Lisboa: Provar receitas do século XIX no italiano de São Bento

O restaurante L’Artusi segue o antigo manual de Pellegrino Artusi, que compilou o verdadeiro receituário italiano num livro com 790 entradas. Aqui prova-se a cozinha tradicional italiana como ela realmente é.

Estreou-se em abril de 2016, numa ruazinha secundária para os lados de São Bento, mas tarda em dar-se a conhecer a um público maior. A culpa é, porventura, do excesso de discrição do italiano Paolo Morosi, proprietário e mentor, cuja preocupação até à data foi conseguir reproduzir no seu L’Artusi, não só a atmosfera (leia-se, «decoração»), mas sobretudo uma pequena parte do receituário levantado, no final do século XIX e início do século XX, pelo gastrónomo Pellegrino Artusi.

Ao todo, são 790 receitas de cozinha tradicional italiana provenientes de todas as regiões, uma diversidade que não intimidou Paolo. A sua ligação ao manual culinário «A ciência na cozinha e a arte de comer bem» – entre nós, o paralelo será o «Livro de Pantagruel» ou a recolha feita por Maria de Lourdes Modesto em «Cozinha tradicional portuguesa» – não é de hoje. Tal como não é o seu contato com a língua portuguesa, pois antes de se estabelecer em Lisboa viveu e trabalhou em hotelaria no Brasil – de onde é, aliás, originária a sua filha Isaura, que o acompanha nesta aventura.

O propósito de servir pratos o mais possível fiéis à matriz italiana agradou à comunidade local de expatriados. Aos poucos, porém, os portugueses deixam-se igualmente tentar pela ideia de degustar as coisas como realmente é suposto elas serem.

Por isso mesmo, neste L’Artusi, quem coloca a mão na massa não tem margem de manobra para recriar ou dar largas à imaginação, a não ser num ou noutro caso pontual em que, por força das circunstâncias ou dos paladares atuais, seja preciso mudar algum ingrediente ou procedimento. Diferenças mínimas.

Entre as receitas eleitas, destaque para o ossobuco, a língua de vitela com molho picante, os tortellini de carne de pombo, a raia ensopada ou o bacalhau agridoce. E por falar em doce, depois de sobremesas como o gelado de Amaretti, é avisado guardar apetite, em homenagem a Portugal, para uma laranja com açafrão como digestivo.

 

Sobre Pellegrino Artusi
Não era cozinheiro, mas sim um comerciante apaixonado pela gastronomia. Em «La scienza in cucina» e «Arte di mangiar bene» reúne 790 receitas de todas as regiões de Itália. Mais do que apenas modos de preparação, Artusi deixou um legado histórico.

 

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