Petiscos à moda antiga para provar na Boavista

O pernil e os pregos do Lareira mudaram-se para Serralves, longe da azáfama dos turistas, mas com o sabor de sempre.

Nem sempre o sonho de um fervoroso adepto de petiscos e de tascas passa por gerir um destes estabelecimentos. Cada coisa no seu sítio. Foi assim que Ricardo Moreira encarou a sua paixão, pelo menos até perceber que a taberna na Rua das Oliveiras, local que frequentava assiduamente, estava à venda. Deu-lhe um novo ar e nova carta mas manteve o nome: Lareira. Esta história tem dois anos mas volta a contar-se por estes dias, até porque o negócio se tornou mais sério com a abertura do segundo espaço, desta vez do outro lado da cidade.

Há 20 anos, enquanto os amigos se deslumbravam com as comidas das multinacionais de fast food que chegavam à cidade, Ricardo manteve-se fiel aos pequenos tascos e tabernas típicas da cidade: «Havia um espírito de descoberta, de ir à procura de novos sítios. Às vezes corria bem, outras vezes nem por isso».

Por isso, chegada a hora de ser ele próprio a promover a cozinha portuguesa sem truques ou invenções, não hesitou. O Lareira da Baixa foi angariando clientes e enchendo mesas até que o espaço deixou de ser capaz de suportar toda a procura. Foram vários os clientes que pediram a Ricardo que levasse as sandes de pernil e as tábuas de enchido para outra freguesia, até porque «a Baixa começa a ficar completamente saturada».

A carta aposta nos petiscos de sempre, sem invenções. Pregos, sandes de pernil ou pica pau são alguns dos pedidos mais habituais

Deslocalizar do centro da cidade é uma tendência contra-corrente que parece alastrar-se a muitos dos empreendedores que, em tempos, ali instalaram os seus negócios.«Às vezes paga-se mais pelo estacionamento do que pela própria refeição», revela o proprietário do Lareira.

O novo Lareira nasceu a poucos metros de Serralves, no cruzamento de duas das mais importantes vias da zona ocidental da cidade, a Avenida da Boavista e a Marechal Gomes da Costa. Na carta, pouco ou nada muda, tal como na decoração deste espaço rústico de mesas de madeira e mosaicos aos losangos verdes e brancos.

A sandes de pernil com queijo da Serra mantém o estatuto de best seller mas o pica pau de molho rico e denso – que teve de ser domado porque «era muito forte» -, recém adicionado à ementa, parece querer desafiar a hegemonia.

Ao seu lado, surgem outras boas tradições, como a do prego, com ou sem ovo, pernil com vinagrete, alheiras, pataniscas e as tábuas de queijos e enchidos – que agora se servem também em meias doses, para o petiscador solitário. Depois, basta regar abundantemente com um copo de vinho. Quem se sentir suficientemente corajoso, pode arriscar provar um dos pimentos conservados no frasco pousado ao balcão e conservado em vinho tinto. Mas fica o aviso: «Aquilo é coisa para homem».

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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