Roteiro pela autêntica Afurada dos pescadores

Conhecida pela sua irreverência, a Afurada, uma pequena vila de pescadores na ponta de Gaia que toca o rio e o mar, está, discretamente, a tornar-se uma zona residencial alternativa. Mantendo o seu perfil piscatório e a alma agreste, a freguesia está a mudar e a ficar mais contemporânea.

Com lugares naturais de grande beleza, uma relação umbilical com o Douro (que vale a pena cruzar na barca Flor do Gás), um centro de memória muito interessante, bons restaurantes e ainda uma gente acolhedora que conversa a cada esquina, este é, sem dúvida, um passeio para se fazer sem pressa.

Nesta terra onde se parte do Douro para o Atlântico, homens e mulheres estão bem habituados aos riscos da vida no mar para trazer o pescado que lhes dá o sustento. A Afurada é uma freguesia com grande predominância no setor pesqueiro, do qual dependem mais de 500 famílias (tem cerca de 6500 habitantes), e a hospitalidade é uma das suas imagens de marca. O sol bate forte e, nesta mini-aldeia, jovens e menos jovens espraiam-se junto às soleiras das portas das casas, autênticas esplanadas privadas em espaço público, muitas delas já com o fogareiro preparado para a próxima refeição.

Sendo uma zona tão próxima do Porto e do centro histórico de Gaia, pode-se lá chegar de bicicleta e é nela que passeiam alguns turistas, enquanto espreitam hipóteses de locais para almoçar: embora seja desde há muito zona de eleição para os amantes de peixe grelhado, o incremento do turismo (que aqui ainda não é invasor) levou a que tenham surgido alguns novos lugares para comer.

Aqui e ali, uma peixaria, uma florista, um ou outro mini-mercado, um espaço de estética e cafés um pouco por todo o lado.

 

Aqui e ali, uma peixaria, uma florista, um ou outro mini-mercado, um espaço de estética e cafés um pouco por todo o lado. Tirando a restauração, o comércio não floresce por estas bandas mas os locais não se queixam: há muita oferta na chamada Afurada de Cima mas aqui é que se está bem.

Na Afurada, bom mesmo é passear por entre o bairro de pescadores, manter a cabeça para cima e observar os azulejos, muitos religiosos ou com motivos náuticos, tentar fazer alguma conversa para ouvir histórias de aventuras marítimas, e chegar-se um pouco mais ao leito do rio Douro, onde estão estacionadas as embarcações que levam os homens até ao sustento das famílias. Redes ao sol, algumas a ser remendadas, homens que fazem manutenção às embarcações, pequenas famílias amanham o peixe que vão servir às suas mesas. Para quem for de manhã cedo, ainda é possível assistir à chegada de alguns barcos. No Mercado local, pequeno mas honesto, vendem-se o peixe e frutas frescas. A Afurada ainda é autêntica e essa será talvez a sua maior qualidade.

Os curiosos pode passear-se junto às casas de aprestos, onde os pescadores guardam os seus materiais, e seguir até àquela que é outra das imagens de marca da zona, os muitos estendais construídos com paus, cordas e pedras.

 

Os curiosos pode passear-se junto às casas de aprestos, onde os pescadores guardam os seus materiais, e seguir até àquela que é outra das imagens de marca da zona, os muitos estendais construídos com paus, cordas e pedras. Sempre belos, com ou sem roupas a esvoaçar, e que não por acaso já foram objeto de milhares de fotografias. Mesmo ali ao lado, o já bem antigo lavadouro público, que há uns anos foi coberto por causa do frio dos meses de inverno, e ainda hoje usado pelas mulheres da freguesia. Os mais pequenos também não estão esquecidos e têm um colorido parque infantil para darem azo a todas as brincadeiras.

A Afurada é uma terra simples, mas partilha com a freguesia do Canidelo a Douro Marina, um edifício alvo e aparentemente altivo mas que está aberto a todos. Porto de recreio com 300 lugares de amarração para embarcações, reúne um conjunto de serviços e atividades acessíveis ao público em geral. Para além de poder admirar-se os barcos de maior ou menor dimensão ali atracados, esta infraestrutura inclui lojas e esplanadas, serviços para passeios de stand-up paddle ou de veleiro, uma academia de vela e ofertas de restauração sofisticadas, como é o caso do restaurante Carvão. Mas há outros, de peixe fresco e não só, na vila (ler em baixo).

A Afurada é uma terra simples, mas partilha com a freguesia do Canidelo a Douro Marina, um edifício alvo e aparentemente altivo mas que está aberto a todos.

 

Depois da hora do almoço, é a hora a que a Afurada se enche de mais gente. Esplanadas e restaurantes parecem acolher de bom grado o frenesim e o mesmo podem dizer Ofélia e Maria João, mãe e filha, que observam o movimento a partir de duas cadeiras junto à soleira da porta de casa. «Aqui houve um desenvolvimento muito grande depois das estradas novas. Restaurantes e cafés, também há muitos, e dá para todos», congratulam-se. Às duas afurandenses também agrada, «porque isto antes era uma coisa muito morta, só havia lojas para os homens beberem um copinho».

E se é bom ir à Afurada todo o ano, vale a pena fazer outro reconhecimento durante a animada festa de S. Pedro, o padroeiro da freguesia, que todos os anos leva ali milhares de pessoas para assistir ao fogo-de-artifício, a 29 de junho. A festa dura vários dias e um dos momentos imperdíveis é a procissão no mar com o andor do Sagrado Coração de Jesus. Tome já nota deste pretexto para regressar.

COMER E BEBER EM TERRA DE PESCADORES

Fica na moderna marina, entre a Afurada e Canidelo, o restaurante CARVÃO, um espaço centrado no peixe mas também na carne, sempre à base de grelhados. No espaço de Filipe Morais, que se divide ao longo de dois pisos envidraçados, a carta é elaborada pelo chefe Luís Américo. A zona térrea, onde pode apenas beber um copo, como por exemplo “o melhor gin tónico” (7€), torna-se em espaço ao ar livre durante os meses de verão. Há peixe a carvão, cataplanas, posta marmoreada e costeletão maturado, entre outras opções. O proprietário é também dono do FORNERIA SÃO PEDRO, uma pizzaria ali bem próximo onde tudo se faz em forno a lenha.

De volta ao centro da freguesia, difícil é escolher onde satisfazer a gula. No exterior do CAFÉ VAPOR os grelhadores não param de libertar odores do peixe mais saboroso. Aqui tudo é à base de grelhados e a porta só fecha ao domingo à noite. É um local popular, um café com várias mesas no exterior, e os pratos do dia (carne a 5€, peixe a 6€) levam muita gente até à casa.

Logo ao virar da esquina, está um dos mais concorridos restaurantes da Afurada, a TABERNA DE SÃO PEDRO. À sala original, foi acrescentado um espaço com dezenas de mesas. É grande mas não deixa de ser aprazível, também fruto da luz natural que penetra sem reservas. Na mão da mesma família há mais de 30 anos, recebe “desde o português até ao australiano”, atraídos pela qualidade a preços atrativos. Também aqui, sempre à base do peixe grelhado.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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