Lavradores de Feitoria recomendada pela ‘bíblia’ dos vinhos

A revista Wine Spectator - “bíblia” dos vinhos - considerou uma única empresa portuguesa entre os 30 produtores a descobrir no mundo. É a Lavradores de Feitoria, um caso de estudo no Douro por ter criado um consórcio de produtores de toda a região demarcada. A prova de que, também no mundo dos vinhos, a união faz a força.

É um modelo de sucesso que muitos olharam de lado. Agora, a Lavradores de Feitoria é a primeira empresa portuguesa a integrar a lista «Trinta produtores a descobrir no mundo», publicada, há dias, pela conceituada revista de vinhos Wine Spectator, dos EUA.

A Lavradores de Feitoria não é um produtor, mas um consórcio de produtores que criou uma empresa há 17 anos, resultado da união de quinze viticultores, donos de dezanove quintas, que, no conjunto, chegam a 600 hectares de vinha.

É um território descontínuo, distribuído por vários terroirs do Douro, desde o Baixo Corgo ou Douro Superior, e o modelo de produção inovou na região demarcada. Esta empresa tem 48 acionistas, em que se incluem os próprios funcionários – do adegueiro ao enólogo, passando pela CEO –, e uma quinta própria, em Sabrosa, (a 19ª na contagem), onde nascerá uma nova adega, com enoturismo.

Até lá, podem visitar-se algumas quintas de produtores da Lavradores da Feitoria e experimentar os vinhos nas suas provas. A Casa e Palácio de Mateus (visita e provas) e a Casa da Levada (turismo rural), em Vila Real, e a Casa dos Barros (turismo rural), em Sabrosa estão entre eles.

Ficou acordado desde o início que todos os participantes seriam donos da empresa mas que haveria um conselho de administração – e que este pensaria pela sua própria cabeça. «Foi uma revolução no Douro. Por alguma razão não foi replicado: é muito difícil juntar pessoas em Portugal», partilha a CEO e diretora comercial Olga Martins, que “correu” de Vila Real ao Porto para comprar a última edição da Wine Spectator.

Os próprios protagonistas referiram-se durante muito tempo à Lavradores de Feitoria como «projeto», recorda Olga. «Hoje é uma empresa sólida. Conseguimos provar, para dentro e para fora, que o modelo funciona», refere, assinalando que fazer bons vinhos a preços sensatos – feito que a crítica reconhece à Lavradores de Feitoria – foi sempre o objetivo.

A equipa de enologia e viticultura visita frequentemente as quintas – a maioria não tem técnicos residentes – e aconselha até na hora de escolher os produtos a aplicar na vinha, segundo explica o diretor de enologia, Paulo Ruão.

A vindima, da responsabilidade dos associados, é decidida em conjunto. «A empresa é deles mas nós somos compradores de uvas», esclarece Ruão. Este ano, contam enviar 10 mil garrafas para o mercado asiático, a nova aposta da Lavradores de Feitoria

Os vinhos da Feitoria

Momentos como a criação do Três Bagos Sauvignon Blanc, um vinho que abriu portas à empresa e às castas portuguesas no estrangeiro, foram marcantes no percurso da Lavradores de Feitoria.

Atualmente, produz vinhos de lote a partir de uma seleção das uvas das quintas, sob as marcas Lavradores da Feitoria Douro, Gadiva e Três Bagos. Nas gamas a que chama vinhos de terroir, orientados para refletir o caráter de uma determinada vinha, tem as marcas Meruge e Quinta da Costa das Aguaneiras.

A produção anual é de 600 mil a 800 mil garrafas por ano e, em 2016, foi exportada cerca de 70 por cento dela, sendo os principais compradores a Noruega, a Polónia e os Estados Unidos.

 

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