Há 12 lugares sentados. Em pé, cabem mais uns poucos. «Este é o bar de vinhos mais pequeno de Lisboa. Existe um ainda mais pequeno, mas também tem cocktails e whisky», atira Brian Patterson, proprietário do novíssimo Black Sheep, o bar que acaba de abrir no efervescente Príncipe Real, na Praça das Flores. Nesta casa, os escassos metros quadrados não só fazem parte do seu charme como são compensados pela diversidade vínica. Senão vejamos. Na garrafeira do Black Sheep cabem 127 referências – branco, tinto, verde, espumante, rosé e licorosos -, todos de pequenos produtores portugueses, com representantes de norte a sul. Na sua larga maioria, os vinhos são naturais, orgânicos e biodinâmicos, que não se encontram habitualmente nas típicas superfícies comerciais.
O nome, esse, é uma homenagem ao trabalho árduo das pequenas produções vínicas – leia-se as ovelhas negras, face aos gigantes. «São produtores que fazem escolhas, que não estão focados nos números, que têm que trabalhar muito e que têm pela sua frente uma longa estrada para caminhar», explica o dono. É norte-americano, mas a paixão pelo vinho português levou-o a mudar de vida, e mudar-se para Lisboa, há dois anos e meio, em conjunto com a mulher, Jennifer.
O Black Sheep acaba de abrir na Praça das Flores, no Príncipe Real. (Fotografia: Gonçalo Villaverde/DR)
São mais de 120 referências vínicas de pequenos produtores portugueses.
Brian Patterson, dono do Black Sheep.
Desde então, tem percorrido as vinhas nacionais, por todo o território português, aprofundando conhecimento e conhecendo novos produtores. Ainda assim, o know-how de 16 anos ligados ao ramo vínico já lá estava, quando vivia em Seattle, nos EUA, e se dedicava a importar vinho português para aquele país. Apesar da boa intenção, «não existe grande abertura para os vinhos portugueses nos EUA», explica Brian, um apaixonado pelo vinho que se produz no nosso país. O interesse foi despoletado quando conheceu, durante a época da universidade, o seu melhor amigo. «Ele é de Rhode Island, onde há uma grande comunidade portuguesa. Foi ele que me introduziu à cultura, vinho e comida portugueses», adianta.
No Black Sheep, há cerca de dezena e meia de referências de vinho a copo, escritas a giz numa ardósia à entrada, e com preços entre os 3,50€ e os 6,50€. Podem ser acompanhadas com alguns dos petiscos que aqui se trincam. Casos do húmus caseiro, feito pelo próprio proprietário e à base de feijão branco e sementes de sésamo preto; de um queijo de cabra com marmelada; azeitonas ou produtos de charcutaria. O espaço reduzido, e o próprio ambiente da Praça das Flores, que é «único e algo que não se sente em mais lado nenhum de Lisboa», diz o dono, faz com que se possa e deva saborear um copo de vinho também na rua, quer à porta do Black Sheep, quer no jardim desta praça, com vários espaços à sombra e tranquilidade.
A maioria dos vinhos são naturais, orgânicos e biodinâmicos.
Brian e Jennifer trouxeram este Bear, de 12 anos, de Seattle para a sua nova vida em Lisboa.
O bar abriu há dois meses e assume-se como o mais pequeno bar de vinhos de Lisboa.
As garrafas que vestem as prateleiras do novo bar lisboeta – onde antigamente funcionava uma loja de conservas -oscilam entre os 8 e os 63 euros, mas grande parte delas está abaixo dos 20 euros. Podem ser levadas para casa, com desconto no preço de 20%, ou podem ser consumidas aqui, assim como dois ou três cocktails clássicos como o Negroni e a Margarita. Com sorte, ainda conhece o afável e doce Bear, o cão de 12 anos que veio com Brian e Jennifer de Seattle, uma mistura de Leonberger com Golden Retriever. No Black Sheep, de resto, reina o ambiente descontraído e com algum sentido de humor, como se nota numa pequena mensagem fixada atrás do balcão, que, por palavras um pouco mais arrojadas, manda Donald Trump dar uma volta ao bilhar grande.
Black Sheep
Praça das Flores, 62 (Príncipe Real)
Web: facebook.com/blacksheeplisboa
Horário: Das 18h00 às 00h00, de quarta a domingo. Sexta e sábado, até às 01h00. Encerra segunda e terça. A partir de meados de setembro, passa a fechar à terça e quarta.
Preço: vinho a copo desde 3,5€; garrafas de vinho desde 8€.
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