De Lisboa a Almada de helicóptero para ir almoçar

O restaurante da Quinta do Tagus mudou. Com o chef Luís Barradas ao leme, abraça agora uma maior diversidade culinária – sem perder o sentido do Oriente. Nem abrir mão da vista de primeiro balcão sobre o lado ocidental de Lisboa.

Fica do outro lado do Tejo, mas está a um pulo de Lis­boa. E, se quisermos, a ex­pressão pode ser tomada à letra: graças à parceria com a Lis­bon Helicopters pode‑se levantar do heliporto de Algés e aterrar 5 minutos depois na plataforma em­pedrada da Quinta do Tagus. Mas também há o pulinho metafórico: cruza‑se a ponte de carro e, ao ca­bo de 10 minutos, já se está de co­po de vinho na mão, a saborear a vista mais privilegiada que se po­de ter da zona ocidental de Lisboa.

Os fãs de sushi de imediato re­conhecerão o sítio. Este cabeço ro­deado de pinheiros e olival, a um mundo de distância do fervilhar de Lisboa, foi até março último morada do Tagus by Sushic. Entretanto, a gerência do hotel boutique decidiu tomar sob sua alçada o res­taurante e expandi‑lo a outras co­zinhas. Uma decisão motivada pela duração média da estada dos seus hóspedes, de forma a dar‑lhes mais opções à mesa.

O receituário nacional passou a fazer parte da ementa, quer nos menus do dia, ditados pelo que o chef encontra no mercado, quer na secção exclusive experience, em que, com 24 horas de ante­mão, quase todos os pedidos são satisfeitos. Aí há diversos cortes de carne na grelha (e a opção de es­colher a lenha), mariscadas, cabri­to no forno. Mas também ramen, rubata (grelhados) e kaiseki (alta cozinha), prova de que a Quinta do Tagus não perdeu de vista o Orien­te. Ou não fosse Luís Barradas co­zinheiro tarimbado nessa matéria – aprendeu em Londres, trabalhou com Paulo Morais, foi importador de produtos japoneses. Além de tu­do isto, Luís é de Setúbal, e conhece este mar entre o Sado e o Tejo como a palma da sua mão.

No frontispício da ementa, estão os menus de degustação: um de cozinha asiática, outro de portugalidades. Em queren­do o cliente, também se faz o jei­to de juntar um pouco de ambas no mesmo menu. Quer isto dizer que a um suinomono de sapatei­ra e a um copioso prato de sashi­mi – que, dite o mercado, pode ter pregado, carapau com gengibre e cebolo, vieira com lima, fataça do mar com yuzu, tataki de atum, sal­monete braseado – se pode suce­der, sem baralhar os sentidos, pre­gado com carolino de limão e sa­cocórnia. Ou um rico escabeche com asa de pregado em tempura. Pelo caminho, entre pratos de téc­nica apurada e criatividade aguça­da, surgem surpresas que elevam a experiência. Exalte‑se a ostra de dois anos, que Luís decompõe por peças, separando sabores e con­sistências: corpo, barbas, múscu­lo adutor e órgãos respiratórios. O ponto de partida ideal para quem julga não gostar de ostras. Todas as viagens precisam de um ponto de partida. Mesmo as metafóricas.

 

Almoço e voo
Dar um pulo de helicóptero a Almada, almoçar e regressar a Algés a tempo de voltar ao trabalho: a experiência em parceria com a Lisbon Helicopters, custa 295 euros para dois, almoço incluído.

 

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