Um mundo para descobrir na Almirante Reis

Aquela que é das maiores avenidas de Lisboa continua a ser olhada com muita desconfiança. Uma zona nem sempre nobre, pobre, mas com vários bairros à volta e um sem-número de mundos lá dentro - para ver na fotogaleria.

O Largo do Intendente toda a gente sabe que mudou, que está cheio de vida, de bares, de pinta e de gente cosmopolita, mas e a Almirante Reis? Da Almirante Reis ninguém fala. Ou pouca gente fala e muitas vezes mal. É indesmentível que, desde 2011, altura em António Costa mudou o seu escritório para o Intendente de forma a impulsionar a renovação deste bairro associado à prostituição, muito mais portugueses (e turistas) passam e param na Almirante Reis, mas não será menos verdade que a maioria pouco mais conhecerá do que o agora boémio e cosmopolita largo. Uma espécie de oásis, de bolha, zona de conforto da qual muitos receiam afastar-se.

«Há gente que vem aqui todos os fim de semana para os copos, ou para ir ao Ramiro comer uma mariscada, e não passam daí. Vêm e vão de táxi, ou estacionam aqui o carro, mas são incapazes de subir ou descer a pé a avenida e explorar os outros bairros.» Palavras do dono de um pequeno café que prefere manter o anonimato, «tenho umas contas em atraso e nunca se sabe quem nos bate à porta», diz, meio a meio a brincar meio a sério, mas que não se importa que se divulguem as suas ideias. «Talvez algumas pessoas tenham medo porque há aqui há muitos imigrantes, mas eu também já fui. E quando vim das berças, com meia dúzia de tostões no bolso, foi aqui que fiquei. Merecemos ser olhados com mais respeito.»

Filipa Ramalhete e Nuno Pires Soares, investigadores, estão precisamente a estudar esta artéria com outros olhos. «Interessa-nos perceber qual foi o seu papel na história da cidade. Um papel menosprezado e pouco estudado», refere a coordenadora deste projeto do Centro de Estudos de Arquitetura, Cidade e Território da Universidade Autónoma de Lisboa, em parceria com o Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova. Para 2018 está programada a publicação do Atlas Avenida Almirante Reis.

O esquecimento (académico) a que esta zona sempre foi votada tem fácil explicação.

«Porque sempre foi vista como uma zona pouco nobre. Era uma porta de saída e, sobretudo, de entrada na cidade. Havia muitas oficinas e estações de camionagem. Quem vinha da região saloia ou das Beiras ficava aqui. Os imigrantes ficam aqui. Porque os hotéis eram mais baratos, o aluguer das casas era mais barato. Era, e para muitos ainda é, o único sítio onde tinham possibilidades de ficar», adianta Nuno Soares. Uma avenida que é material em estado bruto, puro, para um investigador, para os grandes escritores – José Cardoso Pires, José Rodrigues Miguéis ou Dinis Machado andavam muito por aqui.

Um caldeirão composto por várias regiões, inúmeras nacionalidades, um ambiente multicultural que ainda hoje se mantém. Multicultural e rural, garantem. «Esta zona da cidade foi das últimas a sofrer o processo de gentrificação. A mudança aqui chega sempre depois dos outros bairros.»

Por gentrificação – «gentry» significa pequena nobreza – entenda-se um processo de valorização (imobiliária) de uma zona urbana, tornando-a mais procurada e atraente por gente com maior poder de compra. Mas estes dois académicos não têm receio deste processo. Sabem que os ciclos são incontornáveis e desejáveis, que a revitalização do largo ajudou a direcionar os olhares para a Almirante Reis, mas acreditam que nem a avenida nem os bairros que a abraçam se transformarão num novo Intendente. Até porque «esta sua diversidade lhe garante uma resiliência própria. Em que outra parte de Lisboa é possível encontrar tamanha diversidade?», pergunta Nuno, em jeito de conclusão.

Está cá tudo: salões de cabeleireiro que exibem na montra penteados exóticos, padarias, relojoarias, uma fábrica de bolos aberta toda a noite, marisqueiras (nem só no Ramiro se marisca nesta rua), a Portugália, o Café Império, restaurantes típicos, uma casa de hambúrgueres moderna (Hamburguês), o Banco de Portugal, a Sopa do Pobres, restaurantes chineses, mercearias asiáticas, um pequeno «império turco», histórias, vidas… Pessoas.

 

Leia também:

Onde comer francesinhas: no Porto ou em Lisboa
Oito restaurantes para ir na hora do almoço junto ao Tejo
Seis vinhos nacionais que vale a pena conhecer

 

 

Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Largo do Intendente Pina Manique, 6, Lisboa
Telefone
218804000
Horário
Restaurante Infame – Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 22h00. Sextas e sábados até ás 23h00. Bar 1908 Lisboa – Das 11h00 às 00h00, sextas e sábados até à 01h00.
Custo
() Preço: a partir 120 euros, com pequeno-almoço incluído. Preço médio no restaurante Infame: 30 euros


GPS
Latitude : 38.72057059999999
Longitude : -9.135246999999936
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Avenida Almirante Reis, 40
Telefone
936466886
Horário
Das 10h00 às 00h00. Não encerra.


GPS
Latitude : 38.72504573598705
Longitude : -9.134916244180317
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Avenida Almirante Reis, 59 D
Telefone
936466886
Horário
Das 12h00 às 15h00 e das 18h00 às 02h00. Não encerra.


GPS
Latitude : 38.72553880000001
Longitude : -9.135204353372956
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Avenida Almirante Reis, 1, Mouraria (Lisboa)
Horário
Das 12h às 22h30. Encerra à segunda.
Custo
(€€) Preço médio: 35 euros.


GPS
Latitude : 38.7203227416733
Longitude : -9.135683926983575
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Avenida Almirante Reis, 136 D
Telefone
925356421
Horário
Encerra ao domingo


GPS
Latitude : 38.7327272
Longitude : -9.134093500000063
Partilhar
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Largo do Intendente, 28
Telefone
218879401
Horário
Das 09h00 às 00h00; sexta, até às 02h00; fim de semana, das 10h00 às 02h00. Encerra à terça.


GPS
Latitude : 38.7212204
Longitude : -9.134882100000027
Partilhar
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Largo do Intendente, Lisboa
Horário
Das 12h00 às 19h00; sexta e sábado, até às 20h00. Não encerra.


GPS
Latitude : 38.72087500768807
Longitude : -9.135048771163952
Partilhar
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Rua dos Anjos, 4 C, Lisboa
Telefone
918303991
Horário
Das 11h00 às 19h00; segunda, quarta e domingo, a partir das 14h00. Encerra à terça.


GPS
Latitude : 38.72158599999999
Longitude : -9.134728399999972
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Rua Maria, 66 A, Lisboa
Telefone
918084739
Horário
Das 14h00 às 19h30. Encerra ao domingo.


GPS
Latitude : 38.7243899
Longitude : -9.133044700000028
Partilhar
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Rua de Moçambique, 2, Lisboa
Telefone
218141516
Horário
Das 08h00 às 20h00; sábado, até às 18h00; domingo, das 10h00 às 18h00. Encerra à segunda.


GPS
Latitude : 38.725127
Longitude : -9.133052799999973
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Rua Ângela Pinto, 40 D, Lisboa
Horário
Das 07h00 às 14h00. Encerra ao domingo.


GPS
Latitude : 38.7356446
Longitude : -9.132996000000048
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Rua Ângela Pinto, 40 D, Lisboa
Telefone
216044578
Horário
Das 12h00 às 15h00 e das 20h00 às 00h00. Encerra domingo ao jantar e à segunda.
Custo
(€) 15


GPS
Latitude : 38.7352672
Longitude : -9.132182400000033
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Rua Ângela Pinto, 40 D
Horário
Das 20h00 às 23h00; sexta e sábado, abre também das 12h30 às 14h30. Encerra ao domingo e à segunda.
Custo
(€) 12


GPS
Latitude : 38.735538
Longitude : -9.132978999999978




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend