Mário Batista: «A coquetelaria é como a alta cozinha»

Nove dias, sessenta bares e centenas de cocktails para provar na capital. Já arrancou e decorre até 29 de abril a segunda Lisbon Cocktail Week. Por detrás dela estão Paulo Amado da Edições do Gosto e Mário Batista, um empreendedor no setor de bebidas, aqui entrevistado.

Num país de cerveja e vinho, que lugar ocupam os cocktails?

O cocktail não está ainda na moda em Portugal, está a dar os primeiros passos. Já caiu no esquecimento, já renasceu, e estamos perante outra época alta, muito por impulso da febre do gin tónico que está agora a atingir a sua maturidade. Os seus «early adopters» estão agora a transferir-se para outro tipo de bebidas como os cocktails, que complementam mais esta necessidade das pessoas se diferenciarem.

Não faltam eventos dedicados a bebidas. Ainda havia lacunas por preencher?

Existiam eventos para profissionais, daí eles estarem bem formados, a seguirem um rumo como os chefs de cozinha, interessados na matéria-prima e em todas as fases de produção. A coquetelaria é como a alta cozinha e, hoje, Lisboa não envergonha nenhuma outra capital com o seu nível de cocktails. Mas faltava um evento que agregasse barman, marcas, bares e que aproximasse a cultura do cocktail do público.

O público português está familiarizado com a coquetelaria?

É um universo muito desconhecido ainda. Até há uns anos a mixologia estava associada a bares de hotel, a uma geração antiga e a uma classe mais alta, mais inacessível. Até o trabalho de bartender era visto como um extra, para pagar as contas. Houve um enriquecimento profissional e o cocktail expandiu-se. A moda do gin tónico veio abrir várias portas, mostrar que o barman tem um papel no bar, que existe um ritual e que existem bebidas que valem o seu preço pelos seus ingredientes.

É esse o papel da Lisbon Cocktail Week?

O evento ajuda a pôr na montra estes profissionais e aproximá-los do público, que deve eleger a sua bebida favorita. No ano passado, elegemos com o público o Melhor Cocktail de Lisboa, tivemos cerca de 170 cocktails de autor a serem feitos numa semana. Mas acho que passámos ao lado da educação do consumidor a que nos propomos. Acabámos a 1.ª edição sem ensinar o que era um negroni, um cosmopolitan… Daí termos introduzido essa obrigatoriedade neste ano. Todos os bares aderentes devem criar um cocktail de autor, mas também um clássico.

Qual é o vosso papel na prevenção do consumo em excesso?

Temos uma parceria com a Associação Nacional de Bebidas Espirituosas para promover o bebacomcabeca.pt, um site que apela à moderação e onde cada um pode calcular as quantidades que deve ingerir de acordo com as suas características físicas. E incentivámos também os bares a criarem para este evento cocktails sem álcool, os chamados mocktails.


O que acontece na Lisbon Cocktail Week

Até 29 de abril, mais de 60 bares da capital criam bebidas de autor, clássicos e mocktails para o evento. No último dia será eleito o Melhor Cocktail de Lisboa, mas até lá, das 18h00 às 23h00, há concertos e dois cocktails pelo preço de um em todos os bares aderentes. Lista completa em lisboncocktailweek.pt

 

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