António Saramago Vinhos: de olhos no futuro, sem perder a identidade

António Saramago Vinhos: de olhos no futuro, sem perder a identidade
António José Saramago nas vinhas em Azeitão, onde fazem as produções da marca. (Fotografia de Carlos Costa/GI)
António José Saramago é o rosto da terceira geração do negócio de família iniciado por António Saramago, o mais antigo enólogo do país, com mais de 50 anos de carreira. Ancorados em vinhos clássicos, é tempo agora de fazer vinhos mais “descontraídos”, diz o filho, de olhos postos no futuro.

“São mais de 50 anos ligados ao vinho. É obra”, nota com orgulho António José Saramago, o filho, sentado no escritório da António Saramago Vinhos, em Vila Nogueira de Azeitão. António Saramago, tido como o mais antigo enólogo em atividade no país, hoje com 71 anos, fundou a empresa em 2002 já levava uns bons anos como consultor de inúmeras casas, um pouco por todo o país.

Tudo começou na José Maria da Fonseca, aonde o avô de António já trabalhava como adegueiro. Talentoso, o pai rapidamente subiu na empresa, passando pelo laboratório e pelo departamento de enologia, até decidir ir, já nos anos 1980, trabalhar naquela que era a mais pequena cooperativa do Alentejo. O projeto que viria a marcar decisivamente a sua carreira foi, contudo, o da Tapada de Coelheiros (Arraiolos), ao qual manteve ligação até ao ano passado.

António José Saramago é o rosto da terceira geração deste negócio de vinhos familiar. (Fotografia de Carlos Costa/GI)

A dificuldade em encontrar o enólogo em Azeitão, por estes dias de vindima, espelha bem a rotina agitada que continua a ter como consultor de várias empresas, especialmente na Península de Setúbal e no Alentejo. “Por o meu pai trabalhar muito na área de produção, quando não está um, está outro”, explica o filho, de 41 anos, enólogo há mais de 20. Em casa “era normal ouvir falar constantemente sobre vinho”. “O meu irmão mais velho não seguiu a área, mas eu fui incentivado e desenvolvi este interesse”, justifica. Cursou Engenharia Agroindustrial no Instituto Superior de Agronomia e no segundo ano já estava com o pai a estagiar, qual enólogo consultor itinerante. Para trás, havia tido um primeiro “contacto consciente” não com vinho, mas com o doce moscatel da Península de Setúbal.

Quilómetros somados de norte a sul do país, sentiu o apelo da terra-natal do pai, Vila Nogueira de Azeitão e fixou-se. Dedicado por completo à António Saramago Vinhos, revela-se apostado em criar vinhos de gama de entrada “mais descontraídos e fáceis de beber”, capazes de ir ao encontro dos gostos dos consumidores, mais viajados e curiosos. Um trabalho feito não sem alguns confrontos de visões comerciais com o pai, mas sempre benéfico para a empresa e para os clientes face à oferta de tintos, brancos, um rosé e um moscatel que têm.


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Os vinhos clássicos, “cem por cento identidade” e de elevado perfil gastronómico – especialmente com pratos do receituário português tradicional – compõem as gamas média-alta e alta. E espelham a riqueza do terroir da Península de Setúbal, marcado por solos ricos e variados e muito próximos do mar, cuja humidade confere uma interessante acidez aos vinhos.

Em termos de castas destaca-se a mais célebre tinta da região – a castelão – aproveitada em toda a sua plenitude na António Saramago Vinhos. “Há um trabalho enorme para fazer com vários tipos de vinhos na região da Península de
Setúbal. Temos de ser mais exigentes, porque a competitividade é muito grande”. Trazer frescura ao negócio sem perder a identidade como produtor é um dos desafios que se colocam, diz António, confiante no futuro.

 

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