Restaurante Solar dos Duques, Lisboa

A cidade dos bairros já teve melhores dias, mas Campo de Ourique ainda é um bairro «a sério». E é lá que fica este valor seguro que é o Solar dos Duques.

A cultura de vizinhança, a pequena loja, a certeza de poder encontrar por ali o essencial para a vida, tudo isso lhe confere a Campo de Ourique uma unidade que outros bairros estão cada vez mais a perder. Na restauração, o bairro é hoje um marco lisboeta, com uma bela e diversificada oferta – das tascas a restaurantes com maior sofisticação. O Solar dos Duques é por ali, desde há bastante tempo, um valor que tenho sempre por seguro. Passo por lá muito, nunca saí de lá insatisfeito.

Cultiva uma cozinha tradicional com toque marcadamente alentejano, com alguma ambição na diversidade, a preços que são razoáveis para a qualidade oferecida. Tem um serviço profissional, num espaço modernizado, agradável. Para muitos, tem ainda uma virtualidade única: pode-se fumar em todo o restaurante, graças a uma ventilação muito eficaz. À hora de almoço, o “Solar”, que tem 50 lugares, está quase sempre cheio, com uma clientela fiel, mas aconselharia uma prévia reserva telefónica, em qualquer circunstância.

Olhando a lista, anotam-se, nas entradas, queijos alentejanos, ovos mexidos com farinheira, cogumelos recheados, empadinhas e chamuças, para além do paínho de porco preto e um presunto ibérico. Optámos, desta vez, pelo bom queijo fresco de Serpa e pelos peixinhos da horta, que sempre agradam por ali. Havia também ameijoas à Bulhão Pato e gambas “al ajillo” (quando aprenderão os nossos restaurantes, de uma vez por todas, a escrever isto de forma correta?) e uma oferta de marisco.

Nos pratos principais seguimos os “do dia”, e não nos arrependemos. Os pilins com salada russa, o borreguinho no churrasco com batatinha e grelos, as puntilhitas fritas à algavia, os rins de vitela no churrasco com ovos mexidos e os pastéis de massa tenra com arroz malandrinho foram as nossas opções. E, posso assegurar, nenhuma delas deixou “ficar mal” o Solar. Boa qualidade dos produtos, uma adequada confeção, uma apresentação sóbria, sem pretensões, tempo de serviço muito razoável, para uma casa muito cheia. Nos peixes, havia por ali robalo, garoupa, pescada, pregado, bife de atum, além de ovas e choquinhos.

Nas carnes, para além dos bifes e do pica-pau, cuja carne costuma ser de muito boa qualidade, tinham opções de porco (lombinhos, secretos) e de borrego, bem como a alheira transmontana. Atento o “peso” da experimentação anterior, nas sobremesas só se provou um “crumble” com gelado. Mas, de prévias visitas, guardo boas recordações do fidalgo, das ameixas de Elvas, com ou sem sericaia, e de um pudim Abade de Priscos que não deslustra o nome. No restante, havia o habitual: leite crème, arroz doce, tarte de amêndoa, etc.

O “Solar dos Duques” tem uma boa carta de vinhos, a preços comuns nos restaurantes de Lisboa. Experimentámos, desta vez, o tinto a jarro da casa, da zona de Portalegre, aceitável para o preço moderado a que é vendido.

O “Solar dos Duques” faz parte dos nossos poisos habituais, em especial ao almoço. Por isso, o leitor que seguir esta nossa recomendação arrisca-se a que nos cruzemos por lá…

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