O Seixal está a deixar de ser a malha urbana dormitória que muitos julgam encontrar do outro lado da ponte sobre o Tejo. As 160 mil pessoas que habitam o concelho conseguem escapar à agitação da capital, sem dela estarem longe, estacionar sem pagar parquímetros e gozar de uma marginal ribeirinha de 14 quilómetros. A baía, formada a partir de um braço do Tejo, une as freguesias do Seixal, Arrentela, Amora e Corroios pelo elemento água e é precisamente ela que assegura a vitalidade (turística) do território. Os atrativos, porém, não se ficam por aí. Eis porque vale a pena passar um dia no concelho, com o rio em pano de fundo.
01. Quinta da Fidalga
Salazar chegou a passar férias nesta quinta nos anos 1960, tomando contacto com um pedaço da história dos Descobrimentos. É que a propriedade, datada do século XVI, sempre esteve «associada à família de Vasco da Gama, apesar de não haver registos que o comprovem», conta Margarida Nunes, do turismo do município. Os fidalgos passavam aqui os verões, ocupados entre jardins de buxo e azulejos, declamações de poesia e pescarias num lago de maré, um exemplo raro na arquitetura hidráulica portuguesa. A quinta também era agrícola e tinha um estaleiro de onde saíam barcos para a nobreza e para a marinha.
02. Oficina de Artes Manuel Cargaleiro
«A Essência da Forma», assim se chama a exposição que apresenta um conjunto de painéis de azulejo e cerâmica da autoria do artista plástico Manuel Cargaleiro (ainda vivo), em honra do qual o município abriu, há três anos, este museu. O objetivo é democratizar o acesso à arte contemporânea com exposições, workshops e um serviço educativo para as escolas. O edifício, integrado na paisagem da Quinta da Fidalga, tem as marcas indeléveis do arquiteto Álvaro Siza Vieira, que de resto expõe também alguns dos seus azulejos.
03. Núcleo Naval da Arrentela
Já lá vai o tempo em que o rio era navegado por mais de vinte tipos diferentes de embarcações para pessoas e mercadorias, das quais o bote de fragata e o varino chegaram aos nossos dias. Para preservar a memória dessa pujante atividade naval e respetiva indústria, o município fez dos armazéns do estaleiro naval da Arrentela o
primeiro núcleo do Ecomuseu Municipal, aberto em 1982. A muleta de pesca, que figura no brasão do Seixal, é uma das muitas miniaturas à escala que compõem a exposição. Algumas foram feitas por Fernando Dâmaso, 63 anos, segundo a técnica de modelismo de arsenal. Na sua oficina, o artífice também explica como eram feitos os barcos
antigamente. Encerra à segunda; gratuito.
4. Parque Urbano do Seixal
Este novo equipamento, inaugurado no dia 25 de abril, fica no Alto Dona Ana, dentro da área da antiga corticeira Mundet & Sons, e proporciona vistas panorâmicas para o Seixal e para Lisboa a 28 metros acima do nível do mar. A paisagem surge por vezes enquadrada por enormes painéis de cortiça. Outra das formas de explorar os 5,3 hectares do parque é percorrer os trilhos assinalados por entre sobreiros e carvalhos, e no final fazer um piquenique na zona de merendas. Gratuito.
05. Mundet Factory
«Daqui saiu a cortiça para o mundo, agora cabe-me a mim trazer o mundo até nós». Esta frase do chef João Macedo resume bem o que se passa na Mundet Factory, o restaurante- bar que abriu no espaço dos refeitórios da antiga corticeira Mundet & Sons. A carta tem pratos de todos os cantos do mundo e é renovada duas vezes por ano. No bar costuma haver música ao vivo às sextas-feiras e sábados a partir das 23h00. Preço médio: 25 euros.
06. Tipografia Popular
O jornal Avante! chegou a ser impresso na Tipografia Popular A. Palaio, sediada no Seixal em 1955. Com a evolução das gráficas o negócio esmoreceu e o espaço passou a integrar o Ecomuseu Municipal, reconstituindo uma oficina tipográfica tradicional. Eduardo Palaio, 77 anos, um dos filhos do fundador da tipografia, é quem guia as visitas por todo aquele espólio e salas a cheirar a tinta, mostrando como evoluiu a tipografia entre os séculos XV e XX. Este será também «o único sítio do país» a ter uma réplica funcional da prensa de Gutenberg.
07. Passeio de Bote de Fragata
Passear no Tejo a bordo do bote de fragata «Baía do Seixal» é uma experiência obrigatória. O colorido barco foi construído em 1914 e entrou ao serviço dos passeios turísticos da autarquia em 1990. Transporta confortavelmente 35 pessoas e tem casa de banho, o que pode ser útil durante as duas horas e meia de cada saída (as horas dependem das marés). O motor faz as vezes das velas quando é necessário, mas nem por isso o passeio perde a graça, permitindo ver a ponte e o Cristo Rei ao longe, assim como algumas aves. Gratuito; por marcação.
08. Moinho de Maré de Corroios
«Para a missa e para o moinho não esperes pelo teu vizinho». José Meias, o «moleiro» deste moinho de maré com 600 anos, tem sempre um ditado popular para explicar o funcionamento da estrutura. Dos 45 moinhos construídos no estuário do Tejo entre os séculos XV e XVIII, 12 ficavam no concelho do Seixal e este foi o único a ser recuperado,
pela câmara, que o abriu em 1986 «ainda a fazer farinha». Por estar na zona húmida do sapal de Corroios, o moinho permite também ver algumas aves, como o flamingo, com alguma sorte. Encerra à segunda.
Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.
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