Textos de André Rosa e Dora Mota.
Caminha
De um lado, o oceano Atlântico e uma praia brava, de pinhal e ventania. Do outro lado, o rio Minho e o monte de Santa Tecla, a erguer-se da margem galega. Para cá da margem portuguesa, encontra-se a vila encantadora de Caminha, com tudo aquilo que se procura de pitoresco no seu pequeno centro: uma praça em redor de um chafariz, a distribuir a passagem para ruas cheias de comércio tradicional e um miolo antigo e com património em granito a descobrir, muitos lugares onde sentar para comer, uma fortaleza virada a Espanha e a margem do rio a todo o comprimento. Vale a pena ficar atento à agenda de verão (há concertos e festas gastronómicas), mas também passar por lá na serenidade do inverno. Assim como ir, nem que seja só uma vez, à sua enorme feira (quarta de manhã), criada no tempo do rei D. Dinis.
Rio de Onor
Para lá chegar é preciso atravessar todo o Parque Natural de Montesinho, passeio maravilhoso entre curvas e miradouros, que nos deixa cara a cara com esta região remota que não disfarças as suas cicatrizes do despovoamento – nem regateia a sua generosidade. Rio de Onor é o fim dessa viagem, terra de especial caráter raiano, que se considera serem ela e a sua contígua Rihonor de Castilla uma única aldeia. É um passeio entre um postal transmontano, com as suas casas de pedra com varandas floridas, uma paz inquebrável e os seus emblemas: a ponte romana e a igreja matriz, o forno e o moinho comunitários.
Cabo da Roca
“Eis aqui, quase cume da cabeça. De Europa toda, o Reino Lusitano, Onde a terra se acaba e o mar começa (…)”. Foi assim que Luís de Camões descreveu o Cabo de Roca em “Os Lusíadas”. Neste que é o ponto mais ocidental do continente europeu existe um farol visitável, a 150 metros de altura face ao mar, datado de 1772 e que expõe o primeiro rádio-farol do país. Mas há mais: uma vista impressionante sobre as forças da natureza e trilhos entre a vegetação. Tudo a 40 minutos de carro de Lisboa, a meio do caminho entre Sintra a Cascais.
Sagres
As fundações deste porto de pesca remontam até antes da conquista romana, mas foi já no século XV que Sagres entrou no mapa, associando-se à epopeia dos Descobrimentos com a presença frequente do Infante D. Henrique (que em Lagos fundou a sua escola de navegação). Bem perto fica o Cabo de São Vicente – o extremo sudoeste do continente europeu -, onde se observa um bonito pôr do sol e as vagas marítimas quebrarem-se na costa. Os romanos chamavam-lhe o Promontorium Sacrum em honra do deus Saturno.
Vila Real de Santo António
Delimitado a norte e a oeste por Castro Marim, a sul pelo Atlântico e a leste pelo rio Guadiana – que integra a fronteira mais antiga entre Portugal e Espanha – Vila Real de Santo António continua a ser um sul pouco explorado. O Arquivo Histórico Municipal conta a história da sua indústria conserveira (berço da histórica Ramirez) e o atum come-se em quase todas as casas. O hotel Guadiana reabriu entretanto na frente do centro histórico, que foi construído à imagem da baixa pombalina.