7 quintas para visitar (e dormir) no vale do Douro

Percorra a fotogaleria para conhecer 7 quintas da região do Douro onde apetece ficar.

Na fotografia: a piscina da Quinta do Vallado, uma das quintas mais antigas e famosas do Vale do Douro.

(Fotografia de Orlando Almeida/GI)

01. Quinta do Vallado

É uma das mais famosas e antigas quintas da região – foi construída em 1716, pertenceu à lendária dona Antónia Adelaide Ferreira e mantém-se na posse da família –, mas não parou no tempo. Bem pelo contrário. Ao charme dos seus 70 hectares (localizados perto do Peso da Régua) junta-se um alargado leque de atividades. Há visitas à adega (uma das mais modernas da região) e provas de vinho, naturalmente, mas também vários workshops relacionados com o vinho ou passeios de jipe pela propriedade – num anacrónico Land Rover Defender com mais de cinquenta anos. E vindimar, é claro.

(Fotografias de Orlando Almeida/GI)

01. Quinta do Vallado

Por estes dias disponibilizam programas que incluem pequeno-almoço, almoço e lagarada. Depois de um dia cheio, muitos não terão vontade de regressar a casa. E se ficarem aqui ficam bem instalados, afinal trata-se de um dos melhores alojamentos do Douro. Há muito que recebiam hóspedes, mas abertura do hotel rural, em 2012, veio dar o toque de qualidade definitivo. Um edifício em xisto, projetado por Francisco Vieira de Campos. Treze quartos no total e uma piscina a não perder – se o tempo ainda deixar.

02. Quinta da Marka

Acordar de olhos postos no Douro é uma certeza nesta casa que junta modernidade com uma boa dose de tradição. José Carlos Agrellos comprou a antiga propriedade em 1991, mas o apelido de família já ecoa pela região há mais de 200 anos. Em 2008 começaram as obras de recuperação da quinta, que se mantém fiel às caraterísticas da terra, com algumas paredes de xisto cobertas de buganvílias em flor e até a piscina de água salgada, que espelha o rio à superfície, se deixa rodear destes afloramentos rochosos.

A casa conta com sete suítes, todas com vista sobre o Douro, uma pequena biblioteca, onde está um piano centenário, e outras salas cuidadosamente decoradas ora com peças mais contemporâneas, ora com móveis de família. «Dão-lhe o conforto de uma casa familiar», nota José.

(Fotografias de Pedro Granadeiro/GI)

02. Quinta da Marka

Numa dessas salas repousa um raro exemplar do livro O Portugal vinícola, de 1900, que reúne estudos sobre as principais castas do país e não deixa esquecer o que, a par da tranquilidade que paira pela casa, acontece no resto da propriedade. Aqui são produzidos os vinhos de mesa da Marka e todo o processo pode ser acompanhado de perto, a começar com um passeio pelas vinhas, passando pela adega, até à sala de provas que é também uma espécie de «laboratório», onde Carlos Agrellos, filho do proprietário e enólogo da casa, se dedica a testar mostos e novos blends. Por altura da vindima, apesar de não haver nenhum programa definido, José deixa o convite: «Quem estiver de visita e quiser ajudar está à vontade.»

03. Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo

Na margem direita do rio, por entre estradas sinuosas que acompanham os contornos das montanhas, deixa-se descobrir, incrustada no vale, a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. O nome vem da proximidade à antiga capela onde os barqueiros paravam para encomendar uma viagem segura até Vila Nova de Gaia. Os primeiros registos datam de 1725, o que faz dela uma das mais antigas quintas vinhateiras do Douro e se há coisa que, além do vinho, não falta a esta casa é história.

Pertence desde 1999 à família Amorim e, em honra da matriarca, no ano passado foi construída a mais recente parcela do complexo, o Wine Museum Centre Fernanda Ramos Amorim. Nele estão expostas mais de seiscentas peças da coleção privada de Fernanda, divididas por cinco salas que percorrem todo o ciclo de produção do vinho do porto, desde a vinha até à garrafa. Mas o acervo é apenas uma pequena parte do que esta quinta tem para oferecer. É que, além dos vinhos que aqui se produzem – mais de uma dezena de referências, entre DOC Douro, reconhecidos internacionalmente e de que se destacam os Mirabilis e os portos –, há todo um conjunto de experiências para disfrutar.

(Fotografias de Pedro Granadeiro/GI)

03. Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo

Comecemos com a visita guiada à adega centenária, a sala das barricas e a garrafeira subterrânea, onde envelhecem os melhores vinhos, abrindo o caminho para uma prova tranquila com vista sobre o vinhedo em socalcos. Os mais aventureiros têm também vários percursos assinalados pelos 85 hectares de vinha, para explorar a paisagem e os caminhos que encantaram Miguel Torga. Ao final do dia, encontra-se pernoita ali mesmo, na antiga casa senhorial oitocentista, transformada num hotel com todas as comodidades e que mantém os traços originais da época. Ao redor estendem-se jardins, terraços, uma piscina exterior e até uma capela, que convidam a prolongar a visita e a apreciar o silêncio do vale.

04. Quinta dos Murças

De comboio, basta sair na estação de Covelinhas para logo dar de caras com uma porta de acesso à propriedade. A Quinta dos Murças pertence desde 2008 ao grupo Esporão, o primeiro projeto da empresa na região do Douro, e tal como no Alentejo, também aqui se pratica a produção biológica, com alguns traços do passado, como a utilização de lagares de granito e pisa a pé.

No ano passado a casa oitocentista foi recuperada para alojamento, um projeto que «demorou algum tempo a concluir porque se tentou manter ao máximo as caraterísticas originais», explica José Luís Moreira da Silva, o enólogo da quinta. Assim, tanto as portas em madeira como os antigos radiadores são os mesmos que ali viram passar os últimos 200 anos. A habitação é composta por cinco quartos, dois deles incluídos numa área familiar, uma confortável sala de estar com varanda sobre o Douro, um jardim com piscina, cozinha à disposição dos hóspedes e sala de jantar, onde diariamente são servidas as refeições, simples e caseiras, com os sabores da região, já que as oliveiras, amendoeiras e laranjeiras partilham com as vinhas um lugar de destaque.

(Fotografias de Pedro Granadeiro/GI)

04. Quinta dos Murças

«É uma quinta muito especial», assegura José Luís, «e o que se pretende é que quem aqui venha viva a experiência de passar o dia na adega, nas vinhas ou até na cozinha e que fique a conhecer o que esta quinta tem de diferente», continua. É que além de reclamar para si a primeira vinha ao alto plantada no Douro, em 1947, a Quinta dos Murças conta também com oito tipos de terroir, que valem a pena conhecer, explorando os 48 hectares de vinhedo e provando as várias referências de DOC Douro e vinho do porto aqui produzidas.

05. Quinta do Tedo

É banhada não por um, mas por dois rios, o Douro e o seu afluente Tedo, cuja lenda, que tem por base uma trágica história de amor entre um cavaleiro cristão e uma princesa moura, o dota de propriedades medicinais únicas. Verdade ou não, certo é que brota vida ao redor desta quinta, e existem até percursos assinalados para identificar as espécies de aves existentes na região, como o chasco-preto, a imagem da marca, difícil de avistar, mas que segundo uma outra lenda, quando aparece assegura boa colheita.

A Quinta do Tedo é um projeto de Vincent Bouchard e Kay Steffey, que em 1992 encontraram neste recanto uma segunda casa, onde passam o verão e a época da vindima. Ele é francês e oitava geração de produtores vinícolas, ela é americana e especialista em vinhos italianos, mas no que toca aos da casa não há discussão, vencem as barricas de carvalho francês, que ganharam uma nova adega, inaugurada este ano.

(Fotografias de Pedro Granadeiro/GI)

05. Quinta do Tedo

Quem aqui chega é recebido em ambiente familiar e acolhedor, que se estende tanto à produção, de cariz tradicional, com recurso a pisa a pé, como ao alojamento, cinco quartos apenas, todos com nome de vinho. Na loja encontram-se todas as referências da casa, de outra forma só disponíveis por encomenda, incluindo algumas das garrafas que ainda são pintadas à mão. Mas além de provar os vinhos vale a pena fazer uma visita pela propriedade, especialmente por altura da vindima, em que a quinta se enche ainda mais de cor, azáfama, cantares e uma energia contagiante. «É convivial, alegre e é o que as pessoas precisam mais hoje em dia», lembra Kay.

06. Quinta de Tourais

É uma casa de família, e só a família aqui trabalha. «O meu avô comprou a quinta em 1940 ao Adriano Ramos Pinto», conta Fernando Coelho, o enólogo e responsável pela produção. Nasceu e cresceu aqui, mas viveu muito tempo no Porto e quando voltou trouxe consigo o gosto pelo design, que implementou nos rótulos irreverentes dos vinhos da casa, gravados em serigrafia, os Tourónio, Arisco, Miura e Fúria. As uvas, todas produzidas na quinta, são pisadas a pé, em lagares com mais de 200 anos, e mesmo ao lado da adega dois quartos confortavelmente decorados convidam quem aqui vem a prolongar a visita e conhecer os afazeres da quinta, onde também trabalha Manuela Coelho, irmã de Fernando, e a sua mulher, Liliana.

(Fotografias de Pedro Granadeiro/GI)

06. Quinta de Tourais

Mas é na casa principal, com paredes cobertas de obras de arte, que se servem os pequenos-almoços, junto da piscina. Os hóspedes também podem fazer uso da cozinha e servir-se da horta e dos ovos caseiros. No grande terraço soalheiro ou, quando o tempo não o permite, na sala interior, fazem-se as provas de alguns dos vinhos de mesa aqui produzidos e, por cortesia, por vezes é também dado a conhecer porto da casa, não comercializado, diretamente da barrica para o copo. «Chamo-lhe o vinho do porto da avó», ri-se Liliana.

07. Quinta de La Rosa

O nome parece remeter para Espanha, mas não há aqui qualquer ligação com o país vizinho, mas sim com Inglaterra. A proprietária, Sophie Bergqvist, formada em Cambridge, começou a trabalhar na quinta com o pai, em 1988, e apaixonou-se desde logo pela região. E o mais certo é que os visitantes se «apaixonem» pela sua postura e discurso descontraídos. O mais certo é estar por ali, durante as vindimas. Esteja ou não, vale a conhecer a bonita propriedade a dois minutos do Pinhão, do lado contrário à EN222. Há dois programas disponíveis, um de meio dia (começa às 17h) e outro de dia inteiro, das 10h às 21h30. Qualquer um deles com direito a jantar no restaurante Cozinha da Clara, inaugurado em 2017, a nova menina dos olhos da quinta.

(Fotografias de Orlando Almeida/GI)

07. Quinta de La Rosa

O programa de dia inteiro contempla também passeio de barco pelo rio, com uma hora de duração. Na hora de dormir também não é preciso procurar muito. Basta encontrar o quarto. Duas dezenas de quartos espalhados por vários edifícios. Especial referência para os muitos terraços, ideais para tomar o copo de vinho, ou porto tónico, da praxe. Ou mesmo uma cerveja. Este ano começaram a produzir cerveja artesanal. A primeira quinta do Douro a fazê-lo.