Pedalar fora das cidades: sete trilhos e ecopistas

Conheça sete trilhos e ecopistas para pedalar de norte a sul ao longo desta fotogaleria.

(Fotografias: Rui Oliveira/GI)

1. Ecopista da Linha do Tâmega

Em querendo, mata-se ali a fome, com os pratos vegetarianos do Bar do Girassol. E repousa-se o corpo no hostel, que dispõe de três quartos duplos e seis camaratas. A Ecopista da Linha do Tâmega, entenda-se: se a intenção é percorrer a velha linha que ia de Amarante a Arco de Baúlhe, no concelho de Cabeceiras de Basto, nada como começar e terminar na Casa da Juventude de Amarante, gerida pelo Aventura Marão Clube, entidade ligada ao desporto, com secção própria de BTT. É também ali que se pode alugar bicicletas, e levar de troco bons conselhos para o caminho. Pela frente estão 39 quilómetros, distribuídos pelos municípios de Amarante, Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto.

(Fotografia: Rui Oliveira/GI)

1. Ecopista da Linha do Tâmega

Passando pela Adega Regional Quelha, onde orelheira e petinga frita abrem caminho para pratos como tripas à moda de Amarante ou aba de vitela, só sobra apetite para percorrer a ecopista, construída ao longo do antigo canal ferroviário da Linha do Tâmega, encerrada em 1990 neste percurso que agora se faz a pedal. Trata-se de uma via verde cujo percurso é «suave e acessível para todos, tendo em conta as caraterísticas do piso e o baixo declive», segundo informações da Associação de Municípios do Baixo Tâmega.

Em redor tanto surgem vinhas, árvores e flores, como estações desativadas e monumentos; ouve-se água a correr e também galinhas, porque se passa por pontes e aldeias, rente a quintais. A zona de Gatão, em Amarante, constitui uma boa amostra dessa diversidade.

(Fotografia: Pedro Granadeiro/GI)

1. Ecopista da Linha do Tâmega

Adiante, praticamente no início do concelho de Celorico de Basto, há cerca de três quilómetros em terra batida que não se revelam problemáticos. Para já, só é possível pernoitar na estação central de Celorico de Basto – num T2, na parte superior do edifício, ou em camaratas, onde outrora foi uma gare. Para ver mais peças e coleções, é preciso ir até à estação terminal da extinta Linha do Tâmega, que acolhe o Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe, do Museu das Terras de Basto, cujo acervo inclui uma locomotiva a vapor de 1908, entre outras.

O tempo que se leva a percorrer a ecopista de bicicleta depende da preparação física, do ritmo e dos objetivos de cada um. Caso se pretenda ir até ao fim, adivinha-se o interesse em repor energias no restaurante Caneiro, casa de cozinha tradicional conhecida pelo polvo no forno com arroz do mesmo.

(Fotografia: Pedro Granadeiro/GI)

2. Ecopista do Lima

Ponte de Lima está a transformar-se numa pequena Meca do desporto de aventura ligado à bicicleta, com trilhos de BTT e de downhill. Para os outros que gostam de pedalar mas em contextos menos radicais, também não faltam opções. As montanhas, o rio Lima, os seus afluentes e as aldeias do concelho enquadram várias propostas de passeios testados e assinalados. Os percursos estão disponíveis na app Percursos Pedestres – Ponte de Lima. Entre eles, destacam-se as quatro ecovias, todas com partida do centro da vila.

O percurso mais curto conta pouco mais de 5 quilómetros, e o mais longo cerca de 11. Mas a ideia é pedalar cada quilómetro com calma para se poder usufruir da envolvente, que inclui aldeias e campos de cultivo, cursos de água cristalina e piscinas naturais, bons restaurantes e hotéis simpáticos, caso se queira interromper o percurso para pernoitar.

(Fotografia: Lisa Soares/GI)

2. Ecopista do Lima

Atravessando a ponte que une, há 2 mil anos, as duas margens do Lima, inicia-se a aventura: basta seguir as indicações. O caminho não apresenta desníveis acentuados, passa pelo Clube Náutico, pelas instalações do Festival Internacional de Jardins e segue tranquilo entre as águas do rio e os pequenos lotes de cultivo. Mais à frente, percebe-se por que motivo esta ecovia é também conhecida como Loureiro: as vinhas desta casta autóctone prolongam-se na paisagem, emprestando-lhe verde e caráter.

A rota passa pelo emblemático Solar de Bertiandos, porém, o ponto alto do passeio é a Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e São Pedro de Arcos. Os seus 346 hectares são delimitados pelo rio Lima e pelas serras de Arga e Cabração. São também recomendáveis os passeios junto ao rio Estorãos, pelos bosquetes de folhosas e pelas veigas, terrenos húmidos que se enchem de milho por altura da primavera e do verão.

(Fotografia: Pedro Granadeiro/GI)

2. Ecopista do Lima

A ecovia dos Açudes segue na direção oposta da das Lagoas. Ao contrário do que acontece a jusante de Ponte de Lima, aqui as margens ficam mais estreitas e há menos terreno de cultivo; a água segue mais ligeira e vai encontrando, ao longo do percurso, blocos graníticos. Se lá atrás vale a pena ver as ruínas onde funcionou o forno de cal da Ribeira, aqui interessam os Moinhos da Gemieira. É um local calmo com pequenas cascatas e água fresca do ribeiro do Couto. Vidoeiros, carvalhos e amieiros compõem o ramalhete.

Junto à ecovia dos Açudes está o cinco estrelas Carmo’s Boutique Hotel, com ambiente intimista, a estética multicultural e a arte exposta nos quartos e nas zonas comuns.

(Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

3. Ecopista do Atlântico

Praticamente todos os dias, Luís Santos, especialista em segurança informática, conduz a sua bicicleta pelas estradas do Furadouro até entrar na ecopista que, por entre pinhais, o levará à praia de Esmoriz. O oceano está a dois passo. É o som mais suave ou mais forte das ondas. É o cheiro a maresia mais intenso ou mais leve. O mar ora se mostra, ora se esconde, ora se vê por entre pinheiros, ora é necessário um desvio para vê-lo na sua plenitude.

Na ecopista demarcada para bicicletas e peões, com pisos de cimento e de madeira, que caminha paralela à estrada, Luís Santos raramente perde a oportunidade de respirar ar puro neste trajeto quase diário. «Vale muito a pena fazer o percurso, traz paz e tranquilidade nesta voltinha sem grandes correrias», conta.

(Fotografia: Maria João Gala/GI)

3. Ecopista do Atlântico

Flores amarelas, roxas, vermelhas, dão o ar da sua graça numa primavera que tem custado a arrancar. Há pinhas que já caíram dos ramos e o cheiro a camarinhas anda no ar. Há vários caminhos cobertos de moliço e vegetação da mata. O orvalho da manhã começa a evaporar-se e o sol dá o ar da sua graça.

(Fotografia: Maria João Gala/GI)

3. Ecopista do Atlântico

No total, são 10 quilómetros para cada lado, entre Esmoriz e o Furadouro, sem muitas subidas ou descidas, com uma pequena parte de circuito urbano nas extremidades, apenas na área habitável das duas praias do concelho de Ovar. Grande parte do percurso é feita por uma frondosa mata florestal com mesas para piqueniques e áreas de descanso. E tem o imenso Atlântico sempre por perto, sem nunca abandonar quem passeia nesta ecopista em que a natureza cresce à sua inteira vontade.

Para repor energias, a Evasões recomenda o Furdouro Boutique Hotel Beach & Spa.

(Fotografia: Maria João Gala/GI)

4. Ecopista do Dão

O comboio corria lento, diz quem nele viajou que dava para sair em andamento e acompanhá-lo a pé. Em 1988, parou de vez: a linha que durante 98 anos ligara Viseu à linha da Beira Alta, em Santa Comba Dão, foi encerrada. Sobrou um trilho panorâmico que seria uma pena perder de vista, revocacionado ao cabo de mais de duas décadas de abandono, para servir como ecopista. Uma das maiores (senão a maior) do país, com 49,1 quilómetros de extensão, e que num futuro próximo pode vir a integrar a mais longa da Península Ibérica, assim estejam concluídos os trabalhos na Ecopista do Vouga.

(Fotografia: Fernando Marques)

4. Ecopista do Dão

Percorrer esta quase meia centena de quilómetros é uma opção viável, num dia a bom ritmo, mas também ninguém levará a mal uma «batota»: ao quilómetro 34,5, junto à antiga estação de Tonda, está a No’Clock, a antiga casa de um ferroviário convertida em dois apartamentos rústicos, com um agradável jardim em redor, mesa de piquenique e casinha de madeira que fará delirar os hóspedes mais novos.

Daqui, pode seguir-se para Santa Comba, 14 quilómetros de paisagens, com o Dão por companhia. Ou então no sentido inverso, com Viseu no final do caminho, e de permeio campos de centeio, vinhas, mas também hortas, túneis de bosque e antigas estações de comboio onde vale a pena apear e explorar. Na de Casal do Rei, há um tesouro românico esquecido, a fachada antiga igreja matriz de Canas de Santa Maria. Na de Parada de Gonta, reconforta-se o estômago, com os petiscos (e pratos de substância, a pedido) do Tempêros Nómadas. E na de Torredeita, sobe-se a bordo de uma locomotiva a vapor de fabrico alemão, mantida para a posteridade, recuperada e aberta a visitas.

(Fotografia: Fernando Marques)

4. Ecopista do Dão

Depois, há toda a infraestrutura ferroviária, que só acrescenta motivos de interesse ao caminho, seja a ponte da Tinhela, cem metros de tabuleiro metálico crivado, uma perspetiva de Google Earth sobre o vale do rio Dinha, seja o túnel de Parada, 183 metros de semiescuridão e silêncio. Em indo com tempo, para-se para respirar, admirar a paisagem, e dois dedos de conversa. Um dos melhores poisos para o efeito é a convidativa esplanada do bar Station Alive, na antiga estação de Farminhão.

Quilómetro sobre quilómetro, quando se dá por isso já Viseu não está muito longe, e logo se nota a aproximação, nos derradeiros quilómetros, de subida pouco pronunciada, com a silhueta das torres da Sé e da igreja da Misericórdia no horizonte, e muitos viseenses que aproveitam o corredor vermelho para caminhar, correr ou passear em família. A passo lento, como o comboio de outrora. Um passeio destes é para fazer de sentidos despertos.

(Fotografia: Fernando Marques)

5. Serra da Arrábida

O centro Go Arrábida abriu em fevereiro, no Parque Urbano de Albarquel, com os praticantes de trail running, BTT, caminhadas e escalada em mente. Em breve, disponibilizará informações sobre percursos marcados na serra, parte de uma iniciativa em marcha há um par de anos, para a marcação de oito pequenas rotas e uma grande rota, apta para ciclistas e caminhantes. Quando os percursos estiverem oficializados, serão disponibilizados no quiosque digital do Go Arrábida, bem como para download em telemóvel, com informações sobre distâncias, altitude e pontos de interesse.

(Fotografia: Paulo Barata)

5. Serra da Arrábida

Atualmente, o Go Arrábida conta já com um Bikepoint com condições para fazer pequenas reparações nas bicicletas, uma bomba automática para enchimento de pneus (gratuita) e ponto de lavagem (50 cêntimos, 3 minutos), entre outras funcionalidades. No local, encontram-se também um suporte para estacionar bicicletas, bancos de repouso, sanitários e cacifos. A pensar em quem não tem (ou não trouxe) bicicleta própria, este espaço municipal dispõe também de bicicletas que num futuro próximo serão para alugar.

(Fotografia: DR)

6. Algarve Selvagem

Nem tudo são defeitos no Algarve turístico, mas há um outro Algarve pacientemente à espera de ser descoberto. Mais ainda quando se troca a bicicleta de estrada pela de BTT. Um Algarve interior, «profundo», autêntico, repleto de estradões de terra, trilhos, lama, árvores, vegetação mediterrânica e um sem-número de cursos de água para atravessar. É precisamente esse lado que António Gavinho e a sua empresa Caminhos da Natureza tentam dar a conhecer através do programa Algarve Selvagem.

Quatro dias de aventura em que tanto anda pelo referido Alto da Fóia – o ponto mais alto da região, na serra de Monchique – como por trilhos juntos às falésias, em plena Costa Vicentina, entre Sagres e Lagos. Um percurso circular, que começa e acaba em Odeceixe, para facilitar a logística – o carro pode ficar no ponto de partida – e que tem duas rotas à disposição, uma com cerca de 320/330 quilómetros, outra com 250.

(Fotografia: DR)

6. Algarve Selvagem

E estará isto ao alcance de qualquer ciclista de verão? O melhor é que comecem já a treinar aqueles que estiverem fora de forma. A equipa da Evasões cruzou há alguns anos a região de uma ponta à outra com esta empresa e sentiu nas pernas a falta de rodagem. Não se pense, contudo, que se trata de uma corrida. O programa está concebido de forma a que se pedale das 9h00 até às 16h00/17h00, com direito a paragens para as incontornáveis fotos e para as refeições. Almoços em forma de piquenique, com produtos locais.

Duas das noites são passadas num hotel de quatro estrelas e a terceira num turismo de aldeia. Quando é que se pode ir para estrada? Em qualquer altura, basta juntar seis amigos. O resto é pedalar e paisagem. E que paisagem.

(Fotografia: DR)

7. Bikotel

A Bikotel – Bike Friendly Network é uma rede que junta a hotelaria amiga dos ciclistas e tem vindo a crescer: o número de unidades com este selo de boas práticas no acolhimento a quem anda de bicicleta vai em 115, e não deverá ficar por aqui. «As pessoas estão mais sensíveis ao nicho do cicloturismo; vamos ter mais unidades a entrar», adianta a gestora do projeto, Marta Salvador. A Quinta dos Machados, em Mafra (na imagem) é um dos alojamentos Bikotel.

(Fotografia: Carlos Manuel Martins/GI)

7. Bikotel

Os estabelecimentos, de diversas tipologias, encontram-se espalhados pelo continente e pela ilha Terceira, nos Açores, e cumprem vários requisitos, entre eles, ter um lugar seguro para guardar as bicicletas, minioficina, percursos e ementas adequadas a ciclistas. Serviços como massagens, aluguer de veículos e GPS ou acompanhamento especializado nos trilhos já são opcionais – cada casa pode personalizar a oferta, e os apaixonados pelas duas rodas sem motor agradecem. O Vale do Ninho Nature Houses, na Penela (na fotografia) também pertence ao grupo Bikotel.

(Fotografia: Reinaldo Rodrigues/GI)