O ateliê em Lisboa onde há empanadas peruanas por encomenda

Formada em Pastelaria, a peruana Valeria Olivari estagiou no Vila Joya e trabalhou com Olivier, mas não sabia se Portugal seria o seu destino. Decidida a ficar, as empanadas e bolachas são agora o primeiro passo para nos fisgar pelo estômago.

Não é evidente ganhar a vida em Portugal a vender empadas para fora. Para mais quando elas res­pondem por empanadas e não são, em rigor, iguais às nossas em­padas tradicionais. Acontece que, por muita boa mão que tenhamos para as ditas – e há as que são excecionais, que fique claro –, a maio­ria perde para as empanadas sul-americanas. Quando bem feitas, as segundas ficam uns pontos à frente das representantes lusas nos quesitos «crocância» e recheio.

Serve o preâmbulo para dizer que vale a pena prestar atenção ao que está a fazer a pe­ruana Valeria Olivari. No seu ateliê lisboeta Las Cholas, de segunda a sábado, ela não só já fornece algumas das melhores pastelarias de Lisboa como passou a aceitar encomendas de particulares; para as empanadas e para os al­fajores, outra receita sul-americana campeã para bolachas, tipo sanduíche, recheadas com, nada mais nada menos, doce de leite.

E porquê Lisboa? Para responder, impõe-se resumir um pouco do percurso desta pe­ruana transformada em alfacinha do coração. Como boa parte dos seus colegas chefs e cozi­nheiros, Valeria teve o seu primeiro contacto com tachos e panelas ainda na tenra infância, passada na cidade de Tacna (Sudoeste do Peru), graças a uma empregada interna, uma típi­ca chola – nome que se dá na Améri­ca Latina a quem possui traços indí­genas, embora nos últimos tempos a expressão tenha adquirido outros significados pejorativos.

A seguir ao trabalho na casa, a jo­vem, incentivada pelos patrões, completava a sua educação numa escola noturna, e foi assim que Valeria, que não desgrudava da sua saia, passou a acompanhá-la e a participar inclusi­ve nas aulas de culinária incluídas na forma­ção. Valeria cresceu e foi formar-se em Paste­laria na capital, Lima, onde não demorou mui­to tempo a ser contratada por Rafael Osterling, um dos chefs peruanos mais badalados.

Osterling viria a revelar-se providencial na sua vida: desde o primeiro momento, apoiou-a e incentivou-a a arriscar no estrangeiro. Como a história já vai longa, avancemos até ao namo­rado português, que a Valeria por acaso co­nheceu no Peru, e que veio a ser, também ele, crucial. Curiosa sobre o nosso país e costumes, ela começou por vir duas vezes, uma delas pa­ra um estágio no Vila Joya, o primeiro duas es­trelas Michelin do Algarve.

Valeria está por Lisboa desde 2011, e há coisa de um ano des­cobriu que este é o seu lugar. A decisão implicou, até ver, deixar em banho-maria a carreira co­mo chefe-pasteleira e investir na abertura de um ateliê culinário no bairro de Arroios. O nome Las Cholas, que se reflete na decora­ção alegre, é uma homenagem às mulheres do Peru e aos ensina­mentos que recebeu delas, mas Valeria está confiante nas suas empanadas e nos alfajores.

Para os particulares, a encomenda míni­ma é de seis unidades, sendo possível, no ca­so das empanadas, pedir diferentes recheios. E se tudo continuar a correr pelo melhor, como espera, é bem provável que daqui a pouco tem­po esteja a organizar os primeiros almoços e/ou jantares de degustação para grupos peque­nos no seu ateliê. Quem duvida?

 

Las Cholas
Rua José Barreiros, 20 (Arroios)
Tel.: 92774246
Web: www.facebook.com/lascholaslisboa
Aceita encomendas de segunda a sábado
Preço: 1/1,70 euros por unidade (alfajores/empanadas) mín.6

 




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