António Costa Boal: O instinto que leva ao vinho

António Costa Boal (Fotografia: DR)
Trineto de viticultores do Douro, atirou-se às terras para substituir o pai e dar à família os primeiros vinhos próprios, século e meio depois.

A família de António Costa Boal produzia e vinificava uvas desde 1857, no Douro. Contudo, só 155 anos mais tarde, em 2012, é que ele, descendente desses agricultores, lançou a primeira marca de vinho com o nome da família. Ele próprio, aliás, já trabalhava nas vinhas familiares há dez anos antes de fazer os seus vinhos – na altura, foi a perda do pai que o levou a deixar o curso de Engenharia Alimentar, no Porto, para cuidar das terras herdadas. A essas, em Cabeda, Alijó, foi juntando mais, na região de Trás-os-Montes, a começar por Mirandela – onde nasceu o Flor do Tua [que figura nesta seleção de vinhos] e também as marcas premium Quinta dos Távoras e Palácio dos Távoras – e ainda em Murça e Foz Côa.

Nesse regresso a casa para assumir o lugar do pai no negócio, continuou vários anos a vinificar para outros produtores, implementando a sua dinâmica, até conseguir, em 2012, dar o salto sonhado: “constituir uma equipa de enologia para fazer vinhos de qualidade superior”. O que não imaginava era que esses vinhos estavam já guardados no coração de vinhas velhas abandonadas e degradadas que encontrou na quinta de sete hectares que comprara, em 2011, em Mirandela, para reconverter.

“Eram vinhas completamente abandonadas e havia ali codega de larinha, alicante bouchet, bastardo e um pouco de touriga nacional”, recorda António que, mesmo projetando a reconversão, sentia uma inquietação que não o deixou descansar até pedir a um amigo enólogo, Paulo Neves, que lhe fizesse um vinho com aquelas uvas que, nesse mesmo ano, “deu um vinho espetacular”. E foi assim, do instinto, que nasceu o primeirio Flor do Tua, em 2013, e foi para o lixo o projeto de reconversão da vinha de Mirandela. Atualmente, é dessa vinha velha que saem as marcas premium da Costa Boal – Quinta dos Távoras e Planalto dos Távoras -, e ela será sempre uma joia desta segunda vida da Costa Boal.

“Houve muitas dificuldades e estive quase para desistir, isto não foi fácil”, assinala António Boal, que tem lançado vários vinhos de gama alta (alguns monocasta vinhas velhas, um Planalto dos Távoras “gold edition”), uma gama Flor do Côa das vinhas de Foz Côa e está a preparar-se para engarrafar um tesouro deixado pelos avós, um vinho do porto muito velho. Na calha, está ainda um projeto de turismo rural com forte componente de enoturismo em Mirandela.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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