Crítica: Uma porta franca às portas da cidade

A arte de se transformar em si próprio, acaba a Churrasqueira D. Pedro, na Ramada, de mostrar como se faz, após obras de ampliação consideráveis. Maravilha, agora abraça mais amigos de uma só vez, tratados nas palminhas como sempre.

Localização mais insólita é difícil imaginar, não foram as inúmeras churrasqueiras que os nossos de Angola e Moçambique instalaram nas bases dos prédios. Ainda existem, de resto, muitas. Só que esta, instalada na Ramada, Odivelas, nada tem a ver com esses tempos, nem há raízes familiares em África, mas há pontes de proximidade. Pedro Ferreira é o biónico e oficiante proprietário da casa, existente naquele sítio desde que em 1994 os seus pais ali instalaram a churrasqueira para vender frangos para fora, com êxito assinalável. Era ainda menino de nove anos, mas foi ali mesmo que cresceu, sempre em funções e sem nunca abandonar o posto. Hoje lidera a casa com mestria, o pai secunda-o na sala e na gestão de clientes, a mãe esteve aos fogões até há um par de anos, quando por razões de saúde teve de passar a um modo mais tranquilo. Mas mesmo assim está sempre por lá, o ambiente é genuinamente familiar.

O que se come então neste lugar único? Tudo. E o que apetece mesmo comer? Tudo e mais alguma coisa. Uma mesa copiosa com cama de gelo a meio da sala principal exibe os peixes e mariscos do dia, lá dentro, a seguir à novíssima sala dos avós, está a grelha à espera deles. Os pratos de forno e tacho que se vão disponibilizando ao longo da semana são de truz e bom talante culinário. Caso da vitela à moda de Lafões (9 euros) que sai nas terças felizes, quando não é coelho (9 euros) ou pato (9 euros). Quarta e Domingo são dias de cozido à portuguesa (9 euros), vem servido em travessas, sempre quente e basta explicar as peças da preferência, repete-se o que se quer. Quinta sai cabrito assado no forno (13,5 euros) como deus manda, sexta é dia de galinha de cabidela (8,5 euros) daquela que a gente gosta. Arroz de lingueirão (13 euros) de sonho no fim de semana, sendo que sábado é também dia da já famosa feijoada à transmontana (9 euros).

A justa homenagem aos costados de Dionísio Ferreira, o pai de Pedro, nascido nos granitos altos de Montalegre. Para lá dos pratos do dia, há três bacalhaus de conferência obrigatória, o D. Pedro (13 euros), cozido com grão (13 euros) e à Brás (14 euros). Claro que há sempre frango assado (11 euros) e imperdíveis são o bife à Dionísio (11 euros), frito à moda antiga, o piano na brasa (15 euros), peça de antologia superiormente processada, e a carne de porco à alentejana (12 euros), pura gulodice. A recomendação doce vai para a tarte de amêndoa (3 euros), a que apetece chamar caseira mas era preciso que houvesse mais casas assim. Grande carta e serviço de vinhos. Saímos vassalos deste D. Pedro, alma cheia, barriga consolada.

Classificação
O espaço: 4
O serviço: 4
A comida: 4,5

A refeição ideal
Cesta de broa com chouriço (3 euros)
Tábua de paio e queijo (6,5 euros)
Bacalhau à D. Pedro (13 euros)

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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