Um trilho por uma das primeiras linhas de caminho-de-ferro

Rodrigo Cabrita/GI
Dividida em dois troços, a Rota do Minério tem início na Mina de São Domingos e percorre a antiga linha de comboio até à aldeia ribeirinha do Pomarão, nas margens do Guadiana.

Durante cerca de 100 anos, aldeia da Mina de São Domingos serviu de base à mina com o mesmo nome, que aqui funcionou desde meados do século XIX até aos anos 60 do século passado. Em tempos a maior exploração de pirite da Península Ibérica, é hoje um dos mais importantes polos de arqueologia industrial do país. Nas suas ruas podem-se apreciar as antigas casas dos mineiros, em tudo contrastantes, na sua simplicidade, com o luxuoso quarteirão inglês, onde habitavam os administradores britânicos da mina.

Com partida do centro da aldeia, o trilho da Rota do Minério acompanha, ao longo de quase 20 km, a antiga linha de caminho-de-ferro, uma das primeiras construídas em Portugal, que servia para transportar o minério até ao porto fluvial do Pomarão. A meio, fica a paisagem lunar da Achada do Gamo. Era neste local, hoje totalmente em ruínas, que era moído o minério. O cenário parece saído de um filme de ficção científica, com as enormes escombreiras de pequenas rochas arroxeadas e alaranjadas a darem um toque pós-apocalíptico à paisagem.

O caminho prossegue depois até à vizinha localidade de Santana de Cambas, de onde se pode continuar até à aldeia ribeirinha do Pomarão, onde era embarcado o minério com destino ao norte da Europa. O velho terminal ferroviário encontram-se em avançado estado de degradação, mas a aldeia, edificada na encosta, junto à confluência do rio Chança com o Guadiana, ainda preserva todo o seu encanto, com as típicas casas em banda construídas em patamares pela encosta.

O Parque Natural do Vale Guadiana é considerado uma verdadeira meca para os observadores de, que aqui podem apreciar espécies como a águia de Bonelli, a águia-real, o bufo-real, a cegonha preta ou a última colónia urbana no país de peneireiro-das-torres, que habita na Vila de Mértola. Já nas zonas de planície ainda é possível encontrar aves de estepe como a abetarda (a maior ave terrestre voadora da Europa), o sisão, o cortiçol-de-barriga-negra, a calhandra-real ou o alcaravão.




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