até já existe um emoji em sua homenagem. O bubble tea ou chá de bolhas em português, tornou-se popular na Europa na última década, especialmente nos grandes centros urbanos, mas esta bebida de sabores e texturas peculiares não é recente.

As origens do bubble tea – também conhecido por boba, nome igualmente atribuído às pérolas e às esferas -, que na sua forma mais simples junta chá, leite e pérolas de tapioca, estão envoltas em mistério, como afirma Edward Jones, repórter do jornal “Taipei Times” e autor do artigo “Who invented bubble tea?”. Tudo indica que o fenómeno tenha começado na década de 1980, mas, à época, referia-se-ia a algo um pouco diferente.

“Feito tanto com chá preto como como chá verde, o chá era adoçado com xarope de açúcar e depois agitado com gelo, num misturador de cocktails, para arrefecer o chá e produzir uma abundante espuma de bolhas no topo do copo”, refere Jones. “A determinado momento, as bolas de tapioca mastigáveis foram adicionadas ao chá de bolhas, resultado no ‘pearl milk tea’, a bebida comum que conhecemos hoje. Duas cadeias rivais de casas de chá de Taiwan – Hanlin Tea Room em Tainan e Chun Shui Tang em Taichung – afirmam ter criado a bebida borbulhante.”

Bubble Lab Factory, em Lisboa. (Fotografia de Paulo Spranger/GI)

A disputa entre as duas cadeias, que chegou mesmo aos tribunais, foi infrutífera. Dado que nenhuma patentou a criação, a bebida acabou por chegar aos menus das casas de chá taiwanesas na década de 90.

No mesmo artigo, Jones apresenta uma teoria alternativa, que remonta a uma bebida gelada/sobremesa chamada cendol ou chendol, que era consumida na Malásia Britânica (atualmente, Singapura e Malásia). Fios gelatinosos, “habitualmente feitos à base de farinha de arroz ou sago, são adicionados ao leite de coco, que foi adoçado com açúcar e misturado com gelo”. A receita poderá ter surgido depois dos habitantes daquela zona terem visto expatriados britânicos a colocarem leite no chá. Já as pérolas de tapioca terão chegado a Taiwan, possivelmente através da China, e começaram a ser usadas em doces nos mercados noturnos.

Seja qual for a sua origem, o bubble tea bebe-se, atualmente, um pouco por todo o mundo. Junhong Ji, um dos responsáveis do franchise Mr. Box Tea em Portugal, refere que a Alemanha foi um dos primeiros países da Europa a render-se à bebida, corria o ano de 2006. Pouco depois, lojas de bubble tea começaram a pulular por toda a Europa. A Portugal, a moda terá chegado por volta de 2015, altura em que a já extinta Bobalicious abriu em Lisboa. Já no Porto, terá sido o restaurante Bao’s o primeiro estabelecimento a oferecer a bebida, em 2017. No entanto, desde o ano passado que se tem vindo a assistir a uma explosão de aberturas, contando-se atualmente mais de 20 lojas/cafés com a bebida no menu, na Grande Lisboa, e cerca de uma dezena no Grande Porto.

O Bubble Time, em Lisboa. (Fotografia de Diana Quintela/GI)

Em quase todos os espaços há receitas pré-definidas, como o consensual Classic Milk Tea, e a opção de se personalizar a bebida, escolhendo o tamanho (geralmente, há o S, o M, e o L), o chá, o sabor (do xarope ou da fruta), a intensidade do açúcar e o tipo de boba (pérolas de tapioca ou esferificações de ágar com sumo). Os tamanhos dos copos de plásticos – quase sempre recicláveis, ou mesmo biodegradáveis – costumam variar entre os 500 ml e os 700 ml, e tanto podem ser fechados com uma tampa ou maquinalmente selados, espetando-se a palhinha de forma vigorosa na película. Conscientes do enorme gasto de plástico, a maioria das lojas permite aos clientes trazer os seus próprios copos e palhas.

No momento de pedir, há que escolher entre milk tea (chá de leite), fruit tea (chá de fruta) ou latte, uma bebida à base de leite, à qual se junta uma preparação em pó, seja café, chocolate, Oreo ou taro, um tubérculo asiático que fornece uma tonalidade arroxeada à bebida.

Mr. Box Tea, na Rua Mouzinho da Silveira, no Porto. (Fotografia de André Rolo/GI)

Os chás mais comuns são o preto e o verde, embora possa haver outros. Quem não pretender leite de vaca poderá pedir, em grande parte dos estabelecimentos, bebidas vegetais, sendo que as mais comuns são a de soja e a de aveia. Os sabores do bubble tea são dados por xaropes, preparações em pó, compota de fruta ou fruta fresca, e a textura é conferida pelas pérolas da tapioca; pela popping boba, esferificações cheias de sumo que explodem na boca; ou pela jelly, uma espécie de gelatina, mas mais consistente. Havendo complementos podem variar entre queijo creme, brown sugar, chantili ou uma dose extra de café, entre outros.

Se o bubble tea chegou cá para ficar, só o tempo dirá. Mas pelo entusiasmo dos clientes, portugueses e estrangeiros, que formam longas filas à porta das lojas, e pelo ritmo de aberturas dos espaços, parece que a febre se vai manter pelo menos por uns meses.




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