Restauradores: siga este roteiro independente

No rescaldo de mais um 1º de Dezembro, o feriado que marca a nossa Restauração da Independência, traçamos um roteiro cheio de cultura, gastronomia e curiosidades na zona dos Restauradores, Lisboa.

O 1º de Dezembro – ou o próprio mês inteiro – pode (e deve) ser a desculpa perfeita para a para partir à redescoberta da zona dos Restauradores. Uma Lisboa central, histórica, monumental, que continua a ser capaz de juntar no mesmo quarteirão, ao balcão, o rico e o pobre, o lisboeta e o turista, o prato de cozinha de autor e a bifana, uma casa de Ginja e o Palácio da Independência. E uma piscadela de olho a Espanha, pelos melhores motivos.

Percorra a fotogaleria acima para conhecer – e quem sabe seguir – o roteiro que elaborámos para assinalar, mais uma vez, a Restauração da Independência de Portugal.

 

O roteiro de Anísio Franco

À parte disto, também convidámos Anísio Franco, conservador do Museu Nacional de Arte Antiga e autor do livro Lisboa Desconhecida e Insólita (Porto Editora, 176 pág., 18,80 euros) para elaborar, num texto, o seu roteiro de notáveis e insólitos:

A Praça dos Restauradores é um dos locais que concentra o maior número de edifícios notáveis da capital, e também onde se escondem alguns dos lugares mais insólitos. Situada no início da Avenida da Liberdade, no plano Pombalino, esta zona era a antiga entrada do Passeio Público. O seu nome deve-se aos conjurados portugueses que, em 1640, se bateram vitoriosamente pela restauração da independência. Esse feito é celebrado pelo obelisco no centro do largo, da autoria de António Tomás da Fonseca e Sérgio Augusto Barros, e que tem na base a representação do génio da Independência, de Alberto Nunes, e do génio da Vitória, de Simões de Almeida (Tio).

Façamos um percurso em volta do óbelo. À direita de quem entra no largo fica o hotel Altis Avenida, instalado num prédio de colunas colossais revestidas a pedra, desenhado por Luís Cristino da Silva. De gosto Estado Novo é outro edifício emblemático, o Cinema Condes (onde atualmente funciona o Hard Rock Cafe), com risco de Raul Tojal (1899-1969), de 1951.

Do outro lado da praça, no sentido do Rossio, deparamo-nos com o Hotel Avenida Palace, edifício em gosto afrancesado desenhado por José Luís Monteiro (1848-1943). Este albergue está ligado por um passadiço à vizinha Estação de Comboios do Rossio, para facilitar a vida aos recém-desembarcados. Para acentuar o caráter cosmopolita que pretendia dar ao hotel, Monteiro programou uma galeria comercial, do género das existentes por toda a Europa, para que os transeuntes pudessem cortar caminho entre as duas praças atravessando o edifício por baixo. Este projeto nunca foi concretizado, mas estão lá as duas grandes colunas que sustentam a abertura da entrada.

Anísio Franco é conservador do Museu Nacional de Arte Antiga e autor do livro Lisboa Desconhecida & Insólita, coletânea de tesouros escondidos e histórias bizarras da capital.
(Fotografia: Jorge Amaral/GI)

A seguir ao Palace fica o antigo cinema Éden (de que restam a fachada e a escadaria principal), o mais monumental edifício em Art Deco existente em Portugal, projetado por Cassiano Branco e com relevos da autoria de Leopoldo de Almeida.

Finalmente, ao lado do Éden, vê-se o Palácio Foz, que foi considerado a mais elegante moradia da cidade. Ocupando o antigo palácio dos marqueses de Castelo Melhor, sofreu importantes trabalhos de melhoramento, em finais do século XIX, pela mão do marquês da Foz, que ali reuniu uma das mais importantes coleções de arte francesa existentes em Portugal. Francês é, aliás, o gosto arquitetónico em que o palácio foi recuperado por José António Gaspar, com esculturas de Simões de Almeida (Tio). No interior, existem obras decorativas de Columbano; os bronzes da escadaria são do ateliê parisiense de Moreau, as pinturas murais e grotescos de Luigi Manini e as boiseries de Leandro Braga, que se inspirou, para a sala de baile, na sala dos espelhos do Palácio de Queluz.

É nas profundezas deste palácio que se esconde um dos lugares mais insólitos da capital: sob o andar térreo, onde foi a Pastelaria Foz, conserva-se o que resta do antigo restaurante Abadia, decorado num estilo revivalista gótico ou manuelino. Parece que neste sítio, que apresenta elementos decorativos com alusões crípticas a sociedades secretas, chegaram a reunir-se os Makavenkos, famoso grupo de folgazões hedonistas fundado em 1884.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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