«Foste apanhado em flagrante delitro», lê-se numa das paredes do bar. Foi com a expressão «flagrante delitro» que Fernando Pessoa legendou uma fotografia enviada ao sobrinho de Ophelia Queirós (para reatar o namoro com ela), em que surge a beber um copo de aguardente na «taberna do Abel», como na altura eram conhecidos os armazéns de vinho da Sociedade Abel Pereira da Fonseca, em Marvila.
Décadas volvidas, a história não se perdeu quando Chakall, Sandro Pimenta e Miguel Tojal se reuniram para recuperar o espaço abandonado daquele que foi um dos maiores empresários lisboetas do século XX, dando-lhe o nome de Heterónimo Baar. Não é gralha: o nome resulta das iniciais dos heterónimos de Fernando Pessoa e revela a inspiração portuguesa e autêntica da decoração, que manteve o balcão original da taberna, um telefone antigo e prende a atenção com um poema num livro gigante no teto.
O «outro café da manhã» (aguardente portuguesa, açúcar e limão), servido num copo de galão, mantém viva a rotina de Fernando Pessoa e é um dos oito cocktails criados por Sandro Pimenta em coautoria com Miguel Tojal, da empresa de consultoria de bar Ás de Copos. O bartender dá-os a provar com entusiasmo, mas também não hesita em criar novas combinações a partir das preferências dos clientes – «os portugueses gostam de bebidas doces e vão pelo que conhecem e pelas modas», comenta. Os indecisos podem jogar ao «quantos queres?» para escolher a bebida, e quem preferir não arriscar encontra o vinho Casa Abel tinto e rosé servido diretamente das pipas, à moda antiga. Com permissão para beber com moderação, sem sombra de delito.
Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.
Leia também:
7 restaurantes para petiscar em Lisboa
6 bares com lareira para as noites frias na Grande Lisboa
5 winebars para beber vinho e petiscar em Lisboa