A baía de São Martinho, ou a praia em forma de concha

Praia de São Martinho do Porto. (Fotografia de Nuno Brites/Global Imagens)
Conhecida noutro tempo como “o bidé das marquesas”, a praia de São Martinho do Porto, no concelho de Alcobaça, continua a seduzir cada vez mais veraneantes.

Vista do alto, a baía de São Martinho do Porto faz lembrar um postal da Riviera francesa. A praia que tem pergaminhos desde há um século já não é o bidé das marquesas – como ficou conhecida nos meios de veraneio – mas guarda muita da traça desses tempos. Era porto de abrigo para a nobreza e alta burguesia de Lisboa, desde que no final do século XIX os mais endinheirados foram ganhando o hábito de desfrutar do “ar da praia”, como conta Ramalho Ortigão no livro “As Praias de Portugal – guia do banhista e do viajante”.

São Martinho vive, ainda hoje, os resquícios desse tempo: uma boa parte dos proprietários são famílias da classe média-alta de Lisboa, que se resguardam na pacatez da vila do bulício da cidade. E nos últimos tempos as notícias dão conta de uma procura inusitada para férias, suplantando mesmo algumas praias do Algarve. Não admira. A beleza da praia, em forma de concha, seduz quem se deixa enamorar.

A partir da marginal, percebe-se bem a razão de não abdicarem desse tesouro: o mar calmo, ideal para as crianças, meia dúzia de barcos a enfeitar a baía, barraquinhas alinhadas. As manhãs são tradicionalmente nubladas e pedem muitas vezes um agasalho. São Martinho é sobretudo uma praia para famílias, e por isso é comum ver regressar muitas das crianças de antigamente que em jovens optaram por outras paragens e que, uma vez adultos, e já com filhos, retornam à baía e às casas de família.

Praia de São Martinho do Porto. (Fotografia de Nuno Brites/Global Imagens)

Há, porém, muito palacete transformado em alojamento local, uma resposta que nos últimos anos foi criada a pensar no turismo nórdico que ali veio ter. Depois da pandemia, fala-se mais português em toda a parte, seja na praia, nas esplanadas, ou em Salir do Porto, onde fica a maior duna do país (que já foi a maior da europa).

De volta à vila, o ascensor é uma boa forma de chegar à parte cimeira. Não há melhor para recarregar energia que uma visita à pastelaria Concha. Esta história começa em 1950 “com seis mulheres a vender bolos na praia, com uma lata”, conta Inês Frutuoso, que trocou o ensino dos mais novos pelo atendimento ao público diverso. Lá em baixo ainda se mantém a Piaggio e a lata em cima, para quem não aguenta subir ao cume da vila para matar desejos. Ainda assim, vale a pena o esforço. Nem que seja para desfrutar do pátio resguardado por suculentas, um toldo de praia e muito sossego. Porque há um lado pitoresco de São Martinho que se mantém lá em cima, e observa a praia, sempre bela, cá em baixo.

Há limo no cais

Na baía de São Martinho há uma alga característica: o limo. Há ainda mais de 20 apanhadores que se dedicam a este ofício, uma vez que a alga vermelha poderá vir a ser usada pela indústria farmacêutica. Pode ser apanhada entre 15 de junho e 15 de novembro, mas mergulhadores e apanhadores só vão ao mar no máximo 30 vezes, dependendo das condições climatéricas, do estado do mar. É a existência desta alga que deixa um cheiro característico na baía, muitas vezes, conferindo à praia um aroma único também.

Praia de São Martinho do Porto

Acesso para deficientes: sim
Bandeira azul: sim
WC e chuveiros: sim
Estacionamento gratuito: sim




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