Marhaba em Lisboa: a comida é boa, a causa é ainda melhor

Marhaba - o projeto Marhaba – O Médio Oriente à Mesa Lisboa
O projeto Marhaba – O Médio Oriente à Mesa envolve nove cozinheiros, orientados pelo chef Nuno Bergonse.
Nove homens da Síria, da Palestina e da Eritreia, com o apoio da associação Crescer e do cozinheiro Nuno Bergonse, criaram o projeto Marhaba – O Médio Oriente à Mesa para, através da cozinha do seus países, assegurarem a sua continuidade, com meios próprios, em Lisboa.

Nuno Bergonse não gosta que lhe chamem chef, por mais que tenha sido assim que o viram e o rotularam enquanto esteve à frente de projetos como Pedro e o Lobo ou, mais recentemente, do grupo que detém os restaurantes Ministerium Cantina, Marisqueira Azul, Puttana e Duplex. Há coisa de meses anunciou a sua saída e, enquanto cozinheiro, homem e pai de família, tem procurado encontrar uma outra forma de estar na vida. Por isso mesmo, o desafio lançado pela Crescer, uma associação de integração comunitária, para assumir uma escola-restaurante destinada aos sem-abrigos fez todo o sentido, embora se encontre ainda em banho-maria. Antes, a Crescer precisava do saber-fazer do cozinheiro para apadrinhar uma outra iniciativa já em curso: o projeto Marhaba – O Médio Oriente à Mesa.

Desde 2011, a associação tem desempenhado uma papel importante na integração e inclusão social, sob o lema de housing first (a ideia é providenciar um lar a quem está em situação de risco como uma das prioridades), o que a levou a ser convidada pela Câmara de Lisboa para, com base na sua experiência, trabalhar com refugiados na capital.

O programa avançou em março de 2016 e, desde logo, se evitou ao máximo a palavra “refugiado”; Marhaba (quer dizer bem-vindo) é-nos apresentado como um projeto criado por nove homens oriundos da Síria, da Palestina e da Eritreia que, através da cozinha dos seus países, estão a tentar criar algo de duradouro que lhe permita assegurar uma vivência autónoma em Portugal assim que deixarem de estar tutelados pela câmara (o apoio tem a duração de 18 meses).

Com estórias de vida muito duras, e que não raras vezes incluem a separação familiar, estes nove homens, divididos por dois grupos, não tinham experiência como cozinheiros — daí a importância de Nuno, não só na gestão dos estoques, mas também na confecção e na apresentação dos pratos —, mas todos eles, de uma forma ou de outra, estavam habituados a cozinhar em casa nas suas terras. A Crescer partiu dessa vontade, e do facto do convívio à mesa ser algo universal e de haver neste momento uma grande curiosidade pela cozinha do Médio Oriente (muito por via da vertente saudável que nos alertou para coisas como o húmus de grão, por exemplo), para incentivá-los a criar um serviço de catering (é possível encomendar refeições para os mais variados tipos de eventos particulares ou de empresas) e também, aos fins de semana, a servir almoços na Fábrica Braço de Prata (aos sábados) e brunch na Casa Independente (uma vez por mês, ao domingo). Com um custo de 15 euros por pessoa (que inclui água aromatizada e uma espécie de iogurte, o resto é pago à parte), a comida servida é deliciosa, mas, melhor ainda, é a causa.

Mais informações em facebook.com/projetomarhaba; reservas e pedidos de orçamento através do e-mail: [email protected]

 

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