Visitar o Museu da Quinta de Santiago em Leça da Palmeira

A exposição “A Coleção Habita a Casa” é o mais recente argumento para visitar o Museu Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, com as obras de arte selecionadas em função dos espaços que ocupam.

É logo no fumoir [sala de fumadores], a antecâmara da habitação, que está posicionada a primeira obra de arte. A composição de cadeiras desordenadamente empilhadas, uma peça coletiva de Rui Anahory, Isaque Pinheiro e Alberto Péssimo, não foi colocada aqui por acaso. Aliás, nem essa nem nenhuma das peças desta primeira exposição da Quinta de Santiago, que abriu a programação de 2017, já que o mote foi selecionar o lugar das obras em função dos espaços que ocupam. Assim, essas cadeiras empilhadas têm como função evocar a espera ou a distribuição dos visitantes, de acordo com o destino da sua visita.

Vai ficar patente até 21 de maio, com a casa de Vila Franca como lugar principal, esta exposição “A Coleção habita a Casa”, tendo como fio condutor a mudança de paradigma nos espaços de representação e de intimidade.

A seleção das obras foi feita a partir da coleção municipal e as suas cerca de 1500 obras de arte, um vasto espólio que tem vindo a ser reunido desde os anos 50. ; Ao longo das várias divisões que se estendem por dois pisos, mas também nos jardins, podem ser vistas obras de Alberto Péssimo, António Carneiro, Ângelo de Sousa, Auguste Roquemont, Aurélia de Sousa, Francisco Laranjo, John S. Sargent, José Emídio, Rui Anahory, Teixeira Lopes, entre muitos outros.

À parte a exposição, o Museu Quinta de Santiago é um espaço a visitar por si só. Se nos dias de hoje, através das janelas ou passeando-nos pelos jardins, podemos vislumbrar o labor do Porto de Leixões, sobre o qual o edifício se debruça à distância, este ainda é uma espécie de refúgio da azáfama da cidade. A casa apalaçada rodeada de jardins foi construída em 1896 a mando de João Santiago de Carvalho para residência principal da sua família, apesar de implantada numa zona balnear por excelência. Ao arquiteto

Nicola Bigaglia foi feito um pedido específico, expresso na variedade de elementos estruturais e decorativos que tornam cada uma das salas muito diferentes entre si e onde são percetíveis os códigos sociais da época – a escada de serviço está distante da de uso familiar, sendo o rés-do-chão e o sótão os espaços dos criados.
No piso térreo funcionavam a cozinha e a carvoaria (hoje espaço da cafetaria do museu, que não está em funcionamento). No primeiro piso, a entrada principal, existem dois salões, a sala de jantar e o jardim de inverno, espaço reservado para a receção dos visitantes e encontros sociais e que hoje recria o ambiente original da casa.

O espaço da intimidade, no andar superior, onde estavam situados os quartos, acolhe atualmente as exposições do museu. Já não visitáveis são as águas furtadas, ocupadas pelos serviços administrativos.

Foi aqui que a família residiu até meados da primeira metade do século XX, altura em que já apenas D. Maria Carolina e funcionários habitavam a casa. João Santiago e o filho já tinham falecido. Adquirido pela Câmara Municipal em 1968, só em 1996 abriu portas como museu municipal, após um projeto de reabilitação assinado pelo arquiteto Fernando Távora. É hoje testemunha privilegiada das profundas transformações urbanísticas e sociais que a cidade conheceu nos últimos cem anos.

 

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