Norte: as cervejas de inverno que chegaram para aquecer do frio

As novas cervejas de inverno para aquecer do frio no Norte
Armazém da Cerveja (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)
Entre os novos sabores de inverno das cervejas artesanais no Norte, em moradas como o Catraio, Armazém da Cerveja, Letraria e Vadia, há notas de castas minhotas, especiarias, abóbora e aveia.

Catraio: beber em conforto

Catraio aproveitou o confinamento para melhorar o seu terraço, no Porto, e preparou-se para o frio com cervejas fortes com muitas especiarias.

Durante os três meses em que esteve de portas fechadas, o Catraio renovou os seus espaços exteriores: o terraço em vários patamares foi durante o verão um chamariz para quem queria voltar aos bares de cerveja artesanal em segurança. Para o frio, um desses terraços foi coberto e tem sido o espaço favorito para se beber algumas das propostas de inverno.

Uma delas é a Wanna taste my ginger man?, da holandesa De Moersleutel, cervejeira com ligações a Portugal, pois é onde trabalham atualmente dois cervejeiros da Dois Corvos, conta David Pais, do Catraio, que selecionou esta série de cervejas de época. Esta é uma Imperial Stout com gengibre, baunilha, canela e cravinho, uma cerveja preta com sabores natalícios. Tal como a 3 Bean Stout, da norueguesa Lervig, onde a baunilha é também ingrediente, aqui a par do cacau e da tonka.

No portuense Catraio, há cervejas com sabor a especiarias para combater os dias frios. (Fotos: Pedro Granadeiro/GI)

O bar de cerveja artesanal fica na Rua de Cedofeita.

Do mesmo país nórdico chega a pastry stout (uma espécie de sobremesa em forma de cerveja) da Amundsen. Chama-se Sticky Little Fingers e combina toffee e canela. O resultado é uma cerveja forte em álcool (13,5%) e bastante doce. Dos Estados Unidos vem a Mexican Cake, da Westbrook, uma Imperial Stout com cacau, baunilha e canela.

Na produção nacional destaque-se a Grilhão, dos Piratas Cervejeiros. É uma Russian Imperial Stout, com xarope de ácer, café e cacau e que tem uma variante com café, cacau, baunilha e bourbon. Já a Luzia, da Mealhada, produziu a winter ale Feliz Cumpleaños Niño Jesús, com adição de ingredientes como canela, gengibre, abóbora, aguardente bagaceira e lactose. Teve uma maturação de nove meses com carvalho francês e ficou cerca de um ano em repouso na própria garrafa. Em breve, avisa David Pais, o Catraio terá mais novidades. Isto porque se aproxima o seu sexto aniversário – finais de janeiro – e já estão a ser preparadas cervejas comemorativas, em parceria com vários cervejeiros.

 

Armazém da Cerveja: cervejas que aquecem

Entre as cerca de 300 referências que se podem encontrar no Armazém da Cerveja, no Porto, nesta época do ano abundam cervejas mais escuras, maltadas e com muitos aromas.

Quem gosta de cervejas fortes e com muitos aromas tem durante o outono e inverno muitas opções. Nas prateleiras e nas taps do Armazém da Cerveja, percebe-se que se está mesmo na época fria. O destaque vai para as “cervejas pesadas com maltes mais tostados e menos lúpulo, mais encorpadas e com alto teor alcoólico”, explica Liliyana Toma, que orienta os clientes atrás do balcão, sugerindo estilos e mostrando as novidades.

Esta imperial stout é uma das novidades de inverno. (Fotos: Pedro Granadeiro/GI)

O Armazém da Cerveja fica situado na Rua Formosa, no Porto.

Um bom exemplo das cervejas da época é a Imperial Stout Coconut & Condensed Milk (cerveja preta com coco e leite condensado), da portuguesa Lupum. Conhecido por produzir cervejas fortes, o cervejeiro de Avintes António Lopes preparou para a época natalícia esta bebida doce, escura, encorpada e de espuma densa, com 12 por cento de teor alcoólico. Pode enquadrar-se nas chamadas “pastry beers” – cervejas-sobremesa – que são exatamente aquilo que o nome diz, sobremesas líquidas. Da Noruega vem outra do género, a Dessert in a Can, da Amundsen. Também uma Imperial Stout, está carregada de chocolate, manteiga de amendoim, caramelo e bolacha. Tal como a anterior é escura, doce cremosa. Voltando à produção nacional, a portuense Burguesa lançou também a sua Winter Ale, com adição de bolacha, maturação com tonka, baunilha e gengibre e ainda açúcar mascavado e lactose.

Quem prefere cervejas mais lupuladas e amargas, continua a ter boas opções na época fria, como a Plug, da catalã Soma. É uma double NEIPA, em lata, muito cítrica e tropical e com aromas resinosos devido ao lúpulo. De estilo parecido é a Further, da britânica Verdant, muito sumarenta, com aromas cítricos e encorpada. Além das centenas de cervejas em garrafa e lata, o bar tem sempre 12 torneiras disponíveis. Tudo para beber no interior do bar ou na esplanada, ou levar para casa. E quem não quiser sair pode encomendar através da loja online que o bar criou em abril: www.armazem.beer.

 

Letra: variedade e imaginação

A par da Imperial Stout do seu catálogo – a Letra G – a cervejeira Letra, de Vila Verde, preparou uma série de cervejas para a época fria.

A Letra G nasceu como uma cerveja sazonal para o Inverno, mas devido ao seu sucesso, está agora sempre disponível”, conta Filipe Macieira, um dos cervejeiros da Letra, cervejeira que não parou de produzir novas referências apesar do ano difícil. Lançou até uma linha nova, a Cervejola, em colaboração com a Adega de Ponte da Barca. Aqui, criam-se cervejas inspiradas em vinho ou em produtos vínicos, como é o caso da Red, que resulta da fermentação do mosto de uvas Vinhão, casta típica de algumas zonas do Minho, com maltes de cevada claros, em conjunto com espelta e centeio. Nesta linha encontra-se também a Old, uma Imperial Brown Ale com elevada intensidade nos maltes, aromas adocicados e notas de caramelo. “No processo de maturação foi adicionada aguardente vínica, previamente preparada com a infusão em lascas de carvalho francês e americano”, explica Filipe.

Francisco Pereira e Filipe Macieira, da Letra. (Foto: Artur Machado/GI)

Uma das novidades da cervejeira.

A ligação ao mundo do vinho também está presente nas cervejas Loureiro e Alvarinho, produzidas em parceria com o enólogo Anselmo Mendes. A segunda é a que mais se adequa à estação. É uma grape ale onde foi utilizado 30% de mosto de vinho da casta Alvarinho e 70% de mosto de malte de Cevada. Este em estágio durante 7 meses em barrica de vinho Alvarinho.

A condizer com a época e para comemorar os sete anos de vida da Letra, há uma edição de aniversário. Uma cerveja maturada em barris de carvalho francês, à qual foram adicionados mirtilos e para intensificar o sabor, explica, e ginja, que lhe imprimiu acidez. Chama-se Letra 7º Aniversário. A Letra G e a Old estão disponíveis à pressão e à garrafa nos bares da marca – o brewpub em Vila Verde, o Letraria Craft Beer Garden, no Porto, e a Letraria Craft Beer Library, em Braga. As outras referências estão apenas disponíveis em garrafa e podem também ser adquiridas na loja online.

 

Vadia: Dez anos com produções colaborativas

O ano do décimo aniversário da Vadia, 2020, não foi como os cervejeiros de Oliveira de Azeméis tinham planeado. Ainda assim, não faltam cervejas novas e comemorativas.

Mesmo com o seu brewpub, em Ossela, temporariamente fechado devido à pandemia, os cervejeiros da Vadia não estão de braços cruzados. O ano do seu décimo aniversário não foi celebrado como desejavam, principalmente por causa da limitação de eventos, mas várias cervejas colaborativas elaboradas para comemorar o número redondo viram a luz do dia. A mais recente foi pensada para a época do frio. A Vadia juntou-se à MOM Brewers e à plataforma From Mogwai to Gremlin para produzir uma Pumpkin Imperial Oatmeal Stout. É uma cerveja preta de aveia, com notas de abóbora e especiarias natalícias.

A cervejeira Vadia.

Dentro do espírito natalício foi também criada a São Nicolau. Esta doppelbock, uma versão mais forte das tradicionais lagers bock, inspira-se no bolo francês “pain d’épices” (pão de especiarias), tendo sido elaborada com infusão de gengibre, canela, noz moscada e anis. De aparência cobre escura e opaca, tem espuma fina e persistente. “O sabor é principalmente doce e maltado, com um amargor final presente mas não dominante”, como explica o cervejeiro Nicolas Billard.

Depois de um verão em que o brewpub abriu para alguns jantares limitados, o bar voltou a encerrar. Entretanto, lançou uma nova loja online – Vadia em Casa-, onde se podem encontrar todas as suas cervejas, incluindo edições limitadas e packs especiais. Também através do site é possível marcar uma visita à fábrica.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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