A campanha vitícola começa agora: 7 lançamentos

A campanha vitícola começa agora, com os primeiros abrolhamentos nas vinhas de todo o país. As novas incertas ainda, sujeitas às ameaças da intempérie, as velhas seguras e sustentadas na idade que é mesmo um posto, e ainda há que olhar para projetos novos onde nunca houve vinha. As boas moções do talento esclarecido são imbatíveis.

Quando há Pêra-Manca, o já mítico vinho alentejano dos granitos junto a Évora propriedade das Fundação Eugénio de Almeida, gera-se uma onde de choque que perpassa Angola e vai direita ao Brasil. Dois países que recebem de braços abertos o topo de gama produzido apenas em anos excecionais, com preço livre a partir do momento em que sai da adega. E acontece que o vinho vale o dinheiro, pelo bem que sabe, pelo equilíbrio e força que apresenta e pela grande capacidade de envelhecimento que tem, aguentando e melhorando por várias décadas. Produziram-se 20 mil garrafas este ano, com um preço de 220 euros à saída da adega. Pedro Baptista e sua equipa de enologia garantem a qualidade do vinho onde nada é deixado ao acaso.

Na frente da inovação e consistência, está também o Invisível, marca que atinge a décima colheita e que é um branco de uvas tintas (aragonez), lançado em jeito de desafio pelo proprietário Duarte Leal da Costa e seu indefetível marechal de campo Nélson Rolo. O mercado acolheu-o com carinho, dentro e fora de portas, e a prova vertical – as diferentes colheitas alinhadas – mostra uma coerência rara, senão única, no domínio dos vinhos produzidos como este, em regime que se diz de bica aberta.

De mais abaixo, em Vila de Frades, acaba de sair o excecional Família 2013 tinto, da Quinta do Quetzal. Além de se tratar de um dos melhores tintos da lavra do enólogo Rui Reguinga, exprime a intenção e paixão do financeiro holandês Cees de Bruijn, com toda a família mobilizada para um projeto único que reune vinho, comida e arte e que tem porta franca para quem quer fazer a experiência plena.

Da excecional vinha da Quinta de Camarate, em Azeitão, Domingos Soares Franco, da José Maria da Fonseca, produz moscatéis, brancos e tintos muito especiais, argila de um lado, areia do outro, espécie de paraíso para um criador de vinhos do seu talante. Em Vila Velha de Ródão, Manuela Carmona decidiu arregaçar as mangas, chamou Rui Reguinga e plantou uma vinha inteiramente nova. Surge o projecto Adega 23, junto à A23, adega revestida a cortiça, arquitetura integrada na paisagem e de que conhecemos agora o primeiro tinto. Já havia rosé e branco, agora está este no mercado. A completar este pequeno e sóbolo périplo, dois projetos bem diferentes, ambos assentes em vinhedos de maturidade e enraizamento incontestáveis. José Lacerda surpreende com uma interpretação quase minimalista da sua Quinta da Estrada, francamente original, e os irmãos Vanessa e Stéphane Ferreira lançam um estreme de touriga franca, de uma expressividade notável. Deixamo-nos embalar, provando e deambulando. Boas provas!

 

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