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Viagens pelos segredos dos jardins

Jardim Botânico do Porto (Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

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Monte Palace Madeira: a arte de criar um jardim do Mundo

O Monte Palace Madeira reúne plantas da floresta Laurissilva, oliveiras milenares do Alqueva e espécies exóticas de várias latitudes. Pelo meio, há ainda dois jardins orientais, um antigo hotel, o vaso mais alto do planeta e muitas obras de arte.

O Monte Palace Madeira ergue-se a 550 metros de altitude, no Monte, freguesia do Funchal conhecida pela vertiginosa descida de dois quilómetros em carros de cesto manobrados por homens cujos travões são as botas com sola de pneu. Viagem distinta, mais contemplativa, é a que se faz naquele jardim tropical de sete hectares, onde se ouve água a correr, melros pretos a cantar, e se aprecia obras de arte em cada recanto.

Graça Lopes, guia intérprete oficial que alia ao conhecimento da ilha um indisfarçável gosto por plantas, ajuda a identificar as espécies que se distribuem, aos milhares, por aquele espaço, que merece uma visita com tempo. Há flora nativa, exemplares característicos da floresta Laurissilva, classificada como Património Mundial Natural, mas também oliveiras milenares resgatadas do Alqueva, aquando da construção da barragem, e uma extensa coleção de plantas exóticas.

Em destaque está ainda uma casa apalaçada, com vista sobre a baía do Funchal, que funcionou como hotel, de nome Monte Palace, entre 1904 e 1943. Entretanto, a Fundação Berardo tomou conta da propriedade, que chegou a pertencer aos jesuítas, abriu-a ao público e dotou-a de vários equipamentos, entre eles um museu, que tem patentes exposições de escultura contemporânea do Zimbabué e de minerais e gemas.

Na verdade, a arte surge a cada passo, entre o verde. Podem ser painéis de azulejos, esculturas, porcelanas ou o vaso mais alto do Mundo, segundo o livro do Guinness de 1992. A peça, com mais de cinco metros e 555 quilos, está junto ao lago onde outrora houve barcos a passear os hóspedes do Monte Palace Hotel.

A inspiração oriental é notória, tanto pelos lagos com peixes Koi, que podem nadar ali até aos 100 anos, como pelos dois jardins alusivos às culturas chinesa e nipónica. Para pedir um desejo, há que localizar os dois cães de Fó (semelhantes a leões, figuras sagradas que guardavam a entrada dos templos na Ásia) com uma bola móvel na boca e dar-lhe três voltas completas – isso aprendeu Graça com turistas japoneses.

Um dos jardins orientais.
(Fotografia: Artur Machado / Global Imagens)

Carros elétricos

Quem tiver dificuldades motoras (ou pouco fôlego para subir até à saída) pode requisitar um carro elétrico. Preço: 2,50 euros/pessoa.

O antigo Monte Palace Hotel.
(Fotografia: Artur Machado / Global Imagens)

Subir de teleférico

Uma forma de chegar ao Monte Palace é apanhar o teleférico desde a zona velha do Funchal até uma das três entradas do jardim. As viagens, que custam 11 euros num sentido e 16 euros para ida e volta, deverão ser retomadas em breve. Outra opção é apanhar o autocarro (carreiras 20, 21, 22 e 48).

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Uma galeria subterrânea e outros segredos para descobrir no Jardim Botânico da Ajuda

Foi o primeiro jardim botânico português e morada do primeiro museu de História Natural. Hoje, mantém-se um “laboratório vivo” para crianças, jovens e adultos conhecerem o mundo através das plantas.

Aconteça o que acontecer, o Jardim Botânico da Ajuda (JBA) é um “espaço resiliente, porque já ultrapassou alguns dos momentos mais importantes da história do país”, afirma a diretora Ana Luísa Soares, no início de uma visita guiada com a Evasões. A pandemia retirou-lhe milhares de visitantes (50 mil, em 2019), mas o trabalho diário de manutenção manteve-se, que o diga Vera Ferreira, curadora da coleção botânica. Agora, há esperança de que o bom tempo e o desconfinamento atraiam de novo os lisboetas e turistas a este património com 253 anos de história.

A primavera é uma das melhores alturas para visitar o JBA, porque no verão aquece muito, por estar virado a sul. Agora há buganvílias a florir. Depois, será a vez de os jacarandás pintarem o cenário de tom lilás, no terraço superior do jardim. É aí que se encontram, também, algumas das espécies mais emblemáticas: as enormes araucárias, um dragoeiro que terá 300 anos e a schotia afra, que abraça os visitantes com sombra e frescura. No patamar inferior, marcado por uma escadaria imponente, o jardim é mais ornamental, com canteiros geométricos de buxo, preenchidos por roseiras e flores de época.

A maior parte das espécies tem placas com o nome científico e um QRcode que, em breve, permitirá ler a informação no telemóvel. O jardim chegou a ter cinco mil espécies, mas como nem todas se habituaram ao clima, hoje são 1500. Parte delas está distribuída por mais de mil pequenos canteiros, construídos segundo uma planta antiga aquando da última obra de conservação realizada, em 1997, sob comando da então diretora Cristina Castel-Branco. Dessa altura é também o Jardim dos Aromas, com 70 plantas medicinais e aromáticas em canteiros elevados e com placas em Braille, para serem tateadas e lidas por cegos.

Contas feitas, os 3,5 hectares do JBA continuam a proporcionar uma “volta ao mundo através das plantas”, oriundas de África, região Mediterrânica, América do Norte e Central, Ásia (China e Japão), Macaronésia (Madeira, Açores e Canárias), Austrália e América do Sul. A riqueza botânica sempre foi um dos pilares do JBA, ou não tivesse sido fundado em 1768 como o primeiro jardim botânico português e com a finalidade de manter, estudar e colecionar o máximo de espécies do mundo vegetal. O projecto foi assinado pelo naturalista italiano Domingos Vendelli.

 

Local de estudo
O desenvolvimento do JBA deveu-se muito ao terramoto de 1755, que arrasou Lisboa e motivou a fuga da família real para o Paço da Ajuda (ou “Real Barraca”, como ficou conhecido por ser de madeira), por D. José I ter muito medo de voltar a habitar edifícios de pedra e cal. A família comprou então uma quinta que ali existia e onde se plantaram frutas e hortaliças para abastecer o palácio. Quando aí nasceu, o JBA tinha como propósito ser local de recreio e de ensino dos príncipes. Incluía o Real Gabinete de História Natural, um laboratório químico, uma livraria especializada, um gabinete de física experimental e a Casa do Risco.

Esta última estabelecia a ponte com a Universidade de Coimbra, onde Vendelli era professor de História Natural. “Ele trazia os alunos para aqui, para verem as plantas ao vivo, aprenderem a ilustrá-las e para os preparar para as missões nos territórios da expansão marítima”, conta Ana Luísa Soares. De lá, traziam plantas e sementes, animais embalsamados, rochas e conchas para serem alvo de estudo. A abertura do jardim e do museu ao público em geral só aconteceu, porém, no reinado de D. João VI. Já durante as invasões francesas as tropas de Napoleão levaram parte do espólio para Paris, onde se mantêm algumas peças.

A água que vem de Monsanto
Além da botânica, têm interesse os oito lagos que refrescam o recinto (só a fonte central tem 40 bicas); a estatuária, com destaque para a figura de D. José, príncipe do Brasil e neto de D. José I, da Escola de Escultura de Lisboa; a estufa de catos e suculentas; e uma estreita e escura galeria por baixo do terraço superior que abastece o sistema de rega e os lagos com água de uma nascente natural de Monsanto. Por estar numa das encostas da serra, oferece vista entre Alcântara e a Ajuda, com o Tejo em pano de fundo.

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O primeiro jardim inglês de Lisboa foi o da Estrela – e teve um leão numa jaula

Quem o visita talvez não saiba que foi o primeiro jardim público de Lisboa plantado ao estilo inglês, com caminhos irregulares e espécies exóticas de grande beleza, há 169 anos. E que até teve um leão numa jaula.

Algumas crónicas relatam que, quase vinte anos depois de o então Passeio da Estrela ter aberto ao público em 1852, se terão juntado ali, numa tarde de maio, “entre nove a dez mil pessoas”, atraídas pela presença de um leão que tinha sido oferecido à cidade pelo explorador africano Paiva Raposo. Até morrer, em 1929, o felino protagonizou vários incidentes, uma vez que as pessoas lhe acenavam e batiam com bengalas na jaula para o ouvir rugir, e sofreu graves problemas de locomoção por causa do espaço exíguo – a ponto de ser alvo até de uma intervenção cirúrgica inédita no país. Certo é que, já depois de morto, inspirou mesmo o título do icónico filme de comédia “Leão da Estrela”, realizado por Athur Duarte em 1947, sobre as aventuras de um adepto do Sporting.

Da jaula do leão não ficaram quaisquer vestígios, a não ser gravuras e crónicas da época, até porque o espaço que ocupava fica perto da entrada aberta para a Avenida Álvares Cabral. Mas das cinco, a mais cénica fica em frente à Basílica da Estrela e até serve de cenário a recém-casados. Escondido à vista de todos está também o facto de o Jardim Guerra Junqueiro ter sido o primeiro jardim público lisboeta construído segundo o modelo inglês. São ilustrativos os extensos relvados, as árvores exóticas, os recantos que acompanham os declives naturais do terreno, as cascatas, lagos e algumas estátuas, como o busto de Antero de Quental, da autoria de Salvador Barata Feyo.

Na convergência de todos os caminhos surge o majestoso coreto que sintetiza o valor estético, histórico e funcional do Jardim da Estrela. Projetado por Soares de Lima em ferro forjado pintado de verde, adornou o Passeio Público (a atual Avenida da Liberdade) até 1936, ano em que foi para ali trasladado para substituir o pavilhão chinês em que havia concertos todos os domingos. A sua função cultural mantém-se, assim como o simbolismo do jardim, pensado por D. Fernando II, o rei paisagista, à luz de uma vontade higienista de proporcionar um espaço para o bem-estar e saúde da população.

À época frequentado por ilustres como a rainha D. Amélia e a Duquesa de Palmela, hoje o jardim tem um acesso mais democrático e é usado por gentes de toda a zona e a vários ritmos: dos que correm por desporto aos que passeiam animais de estimação, fazem piqueniques ou entretêm crianças a jogar à bola, ou simplesmente ali ficam a dormitar, a ler ou a jogar às cartas. O edifício estilo chalet, do século XIX, que albergou o primeiro jardim de infância do país, está a ser recuperado para renascer como Biblioteca do Ambiente, dando continuidade à sua missão ao serviço da população.

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O jardim açoriano que tem árvores monumentais de todo o mundo

No centro da cidade de Ponta Delgada, nos Açores, continua viva a paixão de um açoriano pela botânica. Graças a ele podem ser vistas espécies de todo o Mundo.

O espaço parece escondido por detrás dos muros de uma antiga quinta, no centro de Ponta Delgada, de propósito para que a descoberta seja mais surpreendente. Transposto o portão, as gigantes árvores da borracha enchem-nos de espanto – quando nos sentamos sobre uma da suas raízes recuamos à fábula de Gulliver, como se habitássemos Lilliput.

Construído no século XIX por José do Canto, um açoriano viajado e apaixonado por botânica, o jardim, para além das árvores da borracha, acolhe pinheiros-de-damara , araucárias-de-bidwill, melaleucas, turpentine e eucaliptos indígenas da Austrália; pinheiros-da-Nova-Caledónia , metrosíderos, da Nova Zelândia, canforeiras do Japão, Ilha Formosa e Malásia, entre muitas outras. Espécies importadas por José do Canto e que dali saíam para povoar outros jardins na ilha, como a mata da lagoa do Congro ou das Furnas, onde se encontra sepultado com a mulher numa capela romântica debruçada sobre a lagoa.

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O Jardim Botânico é uma joia natural no centro do Porto

Em apenas quatro hectares, o Jardim Botânico reúne milhares de espécies de fauna e flora, num ambiente quase mágico, pontuado por jardins temáticos, um roseiral, estufas e lagos.

Cada recanto do Jardim Botânico do Porto tem histórias para contar. E elas começam logo à entrada. Numa espécie de abraço à Casa Andresen está uma bordadura concebida há cerca de dez anos, pela altura da exposição A Evolução de Darwin, que “segue uma narrativa que celebra a biodiversidade portuguesa”, com medronheiros, saudades dos Açores e “miosótis do nosso bosque”, explica Paulo Farinha Marques, diretor do Jardim Botânico.

(Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

É inevitável falar-se de Sophia de Mello Breyner Andresen ao percorrer o jardim botânico. Afinal, Sophia “cresceu a brincar aqui” e acabou por deixar refletida na sua obra, mais concretamente nos contos “O Rapaz de Bronze” e “A Floresta”, a influência do jardim. Foi em jeito de homenagem à autora que foi desenvolvido o Jardim dos Anões, numa alusão ao lugar “onde a personagem principal da “Floresta” fantasiava encontrar anões”. Tanto este, como o Jardim do Xisto foram desenhados pelo arquiteta paisagista alemão Franz Koepp, o autor da reconversão da quinta, “que se estendia até ao rio, com escarpas e pinhal” em jardim, na década de 1950.

(Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

Enquanto se percorre o jardim, caminha-se quase sempre por um tapete de folhas, observam-se troncos caídos, mas arrumados. Paulo explica. Não só as folhas não são limpas, para permitir “recarregar o solo de matéria orgânica”, como os troncos “são deixados a apodrecer para criar nichos ecológicos para insetos e fungos”. Além disso, é uma forma de mostrar o processo de vida e de morte da flora.

Em breve, os visitantes vão ter mais metros para percorrer. Aos quatro hectares do Jardim Botânico, juntou-se a área verde, com cerca de nove hectares, pertencente à Faculdade de Ciências da UP, resultando no Parque Botânico do Campo Alegre. A ideia é abrir com visitas guiadas e, posteriormente, ao público em geral.

Galeria da Biodiversidade
Neste que é o primeiro polo do Museu de História Natural e Ciência da Universidade do Porto, experiências sensoriais e bonitas instalações guiam os visitantes pela diversidade biológica e cultural da vida, numa galeria que casa ciência, arte e literatura.

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Camélias e árvores centenárias no Parque da Quinta do Conde das Devesas

Escondido no miolo de Vila Nova de Gaia, o Parque da Quinta do Conde das Devesas é um lugar bucólico com jardins de camélias, árvores exóticas, um solar em ruínas, lagos e até uma pequena gruta.

É um tulipeiro, com mais de 30 metros de altura, que dá as boas-vindas a quem entra no Parque da Quinta do Conde das Devesas, na freguesia de Santa Marinha. Por baixo da árvore centenária, beneficiando da sombra dada pela copa frondosa, Henrique Alves, biólogo da Câmara Municipal de Gaia, explica à Evasões que o nome curioso se deve à semelhança entre as suas flores, em tons de amarelo, e as tulipas, fazendo saber que tem outras designações, como “árvore-do-ponto, porque as suas flores desabrocham na altura dos exames”, ou seja, entre maio e julho.

São, no entanto, as camélias que atraem ao jardim pessoas de todo o mundo. Entre as muitas variedades, encontram-se algumas portuguesas, caso da Camões, pintalgada de rosa e branco; da Duque de Loulé machada com os mesmos tons; e da Conde da Torre, de pétalas algo frisadas e totalmente brancas. Estas três variedades – embora haja mais – foram apresentadas por José Marques Loureiro, o viseense que deu forma ao horto hoje conhecido como Jardim das Virtudes.

As plantas estão distribuídas pela zona da entrada, pelos jardins em socalcos e pela alameda, zonas às quais se tem acesso atravessando o túnel do solar em ruínas.
É ao fundo da dita alameda, onde cameleiras (ou japoneiras) com cerca de 130 anos criaram uma cobertura natural, que se evidencia uma enorme araucária-de-Norfolk, nativa da ilha australiana que lhe dá nome. A sua madeira era usada para fazer os mastros dos navios, já que o tronco esguio, por não carregar ramos grossos, apenas precisava de ser alisado. Também de dimensões generosas são o canforeiro, o castanheiro-da-Índia e a magnólia-sempre-verde, uma árvore que acaba por descrever o parque na perfeição.

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Passear entre fontes antigas no Parque das Águas

Fica na zona oriental do Porto e junta uma aprazível mancha arbórea a fontes e chafarizes que foram sendo retirados das ruas da cidade. O Parque das Águas atrai tanto pela vista panorâmica sobre o rio, como pelo sossego e património.

O que têm em comum a Fonte do Ribeirinho, a Arca do Anjo, o Chafariz de S. Bento da Avé Maria e outras dez obras de arte urbana? Todas elas podem ser apreciadas no Parque das Águas, a desfrutarem da sua “reforma”, após décadas de trabalho, ora para fornecimento de água, ora para fins decorativos. O Parque da Águas, pertencente à rede de museus da UNESCO, e anteriormente conhecido como Parque de Nova Sintra, insere-se na estrutura patrimonial da Águas do Porto, e é um parque público verde, composto por jardins, bosque e mata, onde estão reunidas 13 peças de arte urbana, como fontes, chafarizes e arcas de água, recolhidas entre 1930 e 1060, altura em que se reforçou a distribuição e o abastecimento de água ao domicílio.

Contudo, o parque não nasceu com o intuito que tem hoje. A propriedade pertenceu, até 1922, à família de Robert Reid, tendo posteriormente sido comprada pela firma de joalheiros Almeida & Miranda. Entretanto, houve uma promessa de compra por parte do F. C. Porto, para aí instalar o centro de treinos, mas acabou por ser expropriada pela Câmara do Porto, em 1927, com vista a instalar os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), bem como um parque de reservatórios, que acabou por não ser concluído. Em 1941, a ocorrência de um ciclone destruiu caminhos originais e abateu árvores, o que levou a que em 1953 fossem introduzidas espécies exóticas, como palmeiras das Canárias e áceres japoneses.

(Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

A esta mancha arbórea, onde estão incluídos também sobreiros, carvalhos, magnólias e dois monumentais eucaliptos, juntam-se ainda esculturas, uma estufa, a “casa de Alice” (biblioteca do parque), os núcleos museológicos e largueza de uma vista que abarca o rio Douro, o vale de Campanhã, a praia do Areinho, as pontes do Freixo, de São João e Maria Pia e serras do Porto.

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Parque D. Carlos I: uma floresta encantada nas Caldas da Rainha

Um dos mais belos parques do país fica nas Caldas da Rainha. O Parque D. Carlos I tem jardins, museus, cafés e uma imensidão de verde que abraça quem o atravessa.

É uma espécie de floresta encantada no meio da cidade, ligando-a, sob um “céu de vidro”, ao Hospital Termal, pioneiro no Mundo a “curar certas maleitas”. Foi assim, através das “águas mornas e com características especiais” que a rainha D. Leonor descobriu a terra onde a realeza e a fidalguia haveriam de encontrar um porto de abrigo no século XIX. Mais tarde, tornar-se-ia palco de várias artes, um gosto que perdura.

Só por si, o parque encerra em cada canto uma natural paleta de cores únicas: a terracota do chão, o lago, os patos, os pavões que se passeiam nos terraços da cidade, voam até aos beirais dos prédios antigos e dali observam todo o movimento. É o resultado do romantismo com que o arquiteto Rodrigo Berquó o desenhou, nos finais do século XIX. E por isso é complexo eleger um cartão de visita do parque, já que esse tanto pode ser o Lago, pérgula próxima do Museu Malhoa (quando se enche de Glicínias floridas), a casa dos barcos, os imponentes pavilhões, ou o Céu de Vidro (antiga casa da cultura e clube de recreio).

O Parque D. Carlos I, nas Caldas da Rainha. (Fotografia: Global Imagens)

Este pulmão verde é uma espécie de floresta encantada no meio da cidade.

Talvez um dos segredos mais bem guardados seja a Mata Rainha D. Leonor. Por ser um lugar “tranquilo, sereno, incrivelmente bonito”, como descreve Dora Mendes, responsável do Museu do Hospital, que tem o privilégio de ali “morar” todos os dias. É entre o aqueduto e Chafariz das 5 Bicas de D. João V, e a fábrica Bordalo Pinheiro, que fica um caminho a descobrir.

 

Um local próximo para comer

Pastelaria Machado

O verde dos azulejos que revestem este espaço emblemático das Caldas da Rainha quase parece uma extensão do Parque. O edifício da pastelaria Machado prende o olhar de quem atravessa a rua, mas lá dentro fica-se mesmo refém é da doçaria de fabrico próprio. Rua Luís de Camões, 41. Tel: 262832255. Das 7h30 às 19h30. Não encerra.

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Quinta da Aveleda, um jardim mágico rodeado de vinhas

Os jardins românticos desta quinta da região dos Vinhos Verdes escondem recantos que parecem saídos de filmes de fantasia, tesouros botânicos e lugares que se cruzam com histórias da realeza.

A Quinta da Aveleda, escondida entre altos muros de granito nos arrabaldes de Penafiel, completou no ano passado 150 anos de produção de vinho, um legado que começou com Manuel Pedro Guedes da Silva Fonseca, e que hoje, cinco gerações depois, continua na família.

Além dos vinhos, que levaram o nome da propriedade além fronteiras, também os oito hectares de jardins ao estilo vitoriano convidam a uma visita a passo lento, para descobrir todos os seus tesouros.

Comecemos pelos botânicos: mais de 114 espécies, de entre árvores exóticas e centenárias, como o cedro japonês, o cipreste dos pântanos ou a sequóia americana, uma alameda com mais de 90 tipos de camélias, um vale de fetos, labirintos de roseiras, mimosas, acácias e exemplares raros de carvalhos e pinheiros. Este fundo verde serve de cenário a construções que parecem saídas de filmes de fantasia, como a pequena e deliciosa Casa Romântica, a pitoresca Casa de Chá, instalada numa das ilhotas do lago, e a Torre das Cabras, com três pisos, onde se encontram as ditas.

Quinta da Aveleda. (Fotografia: Pedro Granadeiro/GI)

 

Numa outra ilha sobressai uma grande janela de ângulo manuelina, monumento nacional, original de uma casa da zona ribeirinha do Porto, que foi demolida no século XIX. A peça terá sido oferecida por Tomás Sandeman, à altura proprietário da tal casa, a Manuel Pedro Guedes. Da janela, diz-se que terá pertencido à casa onde nasceu o Infante D. Henrique, sendo o único vestígio que resta do edifício, e até que dela se fez a aclamação oficial de D. João IV. À falta de registos que comprovem a veracidade destas histórias – além da discordância temporal -, de membros da realeza com ligação à quinta pode dizer-se com certeza que há uma mesa em granito nos jardins, agora coberta pelo musgo, onde almoçou o príncipe D. Luís Filipe, em 1901, numa visita à Aveleda.

Quinta da Aveleda (Fotografia: Artur Machado/GI)

 

Nestes jardins históricos, abraçados por mais de 100 hectares de vinhas, há ainda a descobrir várias fontes, a adega velha, onde envelhece a afamada aguardente da casa, a cozinha velha, a eira e a casa senhorial ainda hoje habitada pela família Guedes. Há um par de anos a aposta no enoturismo levou à transformação dos antigos escritórios num espaço multifunções, que acolhe a loja e a vinoteca, onde estão guardadas colheitas mais antigas e raras do portefólio Aveleda.

A loja
No final do passeio vale a pena passar na loja da quinta, onde se encontram vinhos, aguardentes, queijos, compotas caseiras, biscoitos artesanais e até bombons com ganache de aguardente Adega Velha (uma parceria com a Arcádia).

Loja Quinta da Aveleda (Fotografia: Pedro Correia/GI)

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Jardins da Quinta do Castelo: romantismo puro em Santa Maria da Feira

Uma natureza generosa e exuberante, frondosa e intensa, apresenta-se na encosta de um castelo e muralhas medievais como um bosque de conto de fadas. Os Jardins da Quinta do Castelo, em Santa Maria da Feira, são monumento nacional há mais de um século.

A natureza, aqui, oferece cenários com camélias e sequoias, faias e cedros, flores e plantas, heras que trepam árvores, patos e esquilos, água e terra, sombra e luz. Aqui, por entre ramos, vislumbram-se torres e muralhas medievais, outrora casa de reis e rainhas. Aqui, há segredos para espreitar, cantos e recantos para saborear.

A varanda dos namorados é um deles, tem bancos que imitam troncos de árvores e um belo e imponente pinheiro-manso cravado com juras de amor eterno – corações, nomes, datas. Quantos segredos e confidências terá testemunhado e guardado dentro de si? Daqui vê-se um lago e uma ramada com banco de pedra que tem à sua frente uma gruta artificial de dois andares, encaixada na encosta, de formas orgânicas, um miradouro com vista para a cidade, e uma ponte.

O Jardim da Quinta do Castelo é monumento nacional há mais de um século. (Fotografias: André Gouveia/GI)

Pelo espaço verde há camélias e sequoias, faias e cedros, flores e plantas.

A inspiração veio dos jardins românticos do Porto do início do século passado. Nessa altura, os donos da quinta chamaram a Companhia Hortícola do Porto para que aquele pedaço de terra fosse um extenso jardim abençoado por natureza e com dedo de homem. É monumento nacional desde 1910, tem escadarias e portão antigo à entrada, alamedas ladeadas por plátanos, uma tuia-gigante e um bordo-do-Japão, exemplares de respeito, percursos que serpenteiam a paisagem, bancos de jardim, sobreiros, aveleiras, arbustos, faias de folha vermelha, carvalhos.

Há por ali água a escorrer encosta abaixo, bicharada mais discreta, e anjos de madeira do escultor Paulo Neves. Aqui há silêncio em estado puro, natureza no seu esplendor. Por entre a vegetação, vê-se a antiga casa da Quinta do Castelo, agora um jardim de infância, o Inatel, a sede dos escuteiros.

A inspiração veio dos jardins românticos do Porto do início do século passado.

A história é de um espaço durante anos e anos em mãos privadas, de acesso privilegiado ao castelo que, entretanto, passou para o domínio público e tem sido palco do Perlim e da Viagem Medieval. Os segredos, esses, são os que se quiserem descobrir por entre tanto verde e outras tonalidades que emergem consoante a época do ano.

 

O que visitar: o castelo

É um dos mais distintos monumentos portugueses pela forma como mostra a diversidade de recursos defensivos utilizados entre os séculos XI e XVI. Peça única da arquitetura militar portuguesa. À entrada, há uma capela hexagonal. Lá dentro, uma praça de armas, a torre de menagem e a torre do poço em granito com oito janelas fechadas, acesso exterior com 136 degraus, poço com 33,5 metros de profundidade. Do alto das muralhas, uma vista panorâmica sobre a cidade.

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+ Jardins

Quinta das Lágrimas | Coimbra

Os jardins da Quinta das Lágrimas, cuja história remonta ao século XIV, estão associados aos amores de Pedro e Inês e à rainha Santa Isabel. Foi ela quem mandou construir um canal para levar a água de duas nascentes até ao Mosteiro de Santa Clara. Lá continuam a Fonte dos Amores, assim chamada devido à paixão do seu neto, D. Pedro, por Inês de Castro; e a Fonte das Lágrimas, que remete para o assassínio de Inês, imortalizado pela pena de Camões. CF
Visitas das 10h às 19h (guiadas, só por marcação)
Tel.: 912464332
Preços: bilhete simples, 2,5 euros; menores de 15 e maiores de 65 anos, um euro; bilhete de família, 5 euros.

Jardim do Paço Episcopal | Castelo Branco

Como jardim barroco que é, considerado dos mais originais do estilo em Portugal, o Jardim do Paço Episcopal está repleto de pormenores, dos quais um dos mais inesperados é um jogo de água composto por repuxos que são ativados por certos sons como palmas. Outra curiosidade são as estátuas dos reis de Portugal. O último rei representado é D. José I, que elevou Castelo Branco a cidade. Mas a curiosidade está nos reis Filipes espanhóis que dominaram a coroa portuguesa. Os três estão também aqui, mas as suas estátuas são mais pequenas do que as restantes. LM

Rua Bartolomeu da Costa
Castelo Branco
das 9h às 19h (de abril a setembro); das 9h às 17h (de outubro a março).
Preço: 2 euros; 1 euro (+65, estudantes)

Parque do Bonfim | setúbal

Pulmão verde da cidade, foi mandado construir pelo rei D. Manuel I, o que o tornou um dos primeiros passeios públicos do país. Após ruína de uma fonte e aqueduto do século XVII, renasceu como um dos primeiros parques públicos modernistas, quatro séculos depois. Nos anos 1990 foi alvo de modificações, de que restam na memória os repuxos sincronizados com luz e som na fonte principal, hoje casa de patos e cisnes. Retirados os gradeamentos e portões e ladeado por ciclovias e esplanadas, o Parque foi integrado na cidade com mais de 40 espécies arbóreas (a araucária bidwili é de Interesse Municipal) e uma coleção de figuras em grande escala, os Pasmadinhos de Setúbal, representativas de ícones do concelho. A visitar estão também um busto do poeta António Maria Eusébio (o Calafate), um brasão da cidade e um relógio de sol. AR
Avenida Alexandre Herculano, Setúbal
Sempre aberto. Grátis

Jardim de Santa Bárbara | Braga

O nome deste jardim colorido e geométrico no Centro Histórico de Braga deve-se à fonte do século XVII, que antes se encontrava no já desaparecido Convento dos Remédios. A encimar a mesma está uma estátua de Santa Bárbara, uma mártir da Igreja Católica, nascida no século III onde hoje é a Turquia. AC
Jardim de Santa Bárbara
Rua Dr. Justino Cruz
Sempre aberto. Grátis

Jardim da Casa Tait | Porto

A casa leva o nome de William Tait, um inglês negociante de vinho do Porto e naturalista, que a adquiriu em 1900. Os jardins demonstram o seu gosto: um bosque a norte, uma coleção de camélias e um roseiral instalado no terraço sobranceiro ao Douro. Destaque-se também o tulipeiro da Virgínia com mais de 250 anos. LM
Rua de Entre Quintas, 219
Das 10H às 17H30; sábado e domingo até às 12h30. Grátis

Jardim de Monserrate | Sintra

É um espaço embrenhado no encantamento da Serra de Sintra. Nos jardins do Palácio de Monserrate, facilmente se tem a ilusão de estar no México ou num luxuriante espaço no Japão, dada a diversidade de plantas distribuídas por uma extensa área, entre caminhos que serpenteiam lagos e cascatas. Tanto nos podemos cruzar com medronheiros ou sobreiros, como com araucárias, agaves ou palmeiras como se estivéssemos no México, frondosos fetos ou camélias, azáleas, rododendros e bambus, criando a ilusão que chegamos a um meticuloso jardim japonês. Este recanto romântico nasceu da paixão de Francis Cook, um comerciante inglês, que em meados do século XIX ali mandou edificar um palácio com influências góticas, indianas e sugestões mouriscas. Para acabar o dia em repouso nada como deitar a olhar para o azul do céu na margem do lago de nenúfares.PF
Parque de Monserrate das 9 às 19 horas
bilhetes entre os 8 e 6,5 euros (Seniores e menores de 18 anos)