Praia do Ourigo, no Porto: de vila piscatória a estância balnear

Praia do Ourigo, na Foz, Porto. (Fotografia de Pedro Correia/Global Imagens)
A pequena Praia do Ourigo, na marginal da Foz Velha, Porto, ajuda a contar parte da história da cidade, e é palco de um cortejo de trajes de papel que ainda hoje se realiza.

Uns bronzeiam-se deitados sob o sol que acabou de despontar no nevoeiro matinal, outros, em grupo, jogam à bola no areal da Praia do Ourigo, uma das dez que compõem a Zona Balnear da Foz. Se hoje esta é a paisagem habitual de um dia quente de verão, o fenómeno de ir a banhos, na antiga povoação de pescadores que era a Foz Velha, é relativamente recente. Foi em meados do século XIX, muito graças ao hábito de ir à praia trazido pelos ingleses, que os portuenses começaram a ocupar os areais em momentos de lazer.

O desenvolvimento dos transportes, que faziam a ligação entre o centro do Porto e a Foz, também ajudou a que a população se dirigisse para a orla costeira, que foi sendo ocupada por hotéis e casas de férias de famílias abastadas. A procura pela marginal em dias de calor manteve-se até hoje, como comprova o movimento nos areais e a ciclovia que a acompanha, por onde deslizam dezenas de pessoas, em bicicletas, trotinetes e patins.

A Praia do Ourigo, entre as praias do Carneiro e dos Ingleses, apresenta Bandeira Azul, e consegue acomodar até 500 pessoas no seu pequeno areal, segundo a Águas do Porto. Da praia até ao Al Mare são cerca de cinco minutos a pé. O recente restaurante italiano do grupo Cafeína leva os comensais até ao sul de Itália, com pizas, pastas e risotos, onde brilham peixes e mariscos. Já no Botella – Food & Wine, na Rua do Padrão, dá-se a conhecer uma cuidadosa seleção de vinhos de pequenos produtos (ou de pequenas produções) portugueses e espanhóis, para harmonizar com os petiscos como carpaccios, tártaros ou tacos.

Um banho santo para lavar as maleitas
No último domingo de agosto, realiza-se o Cortejo do Traje de Papel, o ponto mais alto das Festas em Honra de São Bartolomeu, onde centenas de pessoas se vestem a rigor, com trajes feitos de papel, desfilando entre a Cantareira e a Praia do Ourigo. Chegando ao mar, os espetadores juntam-se aos participantes para um banho coletivo, no qual os trajes se desfazem na água. Esta tradição cumpre-se desde o século XVI, quando os romeiros iam à Praia do Ourigo para tomarem o banho santo, mergulhando três vezes na água, para afastar medos e curar maleitas como a gaguez, a gota ou a epilepsia.

Acesso a deficientes – Não
Bandeira Azul – Sim
WC/Chuveiros – Sim
Estacionamento – Sim




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend