Um hotel-museu numa antiga papelaria do Porto

O A. S. 1829, no final da Rua das Flores, é uma papelaria transformada em hotel. Ou antes, é um hotel de charme, que aproveita os encantos da papelaria Araújo e Sobrinho que ali continua a funcionar e a tomou como mote para um projeto de renovação, conservando a autenticidade que os novos turistas procuram.

A. S. 1829 Hotel, anuncia o letreiro por cima do pórtico de vidros e ferro, no velho Largo de São Domingos, onde acaba a Rua das Flores, na baixa do Porto. É um letreiro enigmático e ainda mais quando, por baixo, permanecem as palavras Araújo e Sobrinho. De lado, para adensar o enigma, a montra, de loja antiga e clássica; em ouro e preto anuncia «acessórios para desenho e pintura».

Quem espreitar a montra ficará também surpreendido: à primeira vista, tem, de facto, instrumentos de pintura e de papelaria. Porque ainda é uma verdadeira papelaria, a Araújo e Sobrinho, e é também o átrio deste hotel de charme e quatro estrelas que a mesma família abriu – em colaboração com os Hotéis Lux, sediados em Fátima, em meados de 2015.

A herança da família foi cuidada pelo projeto de arquitetura, não só na manutenção da papelaria, que tem Miguel Araújo – trineto dos fundadores da papelaria – ainda a vender pincéis, canetas e papéis de luxo, objetos vintage de coleção e com história. Por todos os pisos do pequeno hotel há recordações – entre máquinas de escrever antigas, que se podem dedilhar, cartazes das primeiras máquinas de escrever elétricas, objetos da gráfica que ali funcionava, cartazes do 25 de Abril, e móveis de papelaria e escritório que ali foram construídos e sobreviveram até hoje na coleção familiar.

Estamos portanto perante um hotel que é também um museu e papelaria.

Que conservou o que havia para conservar para dar aos turistas de nova geração aquilo que mais procuram: uma experiência autêntica. No restaurante, português e moderno, Galeria do Largo – onde se toma o pequeno-almoço agradavelmente ao sol e também está aberto às refeições ao público -, ficaram os antigos móveis de exposição. O que não havia foi refeito para não afectar o tom geral, vintage e característico.

Por todo o lado, incluindo os quartos, imperam os tons cinzentos, bordeaux, verde seco, as madeiras e o chão de mosaicos hidráulicos. Todos os 41 quartos são diferentes – alguns numa nova ala, outros no edifício antigo -, num projeto dos Arquitetos dos Aliados, que respeitou a traça e adaptou o que havia para adaptar. O corrimão de madeira foi todo refeito em curvas bem desenhadas. Nas casas de banho foi exercida a imaginação, há-as com banheiras de pés, chuveiros, integradas nos quartos ou fora. Um confortável poiso num Porto cada vez mais cosmopolita, mas que mantém a autenticidade.

 

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